quinta-feira, fevereiro 23, 2006

TODA A VERDADE SOBRE O DESAPARECIMENTO DE IVAN JUSTEN SANTANA

Pois então: o que ocorreu mesmo foi que, após fechar seu botequinho predileto da rua Trajano Reis, Ivan se deparou com sua própria imagem espelhada no laguinho ali diante do cavalo-monumento do Largo da Ordem.

Nisso ele pressentiu algo e no que olhou pro lado viu se materializar uma ruiva estupefaciente (um olho verde, o outro furta-cor), de pele muito pálida e com um vestido preto que cobria apenas as partes mais insinuantes.

Ela disse vemcá com o indicador da mão esquerda, e no que Ivan fez menção de ir lá, uma luz cegante o abduziu até o interior duma cozinha hiperdimensional.

Enquanto um gato preto gigante com chapéu de mestre-cuca preparava iguarias inigualáveis, uma cadela trifauce identificou-se como a psicanalista, e cada uma das suas caras carrancudas fez a Ivan uma pergunta:

– Por que está aqui?
– Não sei, eu...
– Qualé a sua?
– É que eu...
– Você só pensa em si mesmo: é tudo eu, eu, eu?
– Mas eu...

Aí o gato bateu com uma colher no prato e numa explosão de trevas surgiu o anjo portador da luz, o qual determinou, apontando seu dedo inflamado para Ivan:

– Ficarás aqui até segunda ordem.
– Então tá, disse Ivan, encolhendo os ombros.

E foi assim que tudo aconteceu.

3 comentários:

Ivan disse...

Eu escrevi esse texto no dia 7 de outubro de 2003, no dia seguinte ao meu primeiro internamento numa clínica psiquiátrica:

entenderam o texto?

entenderam por que postei?

Nem eu.

Projeto Miolo Mole disse...

e eu aqui me perguntando: onde andará ivan justen? nas nuvens? debaixo de uns travesseiros de lava? mas vi que você só está dentro de si mesmo... como de costume...
estou com saudade de falar com vc... beijo

Roberto Prado disse...

Também não entendi. No meu caso, porque sou burro mesmo. Mas as minhocas da minha cachola fizeram uma conexão entre "clínica psiquiátrica" + "ruiva" (cabelo de fogo) com o local, onde existe a "cabeça-sem-mula" do Rafael Greca. Imagine só. Eu nem imagino o porquê do conflito da mula com a sua própria cabeça e da maldição que a substituiu por uma chama. E nem sequer suspeito a razão da cabeça, ao se separar do corpo e ir habitar o Setor Histórico, verter água pela boca. Eu, de minha parte, vou tentar continuar apagando os incêndios mentais com água da bica. Cabeça, irmão, cabeça.