quarta-feira, agosto 31, 2005
PERIGO! WARNING! DANGER! KEEP OUT! EU AVISEI...
*baque surdo de um corpo no chão*
"haha, roubar uma postagem e postar do próprio computador da vítima... hehehe..." riu consigo silenciosamente o ladrão de postagens, enquanto abria mais uma janela do explorer...
alguns minutos depois...
"pronto: aqui está um poema pra encantar serpentes..."
Jardim de Jasmim
Para Augusto de Campos
Mar de pranto, monte de gemidos,
procuro uma primavera que me dê ouvidos,
luz para os meus olhos perdidos
e alívio para os males que maldigo.
Mas, traidor de mim mesmo, trago comigo
o amor-morte e suas bruxarias
que transformam em horror as maravilhas.
E para que o paraíso não apenas aparente
eu chego junto com a serpente.
Antes o frio do inverno venha congelar
o sol deste lugar
e a neve deixe prateada
a floresta a rir em minha face resfriada.
Mas para que possa padecer
o sofrimento sem desamor, deixe-me ser, amor,
como eu sou, sem tirar nem pôr,
milagre de mágoa
ou vale de lágrimas a fluir de um olho d'água.
Recolham então, amantes,
meu pranto-fel de amor
e comparem com prantos semelhantes
que mentem, se não têm igual sabor.
O coração não bate em todo olhar,
as lágrimas da mulher nem sempre são
a imagem real, a legítima expressão,
oh, sexo perverso, falsa mente-mulher,
a fêmea veraz que me assassine se puder.
Antonio Thadeu Wojciechowski
segunda-feira, agosto 29, 2005
Balanço do Perhappiness 2005 & outras bossas
Foi curto, mas foi bem bom: enchi bastante o saco nas mesas redondas, mas não estava surtado nem fora das condições normais de temperatura e pressão, então acho que não passei dos limites do suportável... Os destaques pra mim foram o meu amigo William Teca, que falou bem à vontade na mesa de abertura, e o Sílvio Back, que mandou bem os seus poemas eróticos na mesa redonda final: e também, claro, a bela artista Ana Clara, que, acompanhada pelo pianista virtuose Fábio Cardoso, perpetrou um belíssimo espetáculo poético, deixando meu corpo e alma babandos (assim mesmo: no plural verbal...)... Depois disso, no domingo, visitei um grande amigo, o poeta Márcio "Cobaia" Goedert, e tertuliamos bastante durante uma tarde de verão no inverno curitibano... Agora só falta você. |
quarta-feira, agosto 24, 2005
Singela homenagem aos 61 anos de Paulo Leminski
E os vencedores são:
"Chama o saci: Si si si si!"
(do poema Berimbau, de Manuel Bandeira)
"Parecia fora de si
a sílaba silenciosa."
(do poema Desencontrários, de Paulo Leminski)
Aplausos em tom de si maior, por gentileza...
terça-feira, agosto 23, 2005
Um poema de 1997, ainda atual
- Cuidado, ô seu pateta! -
alguém grita e me avisa.
Me desculpem: talvez eu seja um poeta,
mas nunca me livrei das mangas da minha camisa...
domingo, agosto 21, 2005
Postagem tripla
(sem contar a goleada do Atlético sobre o são paulo no sábado, que eu nem quero comentar agora, senão é capaz de eu ficar rouco e louco de novo com a gritaria e festejos...)
a) nesta semana acontecerá o Perhappiness: programação completa aqui.
b) frase da hora, colhida no blog do meu amigo Thadeu:
"Apesar de atleticano de nascença, muitos dos meus melhores momentos foram passados entre coxas."
José Alberto Trindade
c) poema espetaculoso feito a quatro mãos (duas com o copo e duas com o lápis) por este seu criado e o grande poeta curitibano Edílson Del Grossi, nos idos de 1993, no balcão do bar Dolores Nervosa, com a regra de que cada um faria apenas um verso por vez:
cadê o mote?
o mote é o bar
então não vale mais morrer
ou não beber até cair
se bobear de novo erguer
salvas de festim
dormir em pé
não é
tão difícil assim
do bode não vai soçobrar nada
o copo só termina quando acaba
e a conta é paga pela namorada
ou então dança
dança que barata não tem calo
pede outra já escorrendo pelo ralo
descola uma morena por tabela
a caminho da valeta
tanto presta esta
quanto aquela
às vezes pêndulo
às vezes badalo
ora ela fela
ora eu falo
uma sopa
um sopapo
uma sapa
e fim de papo
hahahaha
hohohoho
vamos parar por aqui
já rimamos à beça
rima que nunca termina
também não começa
fifteen men and a bottle of rum
cinco
quatro
dois
ops
três dois um
quinta-feira, agosto 18, 2005
Leminski nosso de cada dia no mês do cachorro louco
____________dá sorte
principalmente
________se for
algum
_______que
fale da morte
___como
quem
_______fale
___________de
____________amor
p. leminski
86
terça-feira, agosto 16, 2005
uma puta postagem a fuder
Putz, que merda, caralho, putaquepariu, que fóda, que puta buceta cabeluda do caralho de merda porra louca da gota serena...
Bem, vamos dizer que eu tenho algo a blogar (porra, atenção: o cara tá bêbado e tem algo a blogar: : :..............
Eu tinha que blogar faz tempo: senão vejamos:
Como?!?!?
Como?????????!!!!!!!!!!!!!
Como blogar o seguinte?:
a Tati (Tati Lemos, ex-vocalista da MORDIDA), pra quem eu dediquei uma postagem-letra (é especial postar letras de canção num blog, por mais banal que pareça) está em Londres (LONDRES = LONDON LONDON = SWINGING LONDON = onde moraram James Marshall Hendrix e Gustav Friedriech Mahler) onde houve algo difícil de explicar:
os caras grampearam um brasileiro com sete tiros na cabeça: porra: existe outra reação que não seja: putaquepariu!!!!!!!!!!!!!
Claro que houve um atentado terrorista e eu não bloguei nada disso (e houve um submarino, e uma nave espacial, e um assalto retirado duma história de Sherlock Holmes, e eu nem bloguei nada disso...)...........
Enquanto isso, em Gotham: não sei que merda é essa que não faz as pessoas surtarem todas duma vez: eu fico blogando sonetos, traduzindo poemas, assobiando como quem finge não estar participando dessa FÓÓDA toda...
Mas basta uma pequena dosagem suficiente no sangue e eu posto (com agudo ó) essa inqualificável puta agonia aqui dentro do peito: se era pra postar do meu time, então:
Time fodido: que tem que fazer 5 (CINCO) gols por jogo, porque vai tomar uns 3 ou 4 (nos bons tempos eu diria: É: É ISSO AÊ: TOMA TRÊS, FATURA CINCO: BELEZA......)....
Então: várias coisas que ocorreram não blogadas: mas o MAIS (plus ultra) tem que blogar: estava de ressaca mortal de um dia inteiro e vi o pronunciamento do presidente: a cada 3 (TRÊS) frases o cara tinha que virar a página: que merda: é o retrato perfeito: um apedeuta presidente a provar que qualquer besta, qualquer grande mentecapto pode representar este país...
Bem, voltando para um clima mais palatável: gostaria de escrever a quem me leu até aqui que nada disso vale qualquer esforço: eu não vou blogar isso estou blogando isso que porra é blogar isso foda-se que estou blogando isso vá tomar no meio do seu cu que estou blogando isso sinta-se ofendido(a) que estou blogando isso e eu queria gentilmente blogar algo melhor que isso tipo: *golada de vinho*
sábado, agosto 13, 2005
OS NUNCAS. ESSES NUNCAS QUE SÃO NADA
Nadas de vida, nadas de alegria,
São nuncas a bradar a boca fria
Do tempo nunca em sempre disparada.
Nunca o teu beijo. Nunca será dada
A glória do teu ventre. Nunca o dia
De uma só noite nunca terminada
De amar-te como nunca. Dor vazia
Do passado, meu nunca. E do presente
O sempre nunca me apunhala; e à frente
Um futuro de nuncas que se junca;
E do clamor de sempre, nunca eterno,
Primavera, verão, outono, inverno,
Tu, sempre minha, tu, que és minha nunca!
Guilherme Figueiredo
quarta-feira, agosto 03, 2005
Inferno de portas abertas
ontem à noite coloquei minha filha num ônibus de volta pro Rio de Janeiro: seguiu-se um filme já visto: a primeira noite de um homem solitário.
Estou devendo umas contas no bar do Torto, o que é bom, por um lado, e muito ruim, por outro.
Estou devendo uma grana do conserto (não do concerto) de um violão na Chefatura, o que é totalmente ruim.
Estou devendo duas contas de telefone (ou melhor: seis): péssimo, péssimo...
Mas, por outro lado, inversamente, os dias que se aproximam prometem: é só arranjar a grana, pagar as contas, reencontrar as pessoas, voltar a trabalhar com palavras: vai ter lançamento da biografia do Torquato Neto aqui em Curitiba... E logo amanhã tem outro lançamento, de poemas do Bukowski traduzidos pelo meu amigo Koproski.
Nada mais a fazer a não ser dizer: let´s play that.
segunda-feira, agosto 01, 2005
Diálogo síntese
- Filha, vamos ler o livrinho dos Gatinhos Travessos?
- Vamos!
Leio o livro pra ela, e vemos as ilustrações juntos. Na contracapa está o anúncio dos outros títulos da coleção:
- Olha só, filha: você quer ler o dos Cachorrinhos Brincalhões?
- Quelo!
- E o dos Coelhinhos Saltitantes?
- Quelo!
- E o dos Pintinhos Graciosos?
Ela me olha, interrogativa. Sua mãe, que ouviu a conversa de longe, gargalha com o meu tom malicioso-ingênuo na pergunta: "E o dos Pintinhos Graciosos?"
A criança fica ainda mais confusa, e eu fico com aquela sensação de um certo alívio por enquanto, pressentindo o perigo no horizonte: daqui a dez anos acho que não vou lembrar disso dando risadas...