quarta-feira, setembro 26, 2012

SE UM POÇO

Se um poço pode ser torre ao contrário,
Se um trôço até parece belo ao fosso,
Se mesmo o velho som do estradivário
Segunda de manhã gera alvoroço,
Se as gralhas vão de azul até o pescoço,
Se um malandro bom não vale um otário,
Se o rosto fala do retardatário
E a farra rói o moço até só o osso,
Sou tão memorioso quanto Funes
Quando repito os itens desta lista
De poetas mal dispostos sem arranjos:
Estou bem mais Arnaldo do que o Antunes,
Mais Arnaldo do que o Dias Baptista,
Mais Augusto que os de Campos dos Anjos.

IJS
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2 comentários:

Wagner Schadeck disse...

Soneto impecável, Ivan. Maravilha. Abraço

Astrid Richter disse...

Que delícia de poema, Ivan!