dia da ressurreição do deus da sua civilização:
você se sente morrer como cristão
e como cidadão.
Você passa o domingo inteiro sem ver ninguém:
sozinho, sozinho totalmente,
você se sente morrer como gente,
você se sente morrer como pai,
filho, irmão, neto, primo, sobrinho e tio;
ainda mais complicado,
você se sente morrer como amor,
amante e amado;
você se sente morrer como torcedor,
como poeta, como amigo:
você se sente morrer consigo.
Você sente também que tudo que faz é falho:
você morre até como colega de trabalho.
Você sente enfim que morrer mesmo seria perfeito:
mas quem é você pra morrer tanto,
ou pra morrer de qualquer jeito?
Mortas as rimas, morre também a sua prosa:
é mole ou quer mais?
Bem: você se sente mole:
e por isso quer mais.
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3 comentários:
Se morrer nessa vida não é novo
tão pouco há novidade em estar vivo
Gostei do poema apesar do tom melancólico de quem está sentindo muita pena de si mesmo. Manda teu ego pra caixa-prego enquanto a morte não vem.
Passeando por teu blog. Muito bom Ivan. Parece que você fotografou a Páscoa de muita gente... inclusive a minha.
Bom te ler.
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