De coração contente eu subo ao precipício
Dali de onde se enxerga toda esta cidade,
Prisão, bordel, inferno, purgatório, hospício,
Dos quais qual uma flor floresce a enormidade.
Tu sabes bem, Satã, meu guia na desgraça,
Que aqui no abismo o choro inútil não me invade;
Que feito o velho amante da velha devassa
Eu vim me embebedar dessa enorme vadia
Cujo charme infernal remoça quando passa.
E mesmo que ainda durmas nos lençóis do dia,
Surda, obscura, gripada, ou que ainda em afãs
Nos véus da tarde tu te exibas, joia fria,
Eu te amo, ó capital infame! As cortesãs
E os bandidos, às vezes são tais os prazeres
Incompreendidos pelas leigas massas vãs.
Charles Baudelaire
versão curitibana: Ivan Justen Santana
quarta-feira, outubro 19, 2011
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4 comentários:
Baudelaire em Curitiba ...
Ivan, gostaria de aproveitar esta postagem para dizer que esta tradução ficou ótima, e que, por isso, ela pede para figurar junto ao original.
Além disso, lembrei de sua palestra sobre o Perneta, e penso que você poderia publicar aquela tríade proposta naquela ocasião: "Uma viagem à Citera", do Baudelaire, "Brisa Marinha", do Mallarmé (não lembro se foi exatamente este que você disse na época) e "Versos para embarcar", do Perneta.
Que acha?
Abraço
Wagner
Olá, Wagner -
grato pela leitura - aqui tem um link ao texto original:
http://baudelaire.litteratura.com/le_spleen_de_paris.php?rub=oeuvre&srub=pop&id=189
a ideia de confrontar aqui Baudelaire, Mallarmé e Emiliano é muito boa - possivelmente vou aproveitar essa sugestão -
valeu!
Ivan
bem vindo ao meu Spirituals, Ivan.
Baudelaire é sempre um lero bom.
abraços!
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