quarta-feira, outubro 26, 2011

QUEM TEM MEDO DE DALTON TREVISAN?

(ou: PROSINHA MAIS QUE ORDINÁRIA)

Releio Em busca de Curitiba perdida:
a chance não merece o autor de Desgracida?

Conto umas seis menções expressas a Emiliano.
Desconto o humor: nenhum, na Negrinha acenando.

Contudo até que não se salva a Pensão Nápoles?
Não soa bem o tom deste último dos crápulas?

Não limpa a barra a graça deste aflito drácula?
À nossa sujeira é mais pura dele a mácula?

Se até não colho alexandrino sem cesura
(“um que se salve aos pulos da perninha dura”)

no agressivo Curitiba revisitada?
E essa A faca no coração? Melhor que nada.

Concedo: tem estilo o nosferatu. Lírico,
dramático, e até épico, além de satírico.

Será que desistiu então da própria morte
pra reescrever Canção do exílio que o conforte?

Tá bem. Eu sei. Vazou aqui o alexandrino.
E diante de Dalton eu menos que um menino.

Mas mijo na Cartinha a um velho prosador
e não perco o final: pau em seja quem for!

_____________________________________________

3 comentários:

Adriana Riess Karnal disse...

todas as proparoxitonas sao fortes... que mijada que dá.

Sálvio Nienkötter disse...

Faca no coração

Anônimo disse...

que coincidência, meu velho!!
tbm estou relendo este livro. achei no mercado das pulgas, 8 pila.

pensão nápoles, uma vela para dario, lamentações de curitiba, cemitério de elefantes. flores do mal. pérolas no rim!

não se importe em bater no velhote, ivan. dalton já garantiu que baterá na gente até que cheguemos àquela hora parada (no relógio da osório) do dia da visitação...

literatura é assim mesmo: a crueldade é uma virtude, como diz o outro; e o politicamente correto, o pior veneno contra a arte.
em literatura, é uma virtude descer o cacete em velhos e pernetas!!!

madeira