terça-feira, abril 17, 2012

VERSOS DE SURTO: ME SAQUEIO MAS NUNCA ME FURTO

demonstro afeição: a feição de monstro

plante no pé: espalme na mão: molhe no molhe
console no solo: cole: decole: cair de maduro nunca é mole

grave todo grão: acrisole cada cristal: divida as meias
sem as ampulhetas ficam só os sóis: arados de areias

arranhe a champanhe: chape um sanduíche
para amplos os sexos: no fim que se lixe

todos os rabos de todas as tantas sereias
mudas: mudas: metamorfo-me-sei-a-as

chocolate não: dispara jatos de serotonina
alegria é só impressão: menos pior azarar a mina

cada neurônio com a sua terminação
fibras nervosas que carregam informação

eletricidade que ultrapassa todo o espaço
nossa intenção é a mesma do joão: sem braço

sinapses: ápices: bainhas de mielina
estrépitos: colapsos: rejeitos de dopamina

tudo num mundo de veludo azul: mas muito curto
solto santo surto: assim me saqueio mas nunca me furto

_____________________________________

4 comentários:

rodrigo madeira disse...

rsrs! surtado mas duca, ivan. monstruário de primeira.

o primeiro verso ficou antológico: e antilógico, monstrológico, antrológico, antropofagológico, sei lá...

Ivan disse...

valeu a leitura, Rodrigo -- eu quase desreverti o verso assim:

demonstro afeição: a feição de monstro

Anônimo disse...

Ivan, fica melhor com os monstros na ponta.
Siena Mi Fe, Disfecemi Maremma,
o velho Dante já ensinava.

abç
rods.

Ivan disse...

Bom, Rods -

se o Dante já ensinava, quem serei eu.. -
ou antes, quem serei eu, se já ensinava o Dante -

rearranjatum est