Não lembro se já postei aqui esta quadrinha,
mas vá lá:
tenho andado envenenado de paixão,
então tudo está valendo...
Entre náufragos da desgraça
uma moça em meu olhar veleja:
tomo três goles de cachaça
e viro um copo de cerveja...
A seguir cenas de mais uma fatia do gato...
quarta-feira, setembro 29, 2004
sexta-feira, setembro 24, 2004
Outro retalho de gato...
Gogó: O Gato Ator
Gogó é o Gato-Ator-de-Porta-de-Teatro.
Seu nome verdadeiro era um diabo a quatro
De se dizer: AS-PÁ-RA-GO. Então, de dó,
Passamos a chamá-lo apenas de Gogó.
De casaco surrado, ares de pobre boêmio,
Já teve uma trombose e a pata ainda lhe treme;
E o certo é que se foi, em moço, um songamongas,
Hoje não pega mais nem mesmo as camundongas.
Sombra do que ele (diz que) foi tempos atrás,
Quando – nome famoso – andava no cartaz.
Agora, se acompanha amigos para uns tragos
(Antes que alguém lhe fale em gotas e lumbagos)
Costuma lhes brindar – outro pagando a história –
Com seus casos do tempo em que viveu na Glória.
Pois época já houve em que foi Astro e atuou
No colo de Ziembinski e aos pés da Marineau.
Adora relatar o sucesso de certa Noite em que
Foi pre-miado (assim!) em cena aberta...
Mas seu papel genial, que lhe rendeu crachá,
Foi “Fanhofarofino, a Fera do Mafuá!”
(...)
Gogó é o Gato-Ator-de-Porta-de-Teatro.
Seu nome verdadeiro era um diabo a quatro
De se dizer: AS-PÁ-RA-GO. Então, de dó,
Passamos a chamá-lo apenas de Gogó.
De casaco surrado, ares de pobre boêmio,
Já teve uma trombose e a pata ainda lhe treme;
E o certo é que se foi, em moço, um songamongas,
Hoje não pega mais nem mesmo as camundongas.
Sombra do que ele (diz que) foi tempos atrás,
Quando – nome famoso – andava no cartaz.
Agora, se acompanha amigos para uns tragos
(Antes que alguém lhe fale em gotas e lumbagos)
Costuma lhes brindar – outro pagando a história –
Com seus casos do tempo em que viveu na Glória.
Pois época já houve em que foi Astro e atuou
No colo de Ziembinski e aos pés da Marineau.
Adora relatar o sucesso de certa Noite em que
Foi pre-miado (assim!) em cena aberta...
Mas seu papel genial, que lhe rendeu crachá,
Foi “Fanhofarofino, a Fera do Mafuá!”
(...)
quinta-feira, setembro 23, 2004
meu primeiro manual de instruções
instruções para esquartejar um gato:
1. pegue o gato no colo e cante:
Eu vou cortar em sete partes o meu gatinho
Depois separar cada parte em sete partes
E pegar as 49 partes devagarinho
E montar novamente o meu gatinho
2. massageie o gatinho com o pescoço pra cima
(ele, não você)
3. gema e ronrone alegro moderato
4. toque com o gato uma canção de gato, tipo
me alimentaram
me acariciaram
me aliciaram
o meu mundo era o apartamento
detefon almofada e prato
todo dia filé mignon
ou mesmo um bom
filé
de
gato.
5. reveja os filmes dos gremlins com seu gato
6. ponha meias no seu gato (mas nunca na frente de crianças:
crianças começam a por meias no gato ao verem adultos o fazendo)
7. neutralize sua cólica de riso e peça desculpas ao gato
8. chame o seu gato de chuvisco e saia fritando
9. lembre-se: ele tem nove vidas,
e você só pode erguer suas sobrancelhas e especular...
este blog não se responsabiliza por nenhuma conseqüência
1. pegue o gato no colo e cante:
Eu vou cortar em sete partes o meu gatinho
Depois separar cada parte em sete partes
E pegar as 49 partes devagarinho
E montar novamente o meu gatinho
2. massageie o gatinho com o pescoço pra cima
(ele, não você)
3. gema e ronrone alegro moderato
4. toque com o gato uma canção de gato, tipo
me alimentaram
me acariciaram
me aliciaram
o meu mundo era o apartamento
detefon almofada e prato
todo dia filé mignon
ou mesmo um bom
filé
de
gato.
5. reveja os filmes dos gremlins com seu gato
6. ponha meias no seu gato (mas nunca na frente de crianças:
crianças começam a por meias no gato ao verem adultos o fazendo)
7. neutralize sua cólica de riso e peça desculpas ao gato
8. chame o seu gato de chuvisco e saia fritando
9. lembre-se: ele tem nove vidas,
e você só pode erguer suas sobrancelhas e especular...
este blog não se responsabiliza por nenhuma conseqüência
agh
Gus: The Theatre Cat
Gus is the Cat at the Theatre Door.
His name, as I ought to have told you before,
Is really Asparagus. That´s such a fuss
To pronounce, that we usually call him just Gus.
His coat´s very shabby, he´s thin as a rake,
And he suffers, from palsy that makes his paw shake.
Yet he was, in his youth, quite the smartest of Cats –
But no longer a terror to mice and to rats.
For he isn´t the Cat that he was in his prime;
Though his name was quite famous, he says, in its time.
And whenever he joins friends at their club
(Which takes place at the back of the neighbouring pub)
With anecdotes drawn from his palmiest days.
For he once was a Star of the highest degree –
He has acted with Irving, he´s acted with Tree.
And he likes to relate his success on the Halls,
Where the Gallery once gave him seven cat-calls.
But his grandest creation, as he loves to tell,
Was Firefrorefiddle, the Fiend of the Fell.
(...)
Gus is the Cat at the Theatre Door.
His name, as I ought to have told you before,
Is really Asparagus. That´s such a fuss
To pronounce, that we usually call him just Gus.
His coat´s very shabby, he´s thin as a rake,
And he suffers, from palsy that makes his paw shake.
Yet he was, in his youth, quite the smartest of Cats –
But no longer a terror to mice and to rats.
For he isn´t the Cat that he was in his prime;
Though his name was quite famous, he says, in its time.
And whenever he joins friends at their club
(Which takes place at the back of the neighbouring pub)
With anecdotes drawn from his palmiest days.
For he once was a Star of the highest degree –
He has acted with Irving, he´s acted with Tree.
And he likes to relate his success on the Halls,
Where the Gallery once gave him seven cat-calls.
But his grandest creation, as he loves to tell,
Was Firefrorefiddle, the Fiend of the Fell.
(...)
domingo, setembro 19, 2004
AR ACNE FOBIA
Meus cabelos estão fugindo da cabeça.
E quem é ninguém pra censurá-los?:
é a atitude que se toma quando
o barco está afundando.
Minha garganta espectora
um plasma mais sólido,
mais escuro agora,
que sai na tosse como um bólido,
sem controle.
Sem noção.
São assim agora todas as minhas faculdades,
ações e atitudes:
gasto o dinheiro que não tenho
com estupefacientes e estúpidos entes.
Estou doente do pé:
unha e encravada
e fungo preto.
Sentimento pra mim é “sem ti”,
redução que tenta expressar o que senti
e sinto por estar longe de quem eu amo,
ou devo amar, ou acho que amo, ou...
Não sei.
É revoltante pra quem me conhece
ver essa carcaça ambulante,
que um dia já chegou perto de ser elegante,
galante, interessante
(isso ninguém deixa de ser, mas...),
e agora este doente:
QI de 140, mestre em literatura,
ganhando salário de lixeiro,
tropeçando a pé pela cidade,
só botando banca nesse baile de máscaras chamado internet.
Ontem foi o dia da última pessoa que faltava
me dizer umas verdades
sobre mim.
Depois de rechaçar e desapontar minha família,
negligenciar os amigos e o emprego
e ficar espalhando autopiedade,
agora o serviço está completo:
todo mundo vê a merda que eu estou fazendo
comigo mesmo,
mas pouca gente perde seu tempo me alertando:
e quando alguém o faz
(geralmente é minha mãe ou minha avó)
eu finjo que não é comigo
e me desculpo pensando que elas não sabem
toda a verdade.
Como se eu soubesse.
E agora ela também já “chaiben”.
Opa, ato falho, desculpem a nossa fale-a
(já dizia uma pessoa: falhei em tudo).
E no entanto hão pessoas
(é tão bonito errar assim,
agora estou achando tão bonito ser feio...)
e eu ia dizendo:
hão pessoas que ainda enganadas
me admiram graças
às minhas trapaças.
E ora vejam só que ditas coincidências:
duas delas aniversariam no mesmo dia
(próxima terça)
quando vou levar meu circo de horrores poético
a público, aqui no memorial dessa cidade cu-
riosa.
Isso sim é poesia a toda prosa.
E por falar em prosa, basta.
Eu ia falar também da agrura principal:
a coisa mais horrível que está acontecendo comigo
é superficial:
acne.
Mas não vou entrar nos detalhes mais sórdidos:
fica pra próxima postagem antinarcisista.
No próximo bloco:
poesia felina,
de novo e sempre.
E quem é ninguém pra censurá-los?:
é a atitude que se toma quando
o barco está afundando.
Minha garganta espectora
um plasma mais sólido,
mais escuro agora,
que sai na tosse como um bólido,
sem controle.
Sem noção.
São assim agora todas as minhas faculdades,
ações e atitudes:
gasto o dinheiro que não tenho
com estupefacientes e estúpidos entes.
Estou doente do pé:
unha e encravada
e fungo preto.
Sentimento pra mim é “sem ti”,
redução que tenta expressar o que senti
e sinto por estar longe de quem eu amo,
ou devo amar, ou acho que amo, ou...
Não sei.
É revoltante pra quem me conhece
ver essa carcaça ambulante,
que um dia já chegou perto de ser elegante,
galante, interessante
(isso ninguém deixa de ser, mas...),
e agora este doente:
QI de 140, mestre em literatura,
ganhando salário de lixeiro,
tropeçando a pé pela cidade,
só botando banca nesse baile de máscaras chamado internet.
Ontem foi o dia da última pessoa que faltava
me dizer umas verdades
sobre mim.
Depois de rechaçar e desapontar minha família,
negligenciar os amigos e o emprego
e ficar espalhando autopiedade,
agora o serviço está completo:
todo mundo vê a merda que eu estou fazendo
comigo mesmo,
mas pouca gente perde seu tempo me alertando:
e quando alguém o faz
(geralmente é minha mãe ou minha avó)
eu finjo que não é comigo
e me desculpo pensando que elas não sabem
toda a verdade.
Como se eu soubesse.
E agora ela também já “chaiben”.
Opa, ato falho, desculpem a nossa fale-a
(já dizia uma pessoa: falhei em tudo).
E no entanto hão pessoas
(é tão bonito errar assim,
agora estou achando tão bonito ser feio...)
e eu ia dizendo:
hão pessoas que ainda enganadas
me admiram graças
às minhas trapaças.
E ora vejam só que ditas coincidências:
duas delas aniversariam no mesmo dia
(próxima terça)
quando vou levar meu circo de horrores poético
a público, aqui no memorial dessa cidade cu-
riosa.
Isso sim é poesia a toda prosa.
E por falar em prosa, basta.
Eu ia falar também da agrura principal:
a coisa mais horrível que está acontecendo comigo
é superficial:
acne.
Mas não vou entrar nos detalhes mais sórdidos:
fica pra próxima postagem antinarcisista.
No próximo bloco:
poesia felina,
de novo e sempre.
quinta-feira, setembro 16, 2004
o eterno retorno do discípulo mestre
estivemos fora do ar
por motivos de ordem técnica
voltamos agora
com nossa programação normal
eu queria voltar contudo
(contudo, notaram? assim como
mas, no entanto, embora, entretanto, porém)
contudo o mundo vai rodando,
muitos e muitas à minha volta
vão escrevendo cada vez melhor
e mais, e mais, e
minha cabeça roda
eu volto
nessa poesia espontânea
e nem tão improvisada quanto eu queria
quanto eu queria
e quanto nada há que eu quero
então vou voltar às regras estabelecidas
e transformar isso aqui no bom e velho
querido diário virtual
lá vai
Querido diário virtual:
hoje já é quinta-feira, e agora eu te começo:
tenho que te contar que ontem fui a um show punk
com os replicantes, acid eaters e beijo AA força:
puxa, poguei tanto com os camarada e as minhas amiguinhas punk...
foi coisa de mosher mesmo: o pessoal até se cumprimentava
e quando um bebum caía muitas mãos o levantavam
fiquei triste e injuriado quando minha amiguinha mais querida
me derrubou do palco, lá pela altura do quarto mosh
sendo que o sexto e último foi o mais animal
animalesco
definitivamente
eu não cresço, meu caro e já velho diário.
Nunca mais cresço nessa vida,
enquanto isso faço e vivo poesia
só pra disfarçar:
se tem gente que gosta
então não é meramente uma bosta
mera mente bosta
ei, meu velho diário
não fique chateado, eu sei, era pra ser prosa
eu estou contudo não estou prosa
estou mais pra grosa
rosa
e goza
desculpe de novo, diário, se eu te maltrato
se não te escrevo bem é porque
não escrevo pra você
meu prezado diário
mas sim pra todo mundo
que pode me ler
Ah, voltando ao show punk:
eu caí seco de costas do palco pro chão
graças às mãozinhas e às garras
da minha amiguinha taninha
que estava bebinha
e se fez de desentendida
sorrindo
hoje ela nem se lembra mais
e eu também estava bem jonson
pra que remoer isso?
Eu te perdôo, amiguinha,
você tomou medidas disciplinares
adequadas:
eu precisava daquela queda
até o segurança agiu bem
deixando a turma subir e pular
à vontade...
a noite foi virando dia numa caminhada escura
de volta para a casa de recuperação
todas as recuperações que eu não fiz na escola
estou fazendo agora
e penso que ainda tenho alguns serviços militares nas costas
pra prestar
só que deve dar pra notar,
meu amado diário,
que o que eu gosto de escrever (você)
ninguém consegue me pagar
sai de graça
então entrego de graça
minha alma e sentidos
e espero não machucar muitos ouvidos
“muitos são os silêncios
poucos serão ouvidos”
aí sim: eduquei meu ouvido
no silêncio eterno dos versos
que nunca vou traduzir
ou não
***
esta era pra ser uma postagem prosaica
mas como de praxe fugiu do controle
transformando-se numa série de versos
além de qualquer freio
continuamos passando por
dificuldades
de ordem técnica
aguarde
enquanto consertamos nosso reator
você poderá fazer as seguintes conexões
adestramento de sensibilidade com
a professora mídia
*buzinada de alerta*
ah, sim
desculpem a nossa falha
voltaremos com nossa programação normal
dentro
de
instantes
por motivos de ordem técnica
voltamos agora
com nossa programação normal
eu queria voltar contudo
(contudo, notaram? assim como
mas, no entanto, embora, entretanto, porém)
contudo o mundo vai rodando,
muitos e muitas à minha volta
vão escrevendo cada vez melhor
e mais, e mais, e
minha cabeça roda
eu volto
nessa poesia espontânea
e nem tão improvisada quanto eu queria
quanto eu queria
e quanto nada há que eu quero
então vou voltar às regras estabelecidas
e transformar isso aqui no bom e velho
querido diário virtual
lá vai
Querido diário virtual:
hoje já é quinta-feira, e agora eu te começo:
tenho que te contar que ontem fui a um show punk
com os replicantes, acid eaters e beijo AA força:
puxa, poguei tanto com os camarada e as minhas amiguinhas punk...
foi coisa de mosher mesmo: o pessoal até se cumprimentava
e quando um bebum caía muitas mãos o levantavam
fiquei triste e injuriado quando minha amiguinha mais querida
me derrubou do palco, lá pela altura do quarto mosh
sendo que o sexto e último foi o mais animal
animalesco
definitivamente
eu não cresço, meu caro e já velho diário.
Nunca mais cresço nessa vida,
enquanto isso faço e vivo poesia
só pra disfarçar:
se tem gente que gosta
então não é meramente uma bosta
mera mente bosta
ei, meu velho diário
não fique chateado, eu sei, era pra ser prosa
eu estou contudo não estou prosa
estou mais pra grosa
rosa
e goza
desculpe de novo, diário, se eu te maltrato
se não te escrevo bem é porque
não escrevo pra você
meu prezado diário
mas sim pra todo mundo
que pode me ler
Ah, voltando ao show punk:
eu caí seco de costas do palco pro chão
graças às mãozinhas e às garras
da minha amiguinha taninha
que estava bebinha
e se fez de desentendida
sorrindo
hoje ela nem se lembra mais
e eu também estava bem jonson
pra que remoer isso?
Eu te perdôo, amiguinha,
você tomou medidas disciplinares
adequadas:
eu precisava daquela queda
até o segurança agiu bem
deixando a turma subir e pular
à vontade...
a noite foi virando dia numa caminhada escura
de volta para a casa de recuperação
todas as recuperações que eu não fiz na escola
estou fazendo agora
e penso que ainda tenho alguns serviços militares nas costas
pra prestar
só que deve dar pra notar,
meu amado diário,
que o que eu gosto de escrever (você)
ninguém consegue me pagar
sai de graça
então entrego de graça
minha alma e sentidos
e espero não machucar muitos ouvidos
“muitos são os silêncios
poucos serão ouvidos”
aí sim: eduquei meu ouvido
no silêncio eterno dos versos
que nunca vou traduzir
ou não
***
esta era pra ser uma postagem prosaica
mas como de praxe fugiu do controle
transformando-se numa série de versos
além de qualquer freio
continuamos passando por
dificuldades
de ordem técnica
aguarde
enquanto consertamos nosso reator
você poderá fazer as seguintes conexões
adestramento de sensibilidade com
a professora mídia
*buzinada de alerta*
ah, sim
desculpem a nossa falha
voltaremos com nossa programação normal
dentro
de
instantes
Assinar:
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