A mulher, a que afresca o teto do meu crânio
E algarismou meu alfabeto extemporâneo,
A sempiterna e carinhosa companhia
Cujo espinho de cor-de-rosa me amacia
E me amalgama o barro em lava incandescente –
Se me chama, me amarro, sem trava aparente;
Se me incita, e excita a cítara mais avara,
Ela compartilha o todo que amealhara –
Feliz combinação de forma e de intenção:
Um triz de distração na norma rigorosa,
Um quê de seriedade em meio à desrazão,
Um O de boca, um U de bunda, um A de rosa,
__Um E de bela, um I de indecisivamente,
__Que ilude, molha, frisa e ameniza a mente.
Francisco Cardoso
Ivan Justen Santana
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4 comentários:
Repostei este poema hoje, pescado lá duma postagem de 25/03/2008 (parece recente, mas já faz mais de dois anos...) -
acho que é a primeira repescagem que faço neste blog, mas só a qualidade do poema já justifica isso.
O caso também é que ontem foi aniversário da Léia Leite, tia da minha filha Rúbia, e eu postei na madrugada um poema que depois ficou me conturbando.
Mexi, cortei, adicionei, mas considerei afinal uma experiência falha.
Agora então reposto esta obra que fiz em parceria com o Francisco Cardoso:
a repostagem é tanto pra homenagear a Léia (pelo aniversário: 34, hein!-- hoje em dia não é mais tão indelicado revelar a idade de jovens senhoras... hehe); quanto pra homenagear a minha filha Rúbia; e a minha feliz consorte Gianna; e a minha mãe, minha vó, enfim: todas as mulheres do mundo, que estiveram, estão e estarão nesta festa conhecida como vida. Saúde!
E esta postagem também é dedicada ao Francisco Cardoso, meu grande amigo e camarada: se não fosse por amigos assim talvez eu nem estivesse mais aqui, nem pudesse fazer essas homenagens, então:
valeu, Chico: saiba sempre que você é um grande amigo!
tudo bem, Ivan!!! o que é bom, lê-se muitas vezes! bela homenagem às mulheres.
Mas agora vc me deixou com vontade de ler a tal experiência falha...
se é que foi falha...
o que eu duvido!
Xanda:
a "experiência falha" é o A GRANDE VERDADE (um curta-metragem), poema que está postado aqui embaixo, no dia 13. Esta deve ser a sétima ou oitava versão, sendo que quando comecei a escrevê-lo eu queria dispor uma palavra por verso...
Acho que a seguinte comparação vai ser meio pretensiosa, mas posso comparar a feitura desse poema a fazer uma escultura: ficar quebrando pedaços de um bloco de palavras - em última instância, resolvi deixar assim, mas fiquei convencido de que aquele bloco de mármore tinha algo de errado desde o princípio...
Valeu o comentário.
E parabéns por sua incrível "tia-avósidade"!
valeu, Ivan!
é por essas e outras que ainda estamos e estaremos aqui.
abração.
chico
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