*
Há muito tempo, numa galáxia bem, bem distante,
vivia uma era-uma-vez com um feliz-para-sempre.
Os dois faziam um casal bem bacana e elegante,
e tinham um rebento extremamente inteligente.
Mas entretanto porém contudo não inobstante
e todavia outrossim apesar de tão somente,
a criança deles cresceu totalmente demente,
pois se tratava de um verdadeiro clichê ambulante
e lá eles abusavam dos clichês constantemente...
terça-feira, março 30, 2010
segunda-feira, março 29, 2010
MAIS VERSINHOS AOS VINTE E NOVE DE MARÇO
Curitímida Curitilônia,
Culturistúbula Romiritiba,
Pinheiralma Ipecedônia:
A tua alma maldita de Medeia
Ainda guarda algo de Palas Ateneia
E ainda se escuta aqui – penal, vina, leite quente –
Nesta urbe experimental que tem um cu na frente.
Curitímida Curitilônia,
Culturistúbula Romiritiba,
Pinheiralma Ipecedônia:
Entre uma Pindamonhangaba e uma Paris,
Tu continuas Curitiba por um triz –
E este piá, que já te viu branca de neve,
Hoje é mais um poeta que te escreve –
Feliz aniversário.
Culturistúbula Romiritiba,
Pinheiralma Ipecedônia:
A tua alma maldita de Medeia
Ainda guarda algo de Palas Ateneia
E ainda se escuta aqui – penal, vina, leite quente –
Nesta urbe experimental que tem um cu na frente.
Curitímida Curitilônia,
Culturistúbula Romiritiba,
Pinheiralma Ipecedônia:
Entre uma Pindamonhangaba e uma Paris,
Tu continuas Curitiba por um triz –
E este piá, que já te viu branca de neve,
Hoje é mais um poeta que te escreve –
Feliz aniversário.
sexta-feira, março 26, 2010
PALINCEPSESTO SOBRE 'O PRADO E A FADA'
posso escrever sobre um
poema _ ser suficiente
algum verso parente
amanhandrágora agora
osgas de picuinhos securibudos
sempre menos tudo
augures, emerges
Atlântida volta ao mundo
algum mais um
opaco
aquário de arcos
asteroides
tudo, sempre menos a hipótese
o sentido
estação do pânico
que flutua pela balaustrada:
já estamos juntos em Astrália
poema _ ser suficiente
algum verso parente
amanhandrágora agora
osgas de picuinhos securibudos
sempre menos tudo
augures, emerges
Atlântida volta ao mundo
algum mais um
opaco
aquário de arcos
asteroides
tudo, sempre menos a hipótese
o sentido
estação do pânico
que flutua pela balaustrada:
já estamos juntos em Astrália
****
Zoe e demais leitoras e leitores deste blog:
considerem este poema um convite e uma intimação para comparecerem, neste Sábado (27/03), às 16h, ao café do Paço da Liberdade (o novo SESC em Curitiba, no edifício histórico restaurado na Praça Generoso Marques), para conferir a récita que faremos eu e o poeta Rodolfo Jaruga. Quem chegar por último é mulher do padre!
considerem este poema um convite e uma intimação para comparecerem, neste Sábado (27/03), às 16h, ao café do Paço da Liberdade (o novo SESC em Curitiba, no edifício histórico restaurado na Praça Generoso Marques), para conferir a récita que faremos eu e o poeta Rodolfo Jaruga. Quem chegar por último é mulher do padre!
quarta-feira, março 24, 2010
UM CASO TELEVISIVO (projeto de poemaconto)
Era uma vez um relacionamento amoroso
do tipo "telenovela de ótima qualidade":
mais raro do que o choro do palhaço Bozo,
hoje casos assim só existem na saudade.
O cara, um sujeito lampeiro e faceiro,
pulava a cerca e posava de Roque Santeiro.
A garota, por sua vez, retorcia a saia
e ficava ali com uma cara de Saramandaia.
Mas apesar da grande audiência babando ovo,
nenhum dos dois valia a pena ver de novo.
O horário nobre, óbvio, cada vez mais pobre.
E tudo acabou sem casamento nem sim.
Fim.
do tipo "telenovela de ótima qualidade":
mais raro do que o choro do palhaço Bozo,
hoje casos assim só existem na saudade.
O cara, um sujeito lampeiro e faceiro,
pulava a cerca e posava de Roque Santeiro.
A garota, por sua vez, retorcia a saia
e ficava ali com uma cara de Saramandaia.
Mas apesar da grande audiência babando ovo,
nenhum dos dois valia a pena ver de novo.
O horário nobre, óbvio, cada vez mais pobre.
E tudo acabou sem casamento nem sim.
Fim.
segunda-feira, março 22, 2010
UM POETA JÁ CÉLEBRE CELEBRA SEU CAMARADINHA ANIVERSARIANTE, QUE ASSIM DEVOLVE A SAUDAÇÃO...
Versos ao Poeta
Para Ivan Justen
Certo, ninguém podia adivinhar,
Nasceu com dom, elã divino,
Mescla de dor e riso, som de sino
E água, palavra, menino a sonhar.
Coisa feita, de berço, solto no ar,
Como se o poeta fosse um caminho
Que por estar entre a flor e o espinho
A grande maioria quer desviar.
Estamos sós, mas isso é o de menos,
A mão do poeta escreve mesmo torto,
Quando seus versos não são pequenos.
Sei, pra ressuscitar esteve morto.
Mas, agora, andando sobre as mágoas,
O poeta, como um deus, ri de suas lágrimas!
Antonio Thadeu Wojciechowski
***
Devolvendo o toque de bate-pronto...
Devolvendo o toque de bate-pronto,
ainda sob o efeito deste soneto,
(ou foi sob o soneto deste efeito?)
que me deixou (e já sou) meio tonto,
confesso que fiquei até sem jeito
pra agradecer da maneira que encontro
mais própria a tão grande amigo. Aqui apronto
este poema de metro suspeito,
que não chega nem perto da catega
à qual a homenagem acima chega.
Tributo a mim? Na verdade, não faço
jus a tais versos. Neles, o Thadeu
refletiu, além do tempo e do espaço,
a poesia, que aqui agradeceu.
Ivan Justen Santana
Para Ivan Justen
Certo, ninguém podia adivinhar,
Nasceu com dom, elã divino,
Mescla de dor e riso, som de sino
E água, palavra, menino a sonhar.
Coisa feita, de berço, solto no ar,
Como se o poeta fosse um caminho
Que por estar entre a flor e o espinho
A grande maioria quer desviar.
Estamos sós, mas isso é o de menos,
A mão do poeta escreve mesmo torto,
Quando seus versos não são pequenos.
Sei, pra ressuscitar esteve morto.
Mas, agora, andando sobre as mágoas,
O poeta, como um deus, ri de suas lágrimas!
Antonio Thadeu Wojciechowski
***
Devolvendo o toque de bate-pronto...
Devolvendo o toque de bate-pronto,
ainda sob o efeito deste soneto,
(ou foi sob o soneto deste efeito?)
que me deixou (e já sou) meio tonto,
confesso que fiquei até sem jeito
pra agradecer da maneira que encontro
mais própria a tão grande amigo. Aqui apronto
este poema de metro suspeito,
que não chega nem perto da catega
à qual a homenagem acima chega.
Tributo a mim? Na verdade, não faço
jus a tais versos. Neles, o Thadeu
refletiu, além do tempo e do espaço,
a poesia, que aqui agradeceu.
Ivan Justen Santana
quarta-feira, março 17, 2010
DICIONÁRIO ANALÓGICO DE RIMAS PRA LÍVIA & OS PIÁ DE PRÉDIO
Um dia conheci um poeta andarilho chamado Édio,
Édio Vargas – comprei o livreto dele, ligeiro meio-médio,
mas agora versarei pra banda Lívia e os piá de prédio.
Não quero dar alívio a nenhum ouvido médio,
nem ceder a alguma acídia ou a qualquer assédio,
pois meu verso em melodia mixolídia o próprio metro mede-o.
Remedeia minha ideia uma Medeia morta de tédio,
mastigando um serôdio sorédio e um cipripédio epimédio,
muito nítido e nédio, como um argumento em promédio.
Essa Medeia me instiga sobremaneira a ser seu estapédio
evitando, entretanto, um patropédio, um monoginopédio
ou ainda mesmo (Parcas me acudam!) um patroginopédio.
Minha Medeia inspiradora devoraria um osteopédio
mas também casar-se-ia, se ele fosse um litopédio,
com um ursinho teddy boy marino durante um quinquédio.
Desse casamento poderia surgir um fruto lacepédio,
com um pé de escamédio e um androceu selenipédio,
sobre o qual voaria um coleóptero pentâmero ampédio.
Se eu reunisse esses delírios em forma de macédio
(digamos, neste “poemacédio") e em caractere palamédio
descrevesse tudo isso sob ponto de vista planipédio,
eu mostraria domínio linguístico mais que intermédio,
pois sempre chamei center-half de centromédio
e ao futebol prefiro o cognome arcaico: ludopédio.
Assim, fingindo e fazendo, esgotadas as rimas em -édio,
não me resta outra saída e realmente “não tem mais remédio”:
o piá poeta aqui rendeu tributo a Lívia e os piá de prédio.
Édio Vargas – comprei o livreto dele, ligeiro meio-médio,
mas agora versarei pra banda Lívia e os piá de prédio.
Não quero dar alívio a nenhum ouvido médio,
nem ceder a alguma acídia ou a qualquer assédio,
pois meu verso em melodia mixolídia o próprio metro mede-o.
Remedeia minha ideia uma Medeia morta de tédio,
mastigando um serôdio sorédio e um cipripédio epimédio,
muito nítido e nédio, como um argumento em promédio.
Essa Medeia me instiga sobremaneira a ser seu estapédio
evitando, entretanto, um patropédio, um monoginopédio
ou ainda mesmo (Parcas me acudam!) um patroginopédio.
Minha Medeia inspiradora devoraria um osteopédio
mas também casar-se-ia, se ele fosse um litopédio,
com um ursinho teddy boy marino durante um quinquédio.
Desse casamento poderia surgir um fruto lacepédio,
com um pé de escamédio e um androceu selenipédio,
sobre o qual voaria um coleóptero pentâmero ampédio.
Se eu reunisse esses delírios em forma de macédio
(digamos, neste “poemacédio") e em caractere palamédio
descrevesse tudo isso sob ponto de vista planipédio,
eu mostraria domínio linguístico mais que intermédio,
pois sempre chamei center-half de centromédio
e ao futebol prefiro o cognome arcaico: ludopédio.
Assim, fingindo e fazendo, esgotadas as rimas em -édio,
não me resta outra saída e realmente “não tem mais remédio”:
o piá poeta aqui rendeu tributo a Lívia e os piá de prédio.
segunda-feira, março 15, 2010
DOIS POEMAS DUMA RIMA SÓ, EVOCATIVOS E PREPARATÓRIOS...
*
*
*
PORQUE EU SEMPRE QUIS USAR ESTA RIMA:
nem a rima assim camufla
a tristeza que se insufla
quando uma asa torta rufla
_______________________
LISTRA SINISTRA
você já não se administra
quando uma vozinha sinistra
ao modo daquela ministra
diz: te risquei da minha listra...
*
*
PORQUE EU SEMPRE QUIS USAR ESTA RIMA:
nem a rima assim camufla
a tristeza que se insufla
quando uma asa torta rufla
_______________________
LISTRA SINISTRA
você já não se administra
quando uma vozinha sinistra
ao modo daquela ministra
diz: te risquei da minha listra...
quarta-feira, março 10, 2010
MAIS UM POEMA PARA CURITIBA
(Foto: Lina Faria - Não lugar)
À ESTÁTUA DE CURITIBA NO PAÇO DA LIBERDADE
(também dedicado à fotógrafa Lina Faria
e a Bárbara Kirchner e seu
Curitiba é um copo vazio cheio de frio)
Estáutua de Curitiba,
(ou melhor, antes, por outra:)
estátua de Curitiba,
única representação antropomórfica
da nossa cidade, tão querida e antiga
Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais,
conforme versou Leminski rezando,
ou antes, melhor, por outra:
conforme rezou Leminski versando:
imprecisa premissa
(alguma coisa em mim também
não quer que Curitiba mude)
tende piedade de nós!
Prezada Estáutua:
eu te vi e te mostrei a uma criança,
e disse: “olhe, aquela é uma Afrodite Nikeia,
uma Vênus vencedora, uma Palas Ateneia
após a vitória sobre os gigantes,
sentada num trono,
portando a tocha olímpica da liberdade
e da verdade”,
e isso é mesmo verdade:
mais que um arco, é um triunfo,
o fofo triunfo final da inteligência
dominando a força bruta.
Querida Estáutua,
eu só queria te dizer:
nossa Curitiba tem andado muito bruta,
mas continua bonita
e agora mais animada
também por enquanto,
enquanto como uma fruta.
E até este meu trocadilho idiota
enfeita tua vida
que faria muita falta,
ó Curitiba,
minha linda e sábia estáutua.
Eu quis muito te dizer isto
nesta radiosa e azul manhã.
De um dos teus poetas,
o vadio e operoso
Ivan
segunda-feira, março 08, 2010
E MAIS UM DYLAN PROMETIDO A UM CAMARADA...
o mui prezado r.m. pediu:
então aqui estão
MINHAS CONTRACAPAS
(MY BACK PAGES)
_____________Bob Dylan
Flamas carmesins entre as orelhas
Trançando armadilhas maquiavélicas
Fogo me caçou em flamejantes estradas
Usava como mapas as minhas ideias
“Logo bateremos de frente”, eu disse
O orgulho as faces ardentes provem.
Mas eu era tão mais velho então
E agora sou muito mais jovem.
Pulou adiante um preconceito semidestruído
“Rasgue o ódio até a raiz”, eu urrei
Mentiras da vida ser em preto e branco
Falaram de dentro do meu crânio. Sonhei
Fatos românticos de mosqueteiros
Com profundas bases que os promovem.
Mas eu era tão mais velho então
E agora sou muito mais jovem.
Faces de garotas formaram o caminho
Partindo da inveja fingida
Até memorizar toda a política
Contida na história antiga
Despejada por evangelistas-cadáveres
Que no inconsciente das massas se dissolvem.
Mas eu era tão mais velho então
E agora sou muito mais jovem.
Uma língua de professor autodiplomado
Muito séria pra qualquer enrolação
Jorrou que a liberdade é
Só igualdade na educação
“Igualdade”, eu disse a palavra
Como votos nupciais que se renovem.
Mas eu era tão mais velho então
E agora sou muito mais jovem.
Em pose de soldado, apontei o braço
Aos vira-latas da pregação
Sem temer me tornar meu inimigo
No instante em que fizesse o sermão
Meu caminho guiado por confusos barcos
Motins de popa a proa o comovem.
Mas eu era tão mais velho então
E agora sou muito mais jovem.
Sim, fiquei alerta às ameaças abstratas
Nobres demais pra desperceber
Elas me iludiram um dia a cogitar
Que eu tinha alguma coisa a proteger
Bem e mal, defino-os com clareza:
De algum jeito esses termos se resolvem.
Mas eu era tão mais velho então
E agora sou muito mais jovem.
Versão brasileira: Ivan Justen Santana
então aqui estão
MINHAS CONTRACAPAS
(MY BACK PAGES)
_____________Bob Dylan
Flamas carmesins entre as orelhas
Trançando armadilhas maquiavélicas
Fogo me caçou em flamejantes estradas
Usava como mapas as minhas ideias
“Logo bateremos de frente”, eu disse
O orgulho as faces ardentes provem.
Mas eu era tão mais velho então
E agora sou muito mais jovem.
Pulou adiante um preconceito semidestruído
“Rasgue o ódio até a raiz”, eu urrei
Mentiras da vida ser em preto e branco
Falaram de dentro do meu crânio. Sonhei
Fatos românticos de mosqueteiros
Com profundas bases que os promovem.
Mas eu era tão mais velho então
E agora sou muito mais jovem.
Faces de garotas formaram o caminho
Partindo da inveja fingida
Até memorizar toda a política
Contida na história antiga
Despejada por evangelistas-cadáveres
Que no inconsciente das massas se dissolvem.
Mas eu era tão mais velho então
E agora sou muito mais jovem.
Uma língua de professor autodiplomado
Muito séria pra qualquer enrolação
Jorrou que a liberdade é
Só igualdade na educação
“Igualdade”, eu disse a palavra
Como votos nupciais que se renovem.
Mas eu era tão mais velho então
E agora sou muito mais jovem.
Em pose de soldado, apontei o braço
Aos vira-latas da pregação
Sem temer me tornar meu inimigo
No instante em que fizesse o sermão
Meu caminho guiado por confusos barcos
Motins de popa a proa o comovem.
Mas eu era tão mais velho então
E agora sou muito mais jovem.
Sim, fiquei alerta às ameaças abstratas
Nobres demais pra desperceber
Elas me iludiram um dia a cogitar
Que eu tinha alguma coisa a proteger
Bem e mal, defino-os com clareza:
De algum jeito esses termos se resolvem.
Mas eu era tão mais velho então
E agora sou muito mais jovem.
Versão brasileira: Ivan Justen Santana
sábado, março 06, 2010
MAIS UMA CELEBRAÇÃO CURITIBANA...
______GIANNA
______MARIA
_____NADOLNY
______ROLAND:
minha inspiração não se engana
mesmo fazendo assim essa poesia
ao seu nome. Tu és um sol, “ni-
versariando” hoje, iluminan-
do meu dia e minha semana,
mês e ano, me dando alegria
(mesmo sem rima legal ao nome)
e me fazendo o mais feliz Ivan
de todos os Ivans do mundo:
um beijo sincero e longo e profundo
(como não daria poeta algum) do
seu amado Ivan
para você: Gianna Maria Nadolny Roland
______MARIA
_____NADOLNY
______ROLAND:
minha inspiração não se engana
mesmo fazendo assim essa poesia
ao seu nome. Tu és um sol, “ni-
versariando” hoje, iluminan-
do meu dia e minha semana,
mês e ano, me dando alegria
(mesmo sem rima legal ao nome)
e me fazendo o mais feliz Ivan
de todos os Ivans do mundo:
um beijo sincero e longo e profundo
(como não daria poeta algum) do
seu amado Ivan
para você: Gianna Maria Nadolny Roland
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