(à Faena Figueiredo Rossilho)
Dois anos de carinhos e de espinhos,
De calores, de dores e de flores,
Palmas, calmas, traumas, certezas
E incertezas nessas nossas almas,
Simplicidades, complexidades,
Necessidades, multiplicidades,
Dois anos, mais de setecentos dias
De incontáveis emoções e alegrias,
Com carícias e delícias,
Mágicas, místicas, músicas,
Dois anos com brinco e com afinco,
Pra compor o que for, com cor e com amor.
IJS
*
domingo, junho 29, 2014
segunda-feira, junho 23, 2014
POR UMA VIDA INTEIRA
(ao Rodrigo Madeira --
e à Luciana Cañete, ao Fernando Koproski, ao Alexandre França, ao Luiz Felipe Leprevost, à Marilia Kubota, à Marilda Confortin, ao Thadeu Wojciechowski, ao Sérgio Viralobos, ao Roberto Prado, à Monica Berger, à Luci Collin, ao Marcelo Sandmann, ao Rodolfo Jaruga, ao Jaques Brand, ao Ricardo Pozzo, ao Adriano Scandolara, ao Adriano Smaniotto, ao Mario Domingues, e a quem mais se considerar)
Um verso por uma vida inteira.
Um verso inteiro por uma vida.
Qual a troca mais descabida:
a segunda ou a primeira?
Se os concretos abstraíram
e o(a)s marginais distraíram
veio uma outra geração?
Ou a poesia migrou
e minguou e morreu
na canção?
Pois é:
não.
A poesia nunca vai tarde
e aí estamos nós, ou a gente
na rede,
rimando o que sente ou quase nem sente
na cara e na coragem covarde
que o verso sempre vai e vem
e revolta
com
ou sem alarde.
ijs
...
e à Luciana Cañete, ao Fernando Koproski, ao Alexandre França, ao Luiz Felipe Leprevost, à Marilia Kubota, à Marilda Confortin, ao Thadeu Wojciechowski, ao Sérgio Viralobos, ao Roberto Prado, à Monica Berger, à Luci Collin, ao Marcelo Sandmann, ao Rodolfo Jaruga, ao Jaques Brand, ao Ricardo Pozzo, ao Adriano Scandolara, ao Adriano Smaniotto, ao Mario Domingues, e a quem mais se considerar)
Um verso por uma vida inteira.
Um verso inteiro por uma vida.
Qual a troca mais descabida:
a segunda ou a primeira?
Se os concretos abstraíram
e o(a)s marginais distraíram
veio uma outra geração?
Ou a poesia migrou
e minguou e morreu
na canção?
Pois é:
não.
A poesia nunca vai tarde
e aí estamos nós, ou a gente
na rede,
rimando o que sente ou quase nem sente
na cara e na coragem covarde
que o verso sempre vai e vem
e revolta
com
ou sem alarde.
ijs
...
segunda-feira, junho 16, 2014
ABC: uma Apresentação do Bloomsday em Curitiba (ou Para: compreender o Paraná?)
*
Antes de tudo, esse texto é para celebrar a data, paradoxalmente fundamental para as literaturas curitibana, paranaense, brasileira e universal, tanto quanto para a irlandesa.
Sim: 16 de junho é o Bloomsday, e se você não sabe do que se trata, a Wikipédia está aí também para isso. O importante para nós aqui e agora é que, desde que o Dalton Trevisan (que fez 89 anos anteontem) publicou na sua revista Joaquim um trecho do Ulysses de James Joyce (não creditou a tradução do trecho, que está no número 4 da revista, mas presume-se que foi ele, Dalton, o tradutor), e desde que o Paulo Leminski publicou seu livro-emblema Catatau, catatotalmente sob o influxo do Finnegans Wake daquele mesmo James Joyce, tais gestos (entre outros) foram estabelecendo um grau de parentesco, uma familiaridade bem tipicamente curitibana, irlandesa, paranaense, inglesa, brasileira, ou -- numa palavra: humana.
Mas eu talvez começasse melhor ainda explicando o título alternativo desse texto: "Para: compreender o Paraná?"
Em idos do milênio passado, meu amigo e parente [primo de minha mãe em terceiro grau] Hélio Puglielli publicou um pequeno livro de breves textos, intitulado "Para comprender o Paraná". O aproveitamento aqui é para expor uma característica fundamental "nossa", como paranaenses, brasileiros, e até -- enfim: humanos.
Chegaremos ao ponto: paciência. Com o novo acordo ortográfico, foi suprimido o acento diferencial, mas (humanos, demasiadamente) só nalguns casos, como esse da palavra "para", quando é verbo, por exemplo em frases como "ele não para de escrever", ou em "o Paraná para para a explicação", o que dificulta assim a desambiguação com a preposição "para", sacaram?
Enfim: para com isso, Ivan! Compreender o Paraná? E estou parando mesmo, mas para, além de propor uma compreensão do Paraná, explicar Joyce, Leminski, Dalton, e tudo mais...
Sim: porque hoje é o Bloomsday, e esta será talvez mais uma única última chance minha de tais explicações, então passemos a um ponto nevrálgico: uma ocasião em que Leminski foi gravado mencionando o nome do Hélio Puglielli. Foi numa entrevista ao jornalista Aramis Millarch, e pode ser ouvida clicando aqui.
Atenção: são 4 horas de gravação, e a partir da segunda hora o nível da conversa começa a escorregar, pois Leminski atinge um pico alcoólico e aí... Aí a certa altura, sem mais censura, ele se refere ao meu caro Helio Puglielli. Mas não é muito elogioso. De qualquer modo, para tudo de novo -- é esse fato de falar mal a característica fundamental do paranaense, do curitibano, do irlandês, do ser humano?
Quero confiar que não: mas é uma das formas de nos irmanarmos e nos identificarmos a todos. Temos origens todas compartilhadas e que se imbricam no fenômeno da vida, nos tornando uma família planetária: isso pode ser percebido melhor, se em vez de nos referirmos à raça paranaense, passarmos essa referência, por exemplo, à literatura paranaense...
Sim: você pode me dizer: a armadilha está armada: quem procura estabelecer um senso de origem, uma separação e definição desse tipo, está a um milímetro do fascismo. Mas eu sou paranaense (sem tanto orgulho, mas com muito amor) e digo: sim, só que a percepção da diferença, ou a tentativa de especialização, acabam por nos fazer perceber a relatividade disso, especialmente num caso como o do Paraná: humanamente, brasileiramente, e até mesmo ortograficamente (tão esquizofrênica e confusa quanto nossa brasilidade expressa na língua portuguesa, humanamente bagunçada e organizada desse jeito), enfim: sim: vivenciamos uma condição de busca de origens, de mitos de unidade, e afinal de contas, de percepções de diversidade, biológica, política, artística -- e assim começamos a nos compreender mesmo a partir dessas percepções.
Enfim: sim: eu pretendia escrever muito mais, mencionar muito mais gente, especialmente gente ainda mais contemporânea na "literatura curitibana", feito o Adriano Scandolara (italiano? curitibano? joyciano?), que postou uma beleza de texto sobre Joyce hoje aqui neste blog Escamandro mencionando aí o também tradutor agora bastante notório de Joyce, Caetano Galindo -- enfim: mas sim: vamos concluir: está tudo relacionado, minha/sua/nossa/outra/toda gente: a mistura de culturas é o que faz a cultura, e a vontade de cercar e definir uma "literatura paranaense" deve incluir e adotar o fato cultural de que esta literatura é formada/deformada/influenciada/engolida/cercada por todas as outras, especialmente neste estado constituído de misturas, mas caracteristicamente em toda a face do planeta -- e quiçá fora dele...
E assim: sim: tudo se explica, não?
Mas parece que tem um evento acontecendo também aqui em Curitiba que também pode explicar isso de certa forma, mas me falhou agora a memória qual é... De qualquer modo: bola pra frente!
...
Antes de tudo, esse texto é para celebrar a data, paradoxalmente fundamental para as literaturas curitibana, paranaense, brasileira e universal, tanto quanto para a irlandesa.
Sim: 16 de junho é o Bloomsday, e se você não sabe do que se trata, a Wikipédia está aí também para isso. O importante para nós aqui e agora é que, desde que o Dalton Trevisan (que fez 89 anos anteontem) publicou na sua revista Joaquim um trecho do Ulysses de James Joyce (não creditou a tradução do trecho, que está no número 4 da revista, mas presume-se que foi ele, Dalton, o tradutor), e desde que o Paulo Leminski publicou seu livro-emblema Catatau, catatotalmente sob o influxo do Finnegans Wake daquele mesmo James Joyce, tais gestos (entre outros) foram estabelecendo um grau de parentesco, uma familiaridade bem tipicamente curitibana, irlandesa, paranaense, inglesa, brasileira, ou -- numa palavra: humana.
Mas eu talvez começasse melhor ainda explicando o título alternativo desse texto: "Para: compreender o Paraná?"
Em idos do milênio passado, meu amigo e parente [primo de minha mãe em terceiro grau] Hélio Puglielli publicou um pequeno livro de breves textos, intitulado "Para comprender o Paraná". O aproveitamento aqui é para expor uma característica fundamental "nossa", como paranaenses, brasileiros, e até -- enfim: humanos.
Chegaremos ao ponto: paciência. Com o novo acordo ortográfico, foi suprimido o acento diferencial, mas (humanos, demasiadamente) só nalguns casos, como esse da palavra "para", quando é verbo, por exemplo em frases como "ele não para de escrever", ou em "o Paraná para para a explicação", o que dificulta assim a desambiguação com a preposição "para", sacaram?
Enfim: para com isso, Ivan! Compreender o Paraná? E estou parando mesmo, mas para, além de propor uma compreensão do Paraná, explicar Joyce, Leminski, Dalton, e tudo mais...
Sim: porque hoje é o Bloomsday, e esta será talvez mais uma única última chance minha de tais explicações, então passemos a um ponto nevrálgico: uma ocasião em que Leminski foi gravado mencionando o nome do Hélio Puglielli. Foi numa entrevista ao jornalista Aramis Millarch, e pode ser ouvida clicando aqui.
Atenção: são 4 horas de gravação, e a partir da segunda hora o nível da conversa começa a escorregar, pois Leminski atinge um pico alcoólico e aí... Aí a certa altura, sem mais censura, ele se refere ao meu caro Helio Puglielli. Mas não é muito elogioso. De qualquer modo, para tudo de novo -- é esse fato de falar mal a característica fundamental do paranaense, do curitibano, do irlandês, do ser humano?
Quero confiar que não: mas é uma das formas de nos irmanarmos e nos identificarmos a todos. Temos origens todas compartilhadas e que se imbricam no fenômeno da vida, nos tornando uma família planetária: isso pode ser percebido melhor, se em vez de nos referirmos à raça paranaense, passarmos essa referência, por exemplo, à literatura paranaense...
Sim: você pode me dizer: a armadilha está armada: quem procura estabelecer um senso de origem, uma separação e definição desse tipo, está a um milímetro do fascismo. Mas eu sou paranaense (sem tanto orgulho, mas com muito amor) e digo: sim, só que a percepção da diferença, ou a tentativa de especialização, acabam por nos fazer perceber a relatividade disso, especialmente num caso como o do Paraná: humanamente, brasileiramente, e até mesmo ortograficamente (tão esquizofrênica e confusa quanto nossa brasilidade expressa na língua portuguesa, humanamente bagunçada e organizada desse jeito), enfim: sim: vivenciamos uma condição de busca de origens, de mitos de unidade, e afinal de contas, de percepções de diversidade, biológica, política, artística -- e assim começamos a nos compreender mesmo a partir dessas percepções.
Enfim: sim: eu pretendia escrever muito mais, mencionar muito mais gente, especialmente gente ainda mais contemporânea na "literatura curitibana", feito o Adriano Scandolara (italiano? curitibano? joyciano?), que postou uma beleza de texto sobre Joyce hoje aqui neste blog Escamandro mencionando aí o também tradutor agora bastante notório de Joyce, Caetano Galindo -- enfim: mas sim: vamos concluir: está tudo relacionado, minha/sua/nossa/outra/toda gente: a mistura de culturas é o que faz a cultura, e a vontade de cercar e definir uma "literatura paranaense" deve incluir e adotar o fato cultural de que esta literatura é formada/deformada/influenciada/engolida/cercada por todas as outras, especialmente neste estado constituído de misturas, mas caracteristicamente em toda a face do planeta -- e quiçá fora dele...
E assim: sim: tudo se explica, não?
Mas parece que tem um evento acontecendo também aqui em Curitiba que também pode explicar isso de certa forma, mas me falhou agora a memória qual é... De qualquer modo: bola pra frente!
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domingo, junho 15, 2014
Porque a minha namorada Faena esperava que eu escrevesse um poema sobre a abertura da copa, e também porque hoje é aniversário do meu pai, e também em pré-homenagem a James Joyce e Luci Collin e Samuel Beckett e Luiz Felipe Leprevost e Bento Cego e Batista de Pilar e Patativa do Assaré e quem mais chegar e ler e conseguir gostar.
*
Ali é nado.
Ali, nada.
Ali é nação.
Ali, alienação.
Aqui nem começa.
Aqui vem com essa.
Aqui o poema é peça.
Aqui peça e despeça.
Acolá: ninguém mais usa
Ou usa: botões da blusa.
Só termina. Quando acaba.
Lá pode ser nem ou não.
Amor. Morte. Temor. São.
Além do abismo: lá: uma aba.
...
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Ali é nado.
Ali, nada.
Ali é nação.
Ali, alienação.
Aqui nem começa.
Aqui vem com essa.
Aqui o poema é peça.
Aqui peça e despeça.
Acolá: ninguém mais usa
Ou usa: botões da blusa.
Só termina. Quando acaba.
Lá pode ser nem ou não.
Amor. Morte. Temor. São.
Além do abismo: lá: uma aba.
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