FRA bank to bank, fra wood to wood I rin,
Ourhailit with my feeble fantasie;
Like til a leaf that fallis from a tree,
Or til a reed ourblawin with the win.
De praia em praia, de selva em selva eu prossigo,
Alheio a tudo em minha fraca fantasia;
Feito a folha que cai do galho em hora fria,
Ou o arbusto que o vento arranca e vai consigo.
Twa gods guides me: the ane of tham is blin,
Yea and a bairn brocht up in vanitie;
The next a wife ingenrit of the sea,
And lichter nor a dauphin with her fin.
Dois divinos seres guiam-me: um deles, cego,
É ainda criança, vaidosa e arredia;
O outro é uma jovem da marítima via,
Veloz qual barbatana dum golfinho amigo.
Unhappy is the man for evermair
That tills the sand and sawis in the air;
But twice unhappier is he, I lairn,
That feidis in his hairt a mad desire,
And follows on a woman throw the fire,
Led by a blind and teachit by a bairn.
Infeliz é o homem, no infinito a vagar,
Que ara só em areia e semeia pelo ar;
Mas muito mais infeliz é aquele que avança
E alimenta no peito um insano querer,
E através do fogo vai atrás da mulher,
Guiado por um cego e seguindo uma criança.
Mark Alexander Boyd (1563-1601)
Ivan Justen Santana (1973 - ?)
sexta-feira, agosto 31, 2007
domingo, agosto 26, 2007
Este faz 93 anos hoje, apesar de ter morrido em 1984...
Poema
Amo-te por cada pestana, cabelo, debato-me contigo em corredores
branquíssimos de onde nascem fontes de luz,
luto contigo em cada nome, arranco-te com delicadeza de cicatriz,
vou colocando em teus cabelos cinzas de relâmpago
e espigas que dormiam à chuva.
Não quero que tenhas uma forma, antes que sejas
precisamente o que vem por detrás da tua mão,
porque a água, considera a água, e os leões
quando se dissolvem no açúcar da fábula,
e os gestos, essa arquitectura do nada,
acendendo suas luzes a metade do seu encontro.
Todas as manhãs são o quadro onde te invento, desenho,
e te apago, assim não és, nem
com esse cabelo caído, esse sorriso.
Procuro-te na tua totalidade, no copo onde o vinho
é também lua e espelho,
procuro esse limite que faz vibrar um homem
numa galeria de museu.
E quero-te, e faz tempo e frio.
Julio Cortázar, versão de manuel a. domingos
Amo-te por cada pestana, cabelo, debato-me contigo em corredores
branquíssimos de onde nascem fontes de luz,
luto contigo em cada nome, arranco-te com delicadeza de cicatriz,
vou colocando em teus cabelos cinzas de relâmpago
e espigas que dormiam à chuva.
Não quero que tenhas uma forma, antes que sejas
precisamente o que vem por detrás da tua mão,
porque a água, considera a água, e os leões
quando se dissolvem no açúcar da fábula,
e os gestos, essa arquitectura do nada,
acendendo suas luzes a metade do seu encontro.
Todas as manhãs são o quadro onde te invento, desenho,
e te apago, assim não és, nem
com esse cabelo caído, esse sorriso.
Procuro-te na tua totalidade, no copo onde o vinho
é também lua e espelho,
procuro esse limite que faz vibrar um homem
numa galeria de museu.
E quero-te, e faz tempo e frio.
Julio Cortázar, versão de manuel a. domingos
sexta-feira, agosto 24, 2007
63 anos de idade mas desde sempre...
Blade Runner Waltz
__Em mil novecentos e oitenta e sempre,
ah, que tempos aqueles,
__dançamos ao luar, ao som da valsa
A Perfeição do Amor Através da Dor e da Renúncia,
__nome, confesso, um pouco longo,
mas os tempos, aquele tempo,
__ah, não se faz mais tempo
como antigamente.
__Aquilo sim é que eram horas,
dias enormes, semanas anos, minutos milênios,
__e toda aquela fortuna em tempo
a gente gastava em bobagens,
__amar, sonhar, dançar ao som da valsa,
aquelas falsas valsas de tão imenso nome lento
__que a gente dançava em algum setembro
daqueles mil novecentos e oitenta e sempre
Paulo Leminski
__Em mil novecentos e oitenta e sempre,
ah, que tempos aqueles,
__dançamos ao luar, ao som da valsa
A Perfeição do Amor Através da Dor e da Renúncia,
__nome, confesso, um pouco longo,
mas os tempos, aquele tempo,
__ah, não se faz mais tempo
como antigamente.
__Aquilo sim é que eram horas,
dias enormes, semanas anos, minutos milênios,
__e toda aquela fortuna em tempo
a gente gastava em bobagens,
__amar, sonhar, dançar ao som da valsa,
aquelas falsas valsas de tão imenso nome lento
__que a gente dançava em algum setembro
daqueles mil novecentos e oitenta e sempre
Paulo Leminski
quinta-feira, agosto 23, 2007
SE O NÃO FOSSE AINDA
Se o não fosse ainda
E cada cinzeiro sofresse
Apenas por uma (e mesma) guimba
E a carne que não encontrara
Até aqui seu leito e seu mexer
Pudesse um (e apenas um) encanto entretecer
Eu te decantaria
Num único tom
E sempre nessa mesma levada
Todo esse todo amor todo
Que me acertou
Que não restou mais nada
E cada cinzeiro sofresse
Apenas por uma (e mesma) guimba
E a carne que não encontrara
Até aqui seu leito e seu mexer
Pudesse um (e apenas um) encanto entretecer
Eu te decantaria
Num único tom
E sempre nessa mesma levada
Todo esse todo amor todo
Que me acertou
Que não restou mais nada
segunda-feira, agosto 13, 2007
DREAM LIFE
VIDA DE SONHO
As if you descended in each night’s sleep
Into your father’s grave
You seemed afraid to look, or to remember next morning
What you had seen. When you did remember
Your dreams were of a sea clogged with corpses,
Death-camp atrocities, mass amputations.
Como se você descesse a cada noite de sono
Para dentro da sepultura do seu pai
Você parecia ter medo de ver, ou de lembrar na manhã seguinte
O que tinha visto. Quando você conseguia lembrar
Seus sonhos eram de um mar coagulado de cadáveres,
Atrocidades de campo de morte, amputações em massa.
Your sleep was a bloody shrine, it seemed.
And the sacred relic of it
Your father’s gangrenous, cut-off leg.
No wonder you feared sleep.
No wonder you woke, saying: ‘No dreams.’
Seu sono era um santuário sangrento, ao que parecia.
E a relíquia sagrada dele
A perna gangrenada e mutilada do seu pai.
Não espanta que você temesse o sono.
Não espanta que você acordasse, dizendo: “Sem sonhos.”
What was the liturgy
Of that nightly service, that cult
Where you were the priestess?
Were those poems your salvaged fragments of it?
Qual era a liturgia
Daquela missa noturna, aquele culto
Do qual você era a sacerdotisa?
Aqueles poemas eram seus fragmentos salvos dele?
Your day-waking was a harrowed safety
You tried to cling to – not knowing
What had frightened you
Or where your poetry followed you from
With its blood-sticky feet. Each night
I hypnotized calm into you.
Courage, understanding and calm.
Did it help? Each night you descended again
Into the temple-crypt,
That private, primal cave
Under the public dome of father-worship.
All night you lolled unconscious
Over the crevasse
Inhaling the oracle
That spoke only conclusions.
Seu dia acordada era uma segurança atormentada
À qual você se agarrava – sem saber
O que havia lhe assustado
Ou a partir de onde a sua poesia seguia você
Com seus pés sanguigrudentos. A cada noite
Eu hipnotizava calma em você.
Coragem, compreensão e calma.
Ajudava? A cada noite você descia novamente
Para dentro daquele templo-cripta,
Aquela privativa caverna primal
Sob a abóbada pública da adoração-ao-pai.
A noite toda você se debruçava inconsciente
Sobre a fenda
Inalando o oráculo
Que falava apenas conclusões.
Hackings-off of real limbs,
Smoke of the hospital incinerator,
Carnival beggars on stumps,
The gas-chamber and the oven
Of the camera’s war – all this
Was the anatomy of your God of Sleep,
His blue eyes – the sleepless electrodes
In your temples
Pedaços decepados de membros reais,
Fumaça do incinerador do hospital,
Mendigos carnavalescos em cotos,
A câmara de gás e o forno
Da guerra da câmera – tudo isso
Era a anatomia do seu Deus do Sono,
Os olhos azuis dele – os eletrodos insones
Nas suas têmporas
Preparing his Feast of Atonement.
Preparando o Bacanal de Redenção dele.
Ted Hughes
Ivan Justen Santana
As if you descended in each night’s sleep
Into your father’s grave
You seemed afraid to look, or to remember next morning
What you had seen. When you did remember
Your dreams were of a sea clogged with corpses,
Death-camp atrocities, mass amputations.
Como se você descesse a cada noite de sono
Para dentro da sepultura do seu pai
Você parecia ter medo de ver, ou de lembrar na manhã seguinte
O que tinha visto. Quando você conseguia lembrar
Seus sonhos eram de um mar coagulado de cadáveres,
Atrocidades de campo de morte, amputações em massa.
Your sleep was a bloody shrine, it seemed.
And the sacred relic of it
Your father’s gangrenous, cut-off leg.
No wonder you feared sleep.
No wonder you woke, saying: ‘No dreams.’
Seu sono era um santuário sangrento, ao que parecia.
E a relíquia sagrada dele
A perna gangrenada e mutilada do seu pai.
Não espanta que você temesse o sono.
Não espanta que você acordasse, dizendo: “Sem sonhos.”
What was the liturgy
Of that nightly service, that cult
Where you were the priestess?
Were those poems your salvaged fragments of it?
Qual era a liturgia
Daquela missa noturna, aquele culto
Do qual você era a sacerdotisa?
Aqueles poemas eram seus fragmentos salvos dele?
Your day-waking was a harrowed safety
You tried to cling to – not knowing
What had frightened you
Or where your poetry followed you from
With its blood-sticky feet. Each night
I hypnotized calm into you.
Courage, understanding and calm.
Did it help? Each night you descended again
Into the temple-crypt,
That private, primal cave
Under the public dome of father-worship.
All night you lolled unconscious
Over the crevasse
Inhaling the oracle
That spoke only conclusions.
Seu dia acordada era uma segurança atormentada
À qual você se agarrava – sem saber
O que havia lhe assustado
Ou a partir de onde a sua poesia seguia você
Com seus pés sanguigrudentos. A cada noite
Eu hipnotizava calma em você.
Coragem, compreensão e calma.
Ajudava? A cada noite você descia novamente
Para dentro daquele templo-cripta,
Aquela privativa caverna primal
Sob a abóbada pública da adoração-ao-pai.
A noite toda você se debruçava inconsciente
Sobre a fenda
Inalando o oráculo
Que falava apenas conclusões.
Hackings-off of real limbs,
Smoke of the hospital incinerator,
Carnival beggars on stumps,
The gas-chamber and the oven
Of the camera’s war – all this
Was the anatomy of your God of Sleep,
His blue eyes – the sleepless electrodes
In your temples
Pedaços decepados de membros reais,
Fumaça do incinerador do hospital,
Mendigos carnavalescos em cotos,
A câmara de gás e o forno
Da guerra da câmera – tudo isso
Era a anatomia do seu Deus do Sono,
Os olhos azuis dele – os eletrodos insones
Nas suas têmporas
Preparing his Feast of Atonement.
Preparando o Bacanal de Redenção dele.
Ted Hughes
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