Você traiu seus próprios sentimentos,
Brincou de vida feito nem ligasse,
Se fez de bobo e disse em versos lentos
Não conhecer nem mais a própria face.
Você prossegue com seu ego enorme
Como se a indulgência comprovasse
Que mesmo quando a consciência dorme
Uma terzina usada ainda a redime.
Você acredita que nesse uniforme
Sua poesia esconde qualquer crime,
Podendo mesmo se fazer verdade
E revelar a imagem mais sublime.
Porém a própria artificialidade
Que com desplante você leva adiante,
Não importando o quanto e a quem agrade,
Só se revela mesmo redundante.
Você devia era criar vergonha,
Em vez de se arvorar aos pés de Dante,
Substituindo essa ilusão bisonha
Por humildade em doses cavalares.
E se de fato você ainda sonha
Em superar contudos e apesares,
Vai ter que detonar seu egoísmo,
Purgando esses infernos pelos ares,
Vai ter que reencontrar o seu lirismo,
Ter mais pureza, não fazer mais cenas,
Atravessar abismo após abismo,
E, pelo jeito, as chances são pequenas.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
ivan,
comprei a montanha mágica, tô chegando junto.
e cada vez vez mais sapecando o jeito, basta um pouco mais de concentração na lógica das coisas.
Câmbio!
Postar um comentário