Alexandre Sergueievitch Pushkin
(Moscou, 06/06/1799 — São Petersburgo, 10/02/1837)
Ninguém soube quem era o Cavaleiro Pobre
Que viveu solitário, e morreu sem falar:
Era simples e sóbrio, era valente e nobre,
E pálido como o luar.
Antes de se entregar às fadigas da guerra.
Dizem que um dia viu qualquer coisa do céu:
E achou tudo vazio... e pareceu-lhe a terra
Um vasto e inútil mausoléu.
Desde então, uma atroz devoradora dama
Calcinou-lhe o desejo, e o reduziu a pó.
E nunca mais o pobre olhou uma só dama,
— Nem uma só! Nem uma só!
Conservou, desde então, a viseira abaixada:
E, fiel à Visão, e ao seu amor fiel,
Trazia uma inscrição de três letras, gravada
A fogo e sangue no broquel.
Foi aos prélios da Fé. Na Palestina, quando,
No ardor do seu guerreiro e piedoso mister,
Cada filho da Cruz se batia, invocando
Um nome caro de mulher,
Ele, rouco, brandindo o pique no ar, clamava:
“Lúmen coeli Regina!” e, ao clamor dessa voz,
Nas hostes dos incréus como uma tromba entrava,
Irresistível e feroz.
Mil vezes sem morrer viu a morte de perto.
E negou-lhe o destino outra vida melhor:
Foi viver no deserto... E era imenso o deserto!
Mas o seu sonho era maior!
E um dia, a se estorcer, aos saltos, desgrenhado,
Louco, velho, feroz, — naquela solidão
Morreu: — mudo, rilhando os dentes, devorado
Pelo seu próprio coração.
Versão brasileira:
Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac
(Rio de Janeiro, 16/12/1865 — 28/12/1918)
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