terça-feira, março 06, 2012

Um Madrigal de Petrarca

52
LII
CINQUENTA E DOIS

Non al suo amante piú Dïana piacque,
quando per tal ventura tutta ignuda
la vide in mezzo de le gelide acque,
Diana was not more pleasing to her lover,
when by chance he saw her all naked
in the midst of icy waters,
Não é mais bela Diana ao seu amante,
quando em total ventura toda nua
nas águas gélidas a vê por diante,

ch'a me la pastorella alpestra et cruda
posta a bagnar un leggiadretto velo,
ch'a l'aura il vago et biondo capel chiuda,
than, to me, the fresh mountain shepherdess,
set there to wash a graceful veil,
that ties her vagrant blonde hair from the breeze,
que a mim esta pastora alheia em sua
tarefa de lavar gracioso véu,
que a laura e vaga trança ata e insinua,

tal che mi fece, or quand'egli arde 'l cielo,
tutto tremar d'un amoroso gielo.
so that she makes me, now that the heavens burn,
tremble, wholly, with the chill of love.
e assim me faz, quando incendeia o céu,
gelar tremendo de amor fogaréu.

Francesco Petrarca
A. S. Kline
Ivan Justen Santana

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2 comentários:

SLCT disse...

E o passáro que ali passava revoluteia e diz ao poeta: que linda tradução, posso usar para encantar o meu amor? Excelente!

Wagner Schadeck disse...

Este é um dos muitos belos poemas do grande Petrarca, Ivan. E embora alguma coisa se perca naturalmente, como o "l'aura", na passagem de uma língua pra outra, sua tradução conseguiu se aproveitar\aproximar do original(como em: "vaga trança ata e insinua"), ousando criativamente, como em: "gelar tremendo de amor fogaréu". Parabéns!


***

Estive no Wonka terça passada. E aí me ocorreu: você, o Thadeu e o Rodolfo entre outros poetas têm belas traduções; oras poderiam sugerir uma noite da tradução de poesia no Wonka... -- que acha, Ivan? abraço