Teu amor na treva: estrela,
no silêncio: melodia,
na brisa: a calmaria
abrigo: no furacão,
céu: poema: noite negra:
vendaval numa canção.
de ijs a ffr
quarta-feira, outubro 31, 2012
segunda-feira, outubro 29, 2012
NÃO VAMOS MAIS PRA BALADA (mais uma do Lord Byron)
Não vamos mais pra balada
__Tão tarde, na madrugada,
Bem que o peito ainda nos bata
__E a lua ainda vague, alta.
Se a espada gasta a bainha,
__E se a alma desgasta o peito,
Cansa um corpo que caminha,
__E o próprio Amor dorme em leito.
Bem que a noite a amar foi dada,
__E o dia retorne em regra,
Não vamos mais pra balada
__Sob a luz da lua negra.
texto original de Lord Byron:
So We'll Go No More A-Roving ---
versão brasileira e notívaga:
Ivan Justen Santana
__Tão tarde, na madrugada,
Bem que o peito ainda nos bata
__E a lua ainda vague, alta.
Se a espada gasta a bainha,
__E se a alma desgasta o peito,
Cansa um corpo que caminha,
__E o próprio Amor dorme em leito.
Bem que a noite a amar foi dada,
__E o dia retorne em regra,
Não vamos mais pra balada
__Sob a luz da lua negra.
texto original de Lord Byron:
So We'll Go No More A-Roving ---
versão brasileira e notívaga:
Ivan Justen Santana
* * *
VERSOS INSCRITOS NUMA TAÇA FEITA COM UM CRÂNIO HUMANO
(texto original: Lord Byron ---
versão século XXI:
Ivan Justen Santana)
Não te assustes! Aqui estou, em copo e alma;
__O único crânio (sem remédio)
Do qual, diverso da mente humana,
__Flui tudo menos tédio.
Vivi, amei, bebi, tal como tu:
__Morri: que a terra não me tenha;
Enche-me!--- já estou mais que nu;
__Antes teus lábios que os da tênia.
Antes ser taça a um bom espumante
__Que berço a um verme enroladinho;
Correr de boca em boca, sempre avante,
__Esquivo aos répteis, levando vinho.
Aqui talvez brilhou meu cérebro:
__Agora aos outros brindarei
E após---ó vida!---voar meu gênio
__Trago comigo vinhos de rei.
Bebe tu enquanto podes: outra raça,
__Quando restarem só os teus ossos,
Talvez também os tome e faça
__De ti uma taça e versos insossos.
Então por que não? Se a vida é breve
__E os nossos crânios já estão cheios disso,
Longe de argilas e beijos de vermes,
__Cumpram também tal sacro ofício.
...........................................................
versão século XXI:
Ivan Justen Santana)
Não te assustes! Aqui estou, em copo e alma;
__O único crânio (sem remédio)
Do qual, diverso da mente humana,
__Flui tudo menos tédio.
Vivi, amei, bebi, tal como tu:
__Morri: que a terra não me tenha;
Enche-me!--- já estou mais que nu;
__Antes teus lábios que os da tênia.
Antes ser taça a um bom espumante
__Que berço a um verme enroladinho;
Correr de boca em boca, sempre avante,
__Esquivo aos répteis, levando vinho.
Aqui talvez brilhou meu cérebro:
__Agora aos outros brindarei
E após---ó vida!---voar meu gênio
__Trago comigo vinhos de rei.
Bebe tu enquanto podes: outra raça,
__Quando restarem só os teus ossos,
Talvez também os tome e faça
__De ti uma taça e versos insossos.
Então por que não? Se a vida é breve
__E os nossos crânios já estão cheios disso,
Longe de argilas e beijos de vermes,
__Cumpram também tal sacro ofício.
...........................................................
Subitamente, numa segunda-feira de releituras, redescubro este poema:
A LAGARTIXA
Álvares de Azevedo (1831-1852)
A lagartixa ao sol ardente vive
E fazendo verão o corpo espicha:
O clarão dos teus olhos me dá vida,
Tu és o sol e eu sou a lagartixa.
Amo-te como o vinho e como o sono,
Tu és meu copo e amoroso leito...
Mas teu néctar de amor jamais se esgota,
Travesseiro não há como teu peito.
Posso agora viver: para coroas
Não preciso no prado colher flores,
Engrinaldo melhor a minha fronte
Nas rosas mais gentis dos teus amores.
Vale todo um harém a minha bela,
Em fazer-me ditoso ela capricha...
Vivo ao sol dos seus olhos namorados,
Como ao sol do verão a lagartixa.
Álvares de Azevedo (1831-1852)
A lagartixa ao sol ardente vive
E fazendo verão o corpo espicha:
O clarão dos teus olhos me dá vida,
Tu és o sol e eu sou a lagartixa.
Amo-te como o vinho e como o sono,
Tu és meu copo e amoroso leito...
Mas teu néctar de amor jamais se esgota,
Travesseiro não há como teu peito.
Posso agora viver: para coroas
Não preciso no prado colher flores,
Engrinaldo melhor a minha fronte
Nas rosas mais gentis dos teus amores.
Vale todo um harém a minha bela,
Em fazer-me ditoso ela capricha...
Vivo ao sol dos seus olhos namorados,
Como ao sol do verão a lagartixa.
* * *
sábado, outubro 27, 2012
Um soneto de Guido Cavalcanti (1258-1300)
Tu tens a flor e o verdor
E o que luz e é belo ao ver;
Resplendes qual sol maior:
Quem não te vir vai perder.
Neste mundo não há flor
Tão bela, nata ao prazer,
E ao te ver perde o temor
Quem ao Amor quer temer.
As Damas que te acompanham
Me agradam por teu amor;
Peço a elas, se te ganham,
Que te honrem com justo ardor
Pois dentre estas que te banham
De graças és a melhor.
versão brasileira: Ivan Justen Santana
* * *
Seguem a tradução feita por Ezra Pound e o original de Guido Cavalcanti:
THOU hast in thee the flower and the green
And that which gleameth and is fair of sight,
Thy form is more resplendent than sun's sheen;
Who sees thee not, can ne'er know worth aright.
Avete ’n vo’ li fior’ e la verdura
e ciò che luce od è bello a vedere;
risplende più che sol vostra figura:
chi vo’ non vede, ma’ non pò valere.
Nay, in this world there is no creature seen
So fashioned fair and full of all delight;
Who fears Amor, and fearing meets thy mien,
Thereby assured, he solveth him his fright.
In questo mondo non ha creatura
s’ piena di bieltà né di piacere;
e chi d’amor si teme, lu’ assicura
vostro bel vis’ a tanto ’n sé volere.
The ladies of whom thy cortèconsisteth
Please me in this, that they've thy favour won;
I bid them now, as courtesy existeth,
Le donne che vi fanno compagnia
assa’ mi piaccion per lo vostro amore;
ed i’ le prego per lor cortesia
Holding most dear thy lordship of their state,
To honour thee with powers commensurate,
Sith thou art thou, that art sans paragon.
che qual più può più vi faccia onore
ed aggia cara vostra segnoria,
perché di tutte siete la migliore.
Fontes:
POUND [clique aqui e busque o Sonnet XV]
CAVALCANTI [link Wikisource]
E o que luz e é belo ao ver;
Resplendes qual sol maior:
Quem não te vir vai perder.
Neste mundo não há flor
Tão bela, nata ao prazer,
E ao te ver perde o temor
Quem ao Amor quer temer.
As Damas que te acompanham
Me agradam por teu amor;
Peço a elas, se te ganham,
Que te honrem com justo ardor
Pois dentre estas que te banham
De graças és a melhor.
versão brasileira: Ivan Justen Santana
* * *
Seguem a tradução feita por Ezra Pound e o original de Guido Cavalcanti:
THOU hast in thee the flower and the green
And that which gleameth and is fair of sight,
Thy form is more resplendent than sun's sheen;
Who sees thee not, can ne'er know worth aright.
Avete ’n vo’ li fior’ e la verdura
e ciò che luce od è bello a vedere;
risplende più che sol vostra figura:
chi vo’ non vede, ma’ non pò valere.
Nay, in this world there is no creature seen
So fashioned fair and full of all delight;
Who fears Amor, and fearing meets thy mien,
Thereby assured, he solveth him his fright.
In questo mondo non ha creatura
s’ piena di bieltà né di piacere;
e chi d’amor si teme, lu’ assicura
vostro bel vis’ a tanto ’n sé volere.
The ladies of whom thy cortèconsisteth
Please me in this, that they've thy favour won;
I bid them now, as courtesy existeth,
Le donne che vi fanno compagnia
assa’ mi piaccion per lo vostro amore;
ed i’ le prego per lor cortesia
Holding most dear thy lordship of their state,
To honour thee with powers commensurate,
Sith thou art thou, that art sans paragon.
che qual più può più vi faccia onore
ed aggia cara vostra segnoria,
perché di tutte siete la migliore.
Fontes:
POUND [clique aqui e busque o Sonnet XV]
CAVALCANTI [link Wikisource]
O AMOR, DE NOVO
O amor
é uma flor
que racha rocha,
machuca madeixa
e deixa
bochecha
roxa.
---<--{@
...
}{
(de IJS a FFR)
é uma flor
que racha rocha,
machuca madeixa
e deixa
bochecha
roxa.
---<--{@
...
}{
(de IJS a FFR)
quinta-feira, outubro 25, 2012
O MITO DO MITO DO ERA UMA VEZ
Existe um mito do mito
do era uma vez:
disto estou certo
e convicto aqui eu
me declaro a vocês:
até a tecla mute
é usada no rito
o qual condiz,
por sua vez,
e universal será,
posto que aflito,
tal mito que admito
e enfim finito grito:
já era uma ou duas
mas nunca mais que 3.
do era uma vez:
disto estou certo
e convicto aqui eu
me declaro a vocês:
até a tecla mute
é usada no rito
o qual condiz,
por sua vez,
e universal será,
posto que aflito,
tal mito que admito
e enfim finito grito:
já era uma ou duas
mas nunca mais que 3.
* * *
terça-feira, outubro 23, 2012
Um soneto de Joachim Du Bellay (1522-1560), curitibanizado por Ivan Justen Santana (1973 - )...
FELIZ QUEM, COMO ULYSSES, FEZ BELA VIAGEM...
Feliz quem, como Ulysses, fez bela viagem,
Ou como este outro herói, o vencedor Jasão,
Que, ganho o Velo de Ouro, volta com razão
A viver entre os seus, em sua prima paisagem!
Quando inspirarei, ai, da minha Vila a aragem,
Seus cheiros, chaminés? E em qual verão que tarda
Reverei o arvoredo da pobre mansarda,
Minha Província, onde levo em tudo vantagem?
Bem mais me agradam céus caingangues, botocudos,
Que dos paços de Roma os frestões e os veludos:
Bem mais que o duro mármore a poeira urbana,
Bem mais meu rio Belém que o Tibre dos latinos,
Bem mais Serra do Mar que Montes Palatinos,
Mais que maresia a brisa curitibana.
texto original: Joachim Du Bellay
versão paranaense:
Ivan Justen Santana
__________________________________________
Feliz quem, como Ulysses, fez bela viagem,
Ou como este outro herói, o vencedor Jasão,
Que, ganho o Velo de Ouro, volta com razão
A viver entre os seus, em sua prima paisagem!
Quando inspirarei, ai, da minha Vila a aragem,
Seus cheiros, chaminés? E em qual verão que tarda
Reverei o arvoredo da pobre mansarda,
Minha Província, onde levo em tudo vantagem?
Bem mais me agradam céus caingangues, botocudos,
Que dos paços de Roma os frestões e os veludos:
Bem mais que o duro mármore a poeira urbana,
Bem mais meu rio Belém que o Tibre dos latinos,
Bem mais Serra do Mar que Montes Palatinos,
Mais que maresia a brisa curitibana.
texto original: Joachim Du Bellay
versão paranaense:
Ivan Justen Santana
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sábado, outubro 20, 2012
Emiliano Perneta (1866-1921), dialogando com Satanás (?-?)...
CHRISTE, AUDI NOS
“Meu Senhor, meu Senhor morto, a Teus pés feridos,
Junto ao Teu coração, que sangra e luz, enfim
Eu me prostro, e ajoelho os meus cinco sentidos
– Cinco feras, Senhor! – Tem piedade de mim!”
– “Tu desejas que aos céus, e como estrelas de ouro,
Vá teu Verso insculpir a Mágoa e a Dor cruel,
Para que o mundo, ouvindo o deslumbrante coro,
Do teu Orgulho veja a Torre de Babel.
A ânsia mortal conténs de uma árvore maldita
Que, estéril, sob o sol, flor nem fruto produz,
E, presa à Terra, em vão os braços torce e agita:
Sugam-lhe a seiva e a polpa as ventosas da luz.
Buscas, mas só porque do ‘novo’ o aroma exala,
O crisântemo azul de uma Quimera vã...”
“Surdo! Senhor, sê surdo! É o Demônio quem fala!
É o Blasfemo! É Satã!... Livra-me de Satã!
Creio. Desejo crer. O Invisível fulgura...
A Ciência é um pobre monge estudando o ABC.
Desse Enigma feroz e dessa Luz obscura
Tremo. Quem sou? Quem és? Um Mistério!... Por quê?”
– “Mentes. Tudo isso é pura obra do teu Orgulho.
Tu não crês!” – “Ó cruel, cala-te! Eu hei de crer.
Hei de crer, apesar desse negro marulho
Do teu ódio crescente, abominável Ser!
Hei de crer nessa Mãe Misericordiosa
Que à minha sede o peito oferece do Bem,
Pois vi rolar, rolando em vaga tonitruosa,
Tudo quanto eu amei nos escombros do Além!...
Hei de crer...” – “Não crerás! Não hás de crer mais nunca!
A descrença, infeliz, é como o bronze cru:
Não torce. Eu arranquei a luz dessa espelunca...”
– “Ó maldito Satã!” – “Maldito serás tu!”
“Tem piedade, meu Deus, da lôbrega miséria,
Do veneno animal e da infâmia feroz
De quem Te pede, ó Justo, a paz do Sonho, etérea,
Com angústia no olhar, com soluço na voz!
Do óleo santo do Teu perdão magoado ungi-me,
Dá-me forças, Jesus! Dá-me alento, Senhor!
Para que eu não sucumba ao peso do meu Crime
Antes de ter gozado o verdadeiro Amor!...”
– “Alma, dentro de ti mora um triste coveiro,
Mudo e gelado, como num tanque a boiar...
Sentes-lhe o peso enorme!...” – “Eu faleço, Cordeiro!
Vinho, divino Vinho! Embriaga o meu pesar!
– “Sobre o teu coração dobra angustioso o Remorso,
O Desespero grasna um rouco Cantochão.”
“Em vão, em vão, Senhor, em vão é que eu me esforço
Para deixar de ouvir o clamor da Aflição.
Eu sou triste, Senhor! Triste é a minha existência.
Minha tristeza é bem como a lepra de Jó.
Não resplandece mais a real magnificência...
Tem piedade de mim, meu Senhor! Estou só.”
– 1897 –
Fonte:
Poesias Completas de Emiliano Pernetta
Rio de Janeiro: Livraria Editora Zélio Valverde, 1945
[volume II, pp. 100-102].
Texto transcrito e atualizado por Ivan Justen Santana.
A Dario Vellozo
“Meu Senhor, meu Senhor morto, a Teus pés feridos,
Junto ao Teu coração, que sangra e luz, enfim
Eu me prostro, e ajoelho os meus cinco sentidos
– Cinco feras, Senhor! – Tem piedade de mim!”
– “Tu desejas que aos céus, e como estrelas de ouro,
Vá teu Verso insculpir a Mágoa e a Dor cruel,
Para que o mundo, ouvindo o deslumbrante coro,
Do teu Orgulho veja a Torre de Babel.
A ânsia mortal conténs de uma árvore maldita
Que, estéril, sob o sol, flor nem fruto produz,
E, presa à Terra, em vão os braços torce e agita:
Sugam-lhe a seiva e a polpa as ventosas da luz.
Buscas, mas só porque do ‘novo’ o aroma exala,
O crisântemo azul de uma Quimera vã...”
“Surdo! Senhor, sê surdo! É o Demônio quem fala!
É o Blasfemo! É Satã!... Livra-me de Satã!
Creio. Desejo crer. O Invisível fulgura...
A Ciência é um pobre monge estudando o ABC.
Desse Enigma feroz e dessa Luz obscura
Tremo. Quem sou? Quem és? Um Mistério!... Por quê?”
– “Mentes. Tudo isso é pura obra do teu Orgulho.
Tu não crês!” – “Ó cruel, cala-te! Eu hei de crer.
Hei de crer, apesar desse negro marulho
Do teu ódio crescente, abominável Ser!
Hei de crer nessa Mãe Misericordiosa
Que à minha sede o peito oferece do Bem,
Pois vi rolar, rolando em vaga tonitruosa,
Tudo quanto eu amei nos escombros do Além!...
Hei de crer...” – “Não crerás! Não hás de crer mais nunca!
A descrença, infeliz, é como o bronze cru:
Não torce. Eu arranquei a luz dessa espelunca...”
– “Ó maldito Satã!” – “Maldito serás tu!”
“Tem piedade, meu Deus, da lôbrega miséria,
Do veneno animal e da infâmia feroz
De quem Te pede, ó Justo, a paz do Sonho, etérea,
Com angústia no olhar, com soluço na voz!
Do óleo santo do Teu perdão magoado ungi-me,
Dá-me forças, Jesus! Dá-me alento, Senhor!
Para que eu não sucumba ao peso do meu Crime
Antes de ter gozado o verdadeiro Amor!...”
– “Alma, dentro de ti mora um triste coveiro,
Mudo e gelado, como num tanque a boiar...
Sentes-lhe o peso enorme!...” – “Eu faleço, Cordeiro!
Vinho, divino Vinho! Embriaga o meu pesar!
– “Sobre o teu coração dobra angustioso o Remorso,
O Desespero grasna um rouco Cantochão.”
“Em vão, em vão, Senhor, em vão é que eu me esforço
Para deixar de ouvir o clamor da Aflição.
Eu sou triste, Senhor! Triste é a minha existência.
Minha tristeza é bem como a lepra de Jó.
Não resplandece mais a real magnificência...
Tem piedade de mim, meu Senhor! Estou só.”
– 1897 –
Fonte:
Poesias Completas de Emiliano Pernetta
Rio de Janeiro: Livraria Editora Zélio Valverde, 1945
[volume II, pp. 100-102].
Texto transcrito e atualizado por Ivan Justen Santana.
* * *
quarta-feira, outubro 17, 2012
NOWA CONJURLGASÇÃO: VER BO TER
eu tenho pinto
e nunca minto
tu tens boceta
e queres treta
você tem acento
e um pau lhe assento
ele tem olhos
e frita os miolos
ela tem cabeça
e é boa à beça
nós temos nada
e tememos tudo
a gente é agente
e atrás tem frente
vós tendes dó
e virastes pó
vocês têm sexo
e circunflexo
eles têm elas
e pra quê mais?
ijs
e nunca minto
tu tens boceta
e queres treta
você tem acento
e um pau lhe assento
ele tem olhos
e frita os miolos
ela tem cabeça
e é boa à beça
nós temos nada
e tememos tudo
a gente é agente
e atrás tem frente
vós tendes dó
e virastes pó
vocês têm sexo
e circunflexo
eles têm elas
e pra quê mais?
ijs
terça-feira, outubro 09, 2012
segunda-feira, outubro 08, 2012
DE PLEITO ABERTO
De pleito aberto sangram os candidatos
___E as candidatas gemem.
As urnas, dentro os óvulos ingratos,
___Recebem os votos: sêmen.
Numa elegia a quem não se elegia,
___Transmudam-se de lado
Os marqueteiros de quem já dizia
___O rei está pelado.
Num último e desesperado apelo
___Propõe-se anulação.
Frágil sufrágio: pode-se empreendê-lo
___Porém prendê-lo não.
______IJS
___E as candidatas gemem.
As urnas, dentro os óvulos ingratos,
___Recebem os votos: sêmen.
Numa elegia a quem não se elegia,
___Transmudam-se de lado
Os marqueteiros de quem já dizia
___O rei está pelado.
Num último e desesperado apelo
___Propõe-se anulação.
Frágil sufrágio: pode-se empreendê-lo
___Porém prendê-lo não.
______IJS
quarta-feira, outubro 03, 2012
DE PLECTRO ABERTO
Um verbo que você não conheça.
Um verso que ninguém esqueça.
Um pé no lugar da cabeça.
Um P da palavra mais certa
que eu busquei no teu grito de alerta:
nosso caso é uma porta---entre!---aberta.
Nosso amor sim deu certo:
bobo, quieto, tranquilo, esperto---
todas as cores do espectro
de plectro aberto.
*/*
ijs
Um verso que ninguém esqueça.
Um pé no lugar da cabeça.
Um P da palavra mais certa
que eu busquei no teu grito de alerta:
nosso caso é uma porta---entre!---aberta.
Nosso amor sim deu certo:
bobo, quieto, tranquilo, esperto---
todas as cores do espectro
de plectro aberto.
*/*
ijs
MÁDIDAS FRESCURAS
Mádidas frescuras: hírcicas contrações.
Espasmos módicos: cáries ósseas de más tenções.
Hastes, trastes, contrastes:
hibridismo nas quantias: e a miséria de acha vero.
Mergulhos intrauterinos: ultrainteriores.
Fuligens na pelugem: gen de nucleotídeo.
Mitos e côndrias, para que vos quero!
Inequações aproximadamente iguais: há zero.
ijs
*/*
Espasmos módicos: cáries ósseas de más tenções.
Hastes, trastes, contrastes:
hibridismo nas quantias: e a miséria de acha vero.
Mergulhos intrauterinos: ultrainteriores.
Fuligens na pelugem: gen de nucleotídeo.
Mitos e côndrias, para que vos quero!
Inequações aproximadamente iguais: há zero.
ijs
*/*
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