A ENCANTADORA DE SERPENTES
texto original: Sylvia Plath Hughes
versão escamosa: Ivan Justen Santana
Como os deuses iniciaram um mundo, e o homem, outro,
Assim a encantadora inicia uma esfera serpentina, com
Luaolho, bocaflauta. Ela flauteia. Flauteia verde. Flauteia água.
Ela flauteia água verde até verdes águas tremularem
Com juncosas extensões e istmos e ondulações.
E entrelaçando-se as suas verdes notas, o rio verde
Modela as próprias imagens em volta das canções.
Ela flauteia a si um lugar em pé, mas sem pedras,
Sem piso: uma onda de tremeluzentes línguas de relva
Lhe sustenta o pé. Flauteia um mundo de serpentes,
Gingados e coleios, do fundo serpienraizado
Da própria mente. E agora nada a não ser serpentes
Está visível. As serpiescamas se tornaram
Folha, tornada pálpebra; serpicorpos, galho, busto
De árvore e humano. E de dentro da serpentidade
Ela comanda as contorções que fazem manifestos
Sua serpenteza e poder, com melodias flexíveis
Saídas da sua flauta esguia. Afora deste ninho verde,
Como afora do umbigo do Éden, contorcem-se as filas
Das gerações serpiformes: que haja serpentes!
E serpentes houve, há, haverá – até que bocejos
Consumam tal flautista a qual, cansada das canções,
Flauteie o mundo de volta ao tecido simples
Da serpiurdidura, serpitrama. E flauteie os ofídios panos
A uma fusão de águas verdes, até que serpente alguma
Mostre a cabeça, e aquelas águas verdes de volta à
Água, ao verde, a nada semelhante a uma serpente.
E guarde sua flauta, e empalpebre seu enluarado olhar.
http://fr.wikipedia.org/wiki/La_Charmeuse_de_serpents
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