VENHA CÁ, MINHA GATA...
Venha cá, minha gata,
e engatilhe a carabina
da minha língua ingrata;
venha até na chuva, mina,
ser a ninfa do meu ribeiro –
ontem você me fez chover
quase que pelo dia inteiro;
agora vou me declarar
nestas frases descompostas:
eu serei sempre o seu amor,
seu segurança mais pessoal,
o seu maior guarda-costas,
seu eterno, seu só e principal,
homem, monstro, felino, parceiro.
Assim de novo me declaro
todo seu todo, e por inteiro.
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ELE & ELA
(ou: ELE TEM TUDO MAS CADÊ ELA?)
Ele sempre aposta tudo.
Ela é bela e estrela a tela
(atenção ao tom agudo:
fá tal tom que a estrela atrela).
Não fosse porém, contudo,
oporem ventos à vela,
assim lho deixando mudo.
Mas se a bela estrela a tela
sem remela e só dá trela
pros que gama em sua umbela,
pros que grava em seu escudo,
nele sempre aposta tudo.
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EU TE JURO, MEU AMOR
Eu te juro, meu amor,
te dizer só frases meigas –
ser quem não sofreu horror,
ser-te as broas das manteigas
–
todas coisas sem pendor,
mais que coisas, sem rancor,
mais que meigas, mais que lindas
–
mais que até nem furta-cor,
mais que as coisas, tuas vindas...
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EU ESTOU QUERENDO VOCÊ QUE DÓI
Eu estou querendo você que dói:
estou só fazendo como se fora
um poeta mais seco – morto, embora
vivo, tola e totalmente um herói –
que faria sim qualquer coisa, sim,
se você deixasse que eu a seguisse
–
eu faria toda e qualquer tolice,
seria ao fim quase morto: sem fim.
Se você nem soubesse – fosse o que fosse –
do tiro na quermesse, da cara dura,
da fossa escura a mira mais a loucura:
daquela que foice, e se foi: encabulou-se.
Portanto sacuda a poeira e saiba: o carnaval
sempre começa quando alguém lava o canal.
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QUASE SEM QUERER QUERENDO
Tenho andado distraído com isso isso isso.
Eduardo nem Mônica contavam com nossa astúcia.
Todos os nossos movimentos culturais
foram precisamente calculados:
o livro está sobre a mesa
mas quem me dera ao menos uma vez
se aproveitassem da sua nobreza.
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[as vinhetas entre os poemas são trinta e cinco estrelas-asteriscos para celebrar a data natalícia de Faena Figueiredo Rossilho - e os poemas desta postagem são dedicados a ela, com beijos múltiplos...]
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Um comentário:
eu vou!
estou aqui
te querendo
te juro
sem querer
que amo
e não dói
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