quarta-feira, agosto 31, 2011

AOS ANIVERSARIANTES

Béco Prado e Catarina:
Não é dupla nordestina –
São dois aniversariantes
Deste trinta-e-um de agosto,
A gosto de não ser antes
Ou ser bem mais que só rosto:

Aos dois aniversariantes
Eu estrofo assim, sem regra,
Que regra pode ser negra
Ou ser branca ou bailarina:
Mas nunca será qual dantes
Aos dois aniversariantes
Béco Prado e Catarina.

E as rimas pra mim dão gosto
Posto rimar seja sina
Que se aprende meio imposto
Como fosse nervo exposto
Que meio que contamina
Mas quero por outras rimas
Dizer aos baixos e aos cimas

Nessas pobres estruturas
Imitadas das esquinas
Que aqui fica essa homenagem
Com sons que junto a mim agem
Em rimas pobres e duras
Mas intenções cristalinas:

Desejo então um Feliz
Aniversário ao Roberto
Prado e à cara Velasco,
Catarina, a quem eu tasco
Este bom fim meu incerto,
Quase médio por um triz!


(aos aniversariantes: perdoem o poema improvisado e quase ruinzinho, e saibam que, com ou sem poesia, ou até com alguma prosa, vocês são pessoas muito brilhantes e especiais pra mim:)

Ivan, assim.

terça-feira, agosto 30, 2011

AVIADOR IRLANDÊS ANTEVENDO A PRÓPRIA MORTE

Eu sei que sigo a um fim funesto
Nalgum lugar do céu sonoro;
Os que eu combato eu não detesto,
Os que eu defendo eu não adoro;
Kiltartan Cross é a minha terra,
E os pobres dela são meu povo,
Triunfo ou perda nesta guerra
Não trazem nada aos meus de novo.
Nem lei, nem honra põem-me aqui,
Nem homens públicos, nem fãs,
Mas só um prazer que eu só senti
Na fúria destas nuvens vãs;
Pesei tudo isto em minha mente:
Adiante, nada que me importe,
Atrás, passado indiferente:
Leve esta vida, e esta morte.


Antevisão original:
William Butler Yeats
Retrospectivo estresse pós-tradutomático:
Ivan Justen Santana

[saibam mais a respeito clicando aqui]

segunda-feira, agosto 29, 2011

O MUNDO & EU & O MEU UMBIGO

(a Tatiana Lemos e a Edson de Vulcanis)

Enquanto Irene atravessa
a Carolina do Norte
nenhuma Carol tem pressa
de me amar num Sul sem sorte.

Enquanto um tufão destrói
tantas coisas em Taiwan,
nenhuma fã deste herói
me diz: eu te amo, Ivan.

De quê te queixas, meu eu?
Só segues teu cego umbigo?
Teu amigo perde um rim

e ri qual nada perdeu.
Tu, cheio de amor e amigo,
rima um bem sim com bom fim.
*

quinta-feira, agosto 25, 2011

CANÇÃOZINHA DA MANADA POÉTICA PARANAENSE

(a todos os poetas vivos que fazem poesia nesse estado)

Um Emiliano passa a Perneta em muita gente:
Dois Leminskis levam no bigode muitos mais.
Três Kolodys helenizam muita gente:
Quatro Vellozos pitagoram muito mais.
Cinco Silveiras traçam Tasso em muita gente:
Seis Wernecks adolficam muito mais.
Sete Júlias guardam da Costa muita gente:
Oito Adas com Macággicas encantam muito mais.
Nove Cadilhes e-agora-José-questionam muita gente:
Dez Wojciechowskis vivos incomodam incomodam incomodam incomodam incomodam incomodam incomodam incomodam incomodam incomodam
e incomodarão muitos por muitos e muitos anos muito mais.
*

Nesta foto, da Vila Perneta, a casa onde Emiliano teria nascido e morado.
(Mais informações clicando aqui)

sábado, agosto 20, 2011

O Centenário de ILUSÃO, de Emiliano Perneta...

Hoje foi celebrado, na Ilha da Ilusão, no Passeio Público, o centenário de Ilusão, principal livro de poemas de Emiliano Perneta.

O evento foi organizado por sete entidades culturais curitibanas:

Instituto Neo-Pitagórico, Centro de Letras do Paraná, Academia Paranaense de Letras, Centro Paranaense Feminino de Cultura, Academia Feminina de Letras do Paraná, Academia Paranaense da Poesia, e Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.

Participei como mestre de cerimônias. Entre tantas personalidades importantes do cenário atual da cultura curitibana, poetas (registro, por exemplo, a presença do Polaco da Barreirinha, Thadeu Wojciechowski), músicos e autoridades das instituições citadas, também abrilhantou o evento a Bárbara Kirchner (mantenedora o blog Curitiba é um copo vazio cheio de frio), a qual apresentou de impromptu um número musical composto por Octávio Camargo e Paulo Bearzoti, versando sobre Emiliano.

Quem me lê aqui já notou minha simpatia pelo Perneta, não é? Pois é: a obra dele é meu tema de tese de doutorado, atualmente em curso na UFPR. Para saber mais, tem esta entrevista minha ao site Curitiba Cultura (clique aqui).

E, finalmente, já está no ar a Re-Edição Virtual de Ilusão, que pode ser baixada e lida, em dois formatos (ortografia original, e texto atualizado), neste link no site da APL (clicando aqui).

Para terminar a postagem, eis um recorte da folha de rosto da re-edição, conforme o original de 1911:


sexta-feira, agosto 12, 2011

E agora viro parceiro de um poeta de 145 anos de idade, assim:

TERCETOS PARA COMPLETAR A FLORA DE EMILIANO

As raparigas numa gaze leve,
O som do sopro quase mais que breve,
Hoje eu as vejo e o ouço: som, nudez,

Loucamente ao redor da primavera,
Da flor vermelha que será, e é, e era,
Numa ilusão de quem sabe talvez...

Ivan Justen Santana (Um sim em si, 2011)


[recorte o poema desta postagem e cole debaixo do poema
FLORA, de Emiliano Perneta, que está mais abaixo,
na postagem do dia 8 de agosto;
ou então clique nos comentários daqui mesmo,
e veja como ficou esta parceria inédita:]

terça-feira, agosto 09, 2011

Como fazia tempo que eu não fazia um soneto... Eis:

SIMBOLISMOVOOCONGRESSOCARNALESPIRITUAL

De novo: sim, o simbolismo é erótico,
Mas mais no senso do Eros deus-desejo,
Princípio da atração, fervor hipnótico
Da amada que me vê como eu a vejo,

Ou sequer me vê: sente em som sinótico
O efeito transcendente deste beijo,
Estímulo mais fundo que o nervo ótico,
Ataque no atacado e no varejo,

No corpo e na alma, na essência e substância,
Feito ânsia mais análoga do que ânsia
Que os Anjos não cantam. Lá em letra theta,

Em códigos de línguas, corpos nus
Que em vez das posições dos cangurus
Adotam voos de Emiliano Perneta.


Ivan Justen Santana
Curitiba, 8 -> 9 de agosto de 2011

segunda-feira, agosto 08, 2011

Mais um do Emiliano

FLORA

Ontem eu me encontrei contigo, ó primavera,
Os lábios a sorrir, como uma flor vermelha,
Tu trazias na mão a clássica corbelha,
E na fronte ideal uma coroa de hera.

Em derredor de ti, loucamente, passava
Um turbilhão febril de raparigas, quase
Nuas, veladas só por um sendal de gaze,
Mais leve do que o som que Zéfiro soprava...


Emiliano Perneta (Ilusão, 1911)

sexta-feira, agosto 05, 2011

Palestra no Instituto Neo-Pitagórico, neste domingo...

Emiliano e Ilusão

por Ivan Justen Santana
doutorando em estudos literários pela UFPR,
pesquisador da obra de Emiliano Perneta.

Neste mês de agosto, comemora-se o centenário de
Ilusão, principal livro de poemas de Emiliano,
publicado em Curitiba, em agosto de 1911.

A palestra será neste domingo (dia 07/08), às 15h.
Entrada franca.

O Instituto Neo-Pitagórico localiza-se na
Rua Prof. Dario Vellozo, 460
no bairro Vila Izabel, em Curitiba.
(telefone: 3242-1840)

Esta foto da fachada do Templo das Musas, que fica no Instituto,
é do arquivo do INP, creditada a AC.

terça-feira, agosto 02, 2011

ZONAS EROGINECOLÓGICAS

Sim, eu sei que bem mais importantes serão os recheios,
Mas vamos começar com os interessantes bicos dos seios.

A seguir, e ainda mal começando as vistas preliminares,
Vamos refletir sobre abstratas e concretas trocas de olhares.

Começando a nos aquecer e a ficar cada vez mais quentes,
Atentem-se em todas as zonas aos detalhes diferentes.

Pode ser que bem ali mesmo, no encontro de costas e axilas
Haja curvas e certas fendas para tateá-las e descobri-las.

Pois sim, aprofundando-nos, nunca devemos subestimar
Da curva do cocuruto, pela nuca, até a curva do calcanhar.

É lógico e ecológico que uma investigação mais profunda,
É ginecológico e eroginecológico: ronda duplamente a bunda.

E enfim, não sós, mas juntos com mãos, pés, braços, pernas,
Largam-se modas modernas de volta aos templos das cavernas...