Eu podia comentar muito a respeito,
mas só o farei após comentários de vocês.
Gritem...
Mas antes leiam:
LETTERS MY PREZ IS NOT SENDING
Naomi Shihab Nye
(aqui tem ela declamando este)
CARTAS QUE MEU “PRESI” NÃO VAI ENVIAR
Caro Rafik, Sinto muito pela partida de futebol
à qual você não vai mais, pois agora você
não tem mais...
Cara Fawziya, Sabe, eu também tenho uma mamãe
então posso imaginar o que você...
Cara Shadiya, Pense em seu pai
versus a democracia, aposto que você escolheria...
Não, não, Sami, não é verdade
isso que você disse no ato público,
que nosso país odeia vocês,
nós realmente apoiamos seu movimento
pela liberdade,
e é por isso que você não tem mais
casa, nem família, nem vilarejo...
Caro Hassan, Se ao menos você pudesse ver
a situação sob um ângulo mais abrangente...
Cara Maria, Surpreende-me que você tenha
o que aqui chamaríamos de um nome cristão
já que você mesma...
Cara Ribhia, Sinto muito por aquele ataque cardíaco,
eu sei que deve ter sido difícil para você viver
a vida inteira sob uma ocupação,
estamos mandando somente mais algumas bombas agora
para fortalecer seus opressores,
mas algum dia esperamos que a paz reine na região,
sinto muito que você não vai estar aí para ver...
Caro Suheir, Sem dúvida vozes foram feitas para se erguerem,
você não percebe que estamos falando
pelos seus próprios interesses...
Caro Sharif, A violência é uma coisa errada
a não ser quando somos nós que a usamos,
por que é que isso não faz sentido...
Cara Nadia, Eu não sabia da
sua gaveta especial, eu também gosto
de guardar umas coisinhas que significam muito pra mim…
Caro Ramzi, Você realmente precisa parar de chorar agora
e seguir adiante com os seus afazeres...
Caro Daddo, Eu sei que 5 filhos pequenos
deve doer muito perder de um golpe só
mas não podemos suspender nossos esforços...
Cara Fatima, É claro que eu tenho sentimentos
pelo seu povo, meu colega de quarto
era do Líbano...
Caro Mahmoud, gostaria de ter tempo para
responder sua carta, mas você deve compreender,
a pilha de correspondência aqui está impossível
e cada vez aumenta mais...
Naomi Shihab Nye
versão brasileira: Ivan Justen Santana
terça-feira, julho 27, 2010
quinta-feira, julho 22, 2010
Abrindo a mão a um amigo
Hoje meu prezado camarada Felipe Arruda me mandou o seguinte poema, que traduzi e posto (com ó de admiração...).
Para mais informações sobre a autora, clique aqui.
Fechando o Punho
(Making a Fist, by Naomi Shihab Nye)
Pela primeira vez, na estrada norte de Tampico,
eu senti a vida deslizando para fora de mim,
um tambor no deserto, cada vez mais difícil de ouvir.
Eu tinha sete, deitada no carro, assistindo às palmeiras
trançarem um padrão enjoativo pelo vidro.
Meu estômago, um melão rachado dentro da minha pele.
“Como a gente sabe se já está morrendo?”
supliquei para minha mãe.
Viajávamos havia dias.
Com estranha confiança, ela respondeu:
“Quando a gente não consegue mais fechar o punho.”
Anos depois, eu sorrio ao pensar naquela viagem,
nas fronteiras que temos de cruzar separadamente,
estampadas com nossas aflições irrespondíveis.
Eu, que não morri, que ainda vivo,
ainda deitada no banco de trás das minhas perguntas,
cerrando e abrindo uma pequena mão.
Versão brasileira: Ivan Justen Santana
Para mais informações sobre a autora, clique aqui.
Fechando o Punho
(Making a Fist, by Naomi Shihab Nye)
Pela primeira vez, na estrada norte de Tampico,
eu senti a vida deslizando para fora de mim,
um tambor no deserto, cada vez mais difícil de ouvir.
Eu tinha sete, deitada no carro, assistindo às palmeiras
trançarem um padrão enjoativo pelo vidro.
Meu estômago, um melão rachado dentro da minha pele.
“Como a gente sabe se já está morrendo?”
supliquei para minha mãe.
Viajávamos havia dias.
Com estranha confiança, ela respondeu:
“Quando a gente não consegue mais fechar o punho.”
Anos depois, eu sorrio ao pensar naquela viagem,
nas fronteiras que temos de cruzar separadamente,
estampadas com nossas aflições irrespondíveis.
Eu, que não morri, que ainda vivo,
ainda deitada no banco de trás das minhas perguntas,
cerrando e abrindo uma pequena mão.
Versão brasileira: Ivan Justen Santana
quinta-feira, julho 15, 2010
O Lorde Byron até que é bonitinho, mas ela...
é muito, mas muito mais.
Assim, dedico os versos seguintes a ela:
Gianna Maria Nadolny Roland
(e também ao nosso Byronzinho
que agora anda perambulando
na barriga dela...)
ELA ANDA EM CHARME
Ela anda em charme, como a noite negra
__De climas cálidos e céus sem par:
Todo o melhor que a luz à sombra agrega
__Encontra-se no seu perfil e olhar,
Mesclado àquela rutilância meiga
__Que o firmamento oculta ao dia alvar.
Uma penumbra a mais, um raio a menos,
__E então talvez tal graça se evolasse,
Que em cada trança, em balanços amenos,
__Flutua ou pousa sobre a sua face,
Onde os pensares doces e serenos
__Se expressam com simplicidade e classe.
E na maçã, no rosto radiante,
__Tão macio, tão calmo, mas eloquente:
Sorriso vencedor – rubor pulsante –
__Que diz de dias idos gentilmente,
Da mente em paz com tudo circundante,
__Do coração de amor sempre inocente!
She walks in beauty – Lord Byron
Versão brasileira: Ivan Justen Santana
Assim, dedico os versos seguintes a ela:
Gianna Maria Nadolny Roland
(e também ao nosso Byronzinho
que agora anda perambulando
na barriga dela...)
ELA ANDA EM CHARME
Ela anda em charme, como a noite negra
__De climas cálidos e céus sem par:
Todo o melhor que a luz à sombra agrega
__Encontra-se no seu perfil e olhar,
Mesclado àquela rutilância meiga
__Que o firmamento oculta ao dia alvar.
Uma penumbra a mais, um raio a menos,
__E então talvez tal graça se evolasse,
Que em cada trança, em balanços amenos,
__Flutua ou pousa sobre a sua face,
Onde os pensares doces e serenos
__Se expressam com simplicidade e classe.
E na maçã, no rosto radiante,
__Tão macio, tão calmo, mas eloquente:
Sorriso vencedor – rubor pulsante –
__Que diz de dias idos gentilmente,
Da mente em paz com tudo circundante,
__Do coração de amor sempre inocente!
She walks in beauty – Lord Byron
Versão brasileira: Ivan Justen Santana
sábado, julho 10, 2010
EM AQUE, EQUE, IQUE, OQUE, UQUE
Releitura dum soneto de Antônio José da Silva (Rio de Janeiro, 8 de maio de 1705 - Lisboa, 19 de outubro de 1739), conhecido como o Judeu, poeta e dramaturgo de sucesso, condenado pelo Santo Ofício e queimado vivo.
jogou o amor comigo um toque roque
mas no meu taco não é mais cacique
cem vezes lhe tangi com tal repique
que os ouvidos tapou ao som do toque
na batalha ao amor restou-lhe o choque
em trunfo de fineza pus-lhe aplique
e a vênus renegada que se explique
brindando-me com dama de reboque
projetem-se das opções todo um leque
senão me acham aqui burro e basbaque
furando outro estepe do calhambeque
descubra-se então dama sem dar traque
ou novamente encetarei no muque
esta mercedes que só guia fuque
jogou o amor comigo um toque roque
mas no meu taco não é mais cacique
cem vezes lhe tangi com tal repique
que os ouvidos tapou ao som do toque
na batalha ao amor restou-lhe o choque
em trunfo de fineza pus-lhe aplique
e a vênus renegada que se explique
brindando-me com dama de reboque
projetem-se das opções todo um leque
senão me acham aqui burro e basbaque
furando outro estepe do calhambeque
descubra-se então dama sem dar traque
ou novamente encetarei no muque
esta mercedes que só guia fuque
quinta-feira, julho 08, 2010
A HISTÓRIA DUMA GATA
Me alimentaram
Me acariciaram
Me aliciaram
__(A Gata)
Aquela gata tinha patas de susto,
um lombo lento, um porte augusto,
toda espécie de sabedoria empírica
e umas unhas de puta lascada –
nunca coçava o nariz
e era tão (ou mais) polida
quanto a persona lírica
daquela moça grilada
dos versos da Alice Ruiz.
Me acariciaram
Me aliciaram
__(A Gata)
Aquela gata tinha patas de susto,
um lombo lento, um porte augusto,
toda espécie de sabedoria empírica
e umas unhas de puta lascada –
nunca coçava o nariz
e era tão (ou mais) polida
quanto a persona lírica
daquela moça grilada
dos versos da Alice Ruiz.
sábado, julho 03, 2010
Em homenagem ao Dunga (o técnico e o personagem)
*
CORINGA: VOCÊ
Em pé sobre as águas forjando pães em miolos
Enquanto os olhos do ídolo brilham ferro em brasa
Navios distantes vogam em nevoeiros profundos
Você nasceu com serpentes nos punhos
Enquanto furacões sopravam
A liberdade ali na esquina espera você
Mas com a verdade tão longe, que bem pode fazer?
Coringa você dança ao som do rouxinol
A ave voa alto à luz da lua e do sol
Ô, ô, ô, ô-ô, coringa você
Tão veloz o sol se põe no céu
Você se ergue e diz adeus a ninguém
Os tolos se lançam onde anjos temem trilhar
Ambos os seus futuros cheios de horror
Não se expõe alguém
Descascando mais uma camada de pele
Um passo adiante do perseguidor dentro dele
Coringa você dança ao som do rouxinol
A ave voa alto à luz da lua e do sol
Ô, ô, ô, ô-ô, coringa você
Você é um homem de alturas, você anda nas nuvens
Manipula multidões, enrola sonhos e afãs
Você ruma a Sodoma e Gomorra
Mas pra que toda essa pachorra?
Lá ninguém desposaria as suas irmãs
Amigo do mártir e da dona do prostíbulo
Você inspeciona a fornalha, vê o rico já sem título
Coringa você dança ao som do rouxinol
A ave voa alto à luz da lua e do sol
Ô, ô, ô, ô-ô, coringa você
Pois é, o Livro do Levítico e o Deuteronômio
As leis da selva e do oceano são seu único guia
Na fumaça do luscofusco num garanhão leitebranco
Feições tais as suas só Michelangelo esculpiria
Descansando nos campos, longe do espaço tumultuoso
Semidormindo às estrelas, um cãozinho lambe-lhe o rosto
Coringa você dança ao som do rouxinol
A ave voa alto à luz da lua e do sol
Ô, ô, ô, ô-ô, coringa você
Pois é, o atirador atocaia os doentes e os mancos
O pregador, competindo, guarda os mesmos planos
Cassetetes e jatos d’água, gás lacrimogêneo e algemas
Coquetéis molotov e pedras sob todos os panos
Juízes hipócritas morrem nas teias que tecem
É uma questão de tempo até que as trevas se expressem
Coringa você dança ao som do rouxinol
A ave voa alto à luz da lua e do sol
Ô, ô, ô, ô-ô, coringa você
É um mundo cheio de sombras, os céus são cinzentos
Uma mulher pariu um príncipe e o vestiu de púrpura
Ele botará os padres no bolso, as lâminas nas forjas
Separará os órfãos de todas essas corjas
E os colocará aos pés de uma prostituta
Coringa você, você sabe o que quer mais
Coringa você, não mostra quaisquer sinais
Coringa você dança ao som do rouxinol
A ave voa alto à luz da lua e do sol
Ô, ô, ô, ô-ô, coringa você
Jokerman, Bob Dylan
Versão brasileira:
Ivan Justen Santana
CORINGA: VOCÊ
Em pé sobre as águas forjando pães em miolos
Enquanto os olhos do ídolo brilham ferro em brasa
Navios distantes vogam em nevoeiros profundos
Você nasceu com serpentes nos punhos
Enquanto furacões sopravam
A liberdade ali na esquina espera você
Mas com a verdade tão longe, que bem pode fazer?
Coringa você dança ao som do rouxinol
A ave voa alto à luz da lua e do sol
Ô, ô, ô, ô-ô, coringa você
Tão veloz o sol se põe no céu
Você se ergue e diz adeus a ninguém
Os tolos se lançam onde anjos temem trilhar
Ambos os seus futuros cheios de horror
Não se expõe alguém
Descascando mais uma camada de pele
Um passo adiante do perseguidor dentro dele
Coringa você dança ao som do rouxinol
A ave voa alto à luz da lua e do sol
Ô, ô, ô, ô-ô, coringa você
Manipula multidões, enrola sonhos e afãs
Você ruma a Sodoma e Gomorra
Mas pra que toda essa pachorra?
Lá ninguém desposaria as suas irmãs
Amigo do mártir e da dona do prostíbulo
Você inspeciona a fornalha, vê o rico já sem título
Coringa você dança ao som do rouxinol
A ave voa alto à luz da lua e do sol
Ô, ô, ô, ô-ô, coringa você
As leis da selva e do oceano são seu único guia
Na fumaça do luscofusco num garanhão leitebranco
Feições tais as suas só Michelangelo esculpiria
Descansando nos campos, longe do espaço tumultuoso
Semidormindo às estrelas, um cãozinho lambe-lhe o rosto
Coringa você dança ao som do rouxinol
A ave voa alto à luz da lua e do sol
Ô, ô, ô, ô-ô, coringa você
O pregador, competindo, guarda os mesmos planos
Cassetetes e jatos d’água, gás lacrimogêneo e algemas
Coquetéis molotov e pedras sob todos os panos
Juízes hipócritas morrem nas teias que tecem
É uma questão de tempo até que as trevas se expressem
Coringa você dança ao som do rouxinol
A ave voa alto à luz da lua e do sol
Ô, ô, ô, ô-ô, coringa você
Uma mulher pariu um príncipe e o vestiu de púrpura
Ele botará os padres no bolso, as lâminas nas forjas
Separará os órfãos de todas essas corjas
E os colocará aos pés de uma prostituta
Coringa você, você sabe o que quer mais
Coringa você, não mostra quaisquer sinais
Coringa você dança ao som do rouxinol
A ave voa alto à luz da lua e do sol
Ô, ô, ô, ô-ô, coringa você
Jokerman, Bob Dylan
Versão brasileira:
Ivan Justen Santana
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