quinta-feira, agosto 30, 2012

Presentinhos...

VENHA CÁ, MINHA GATA...

Venha cá, minha gata,
e engatilhe a carabina
da minha língua ingrata;
venha até na chuva, mina,

ser a ninfa do meu ribeiro –
ontem você me fez chover
quase que pelo dia inteiro;
agora vou me declarar

nestas frases descompostas:
eu serei sempre o seu amor,
seu segurança mais pessoal,
o seu maior guarda-costas,

seu eterno, seu só e principal,
homem, monstro, felino, parceiro.
Assim de novo me declaro
todo seu todo, e por inteiro.

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ELE & ELA (ou: ELE TEM TUDO MAS CADÊ ELA?)

Ele sempre aposta tudo.
Ela é bela e estrela a tela
(atenção ao tom agudo:
fá tal tom que a estrela atrela).

Não fosse porém, contudo,
oporem ventos à vela,
assim lho deixando mudo.
Mas se a bela estrela a tela

sem remela e só dá trela
pros que gama em sua umbela,
pros que grava em seu escudo,
nele sempre aposta tudo.

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EU TE JURO, MEU AMOR

Eu te juro, meu amor,
te dizer só frases meigas –
ser quem não sofreu horror,
ser-te as broas das manteigas

– todas coisas sem pendor,
mais que coisas, sem rancor,
mais que meigas, mais que lindas
– mais que até nem furta-cor,

mais que as coisas, tuas vindas...

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EU ESTOU QUERENDO VOCÊ QUE DÓI

Eu estou querendo você que dói:
estou só fazendo como se fora
um poeta mais seco – morto, embora
vivo, tola e totalmente um herói –
que faria sim qualquer coisa, sim,
se você deixasse que eu a seguisse
– eu faria toda e qualquer tolice,
seria ao fim quase morto: sem fim.
Se você nem soubesse – fosse o que fosse –
do tiro na quermesse, da cara dura,
da fossa escura a mira mais a loucura:
daquela que foice, e se foi: encabulou-se.
Portanto sacuda a poeira e saiba: o carnaval
sempre começa quando alguém lava o canal.

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QUASE SEM QUERER QUERENDO

Tenho andado distraído com isso isso isso.
Eduardo nem Mônica contavam com nossa astúcia.
Todos os nossos movimentos culturais
foram precisamente calculados:
o livro está sobre a mesa
mas quem me dera ao menos uma vez
se aproveitassem da sua nobreza.

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[as vinhetas entre os poemas são trinta e cinco estrelas-asteriscos para celebrar a data natalícia de Faena Figueiredo Rossilho - e os poemas desta postagem são dedicados a ela, com beijos múltiplos...]

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quarta-feira, agosto 29, 2012

O AMOR E A VERDADE

Encontrei o amor e a verdade
hoje à tarde, na praça central;
descrever sei lá eu quem há de,
sei que rende um Catatau.

Sem jogar suas mãos para o céu,
sem assaltos mortais num beco,
o amor me ofereceu seu chapéu
e ela, um naco de pão seco.

ijs

segunda-feira, agosto 27, 2012

O TIGRE [outradução da estrofe-crânio]

Tigre! Tigre! brilho em fogo
Nas florestas desta noite,

Que imortal mão ou qual olho
Moldar-te-iam tal simetria?


[...]

Ivan William Justen Blake Santana


sexta-feira, agosto 24, 2012

AURORA AUSTRAL

Para quem ama de dia e de noite
é sempre aurora austral.

Ora pois quem viaja para Astrália
(quem viaja, para;
quem para, viaja)
não tem falha nem tralha:
sua carne vale um carnaval;
seu astral, tal e qual;
sua conjunção, sim: carnal;
e assim repetir sequer faz mal---

para quem ama de dia e de noite
é sempre aurora austral:

vale por um fundo mundo
(e uma leitura do Catatau!)...


[no sexagésimo oitavo aniversário de Paulo Leminski Filho; centésimo décimo terceiro aniversário de Jorge Luis Borges --- Curitiba, 24/08/MMXII]

[ __________________________ ;]

sexta-feira, agosto 17, 2012

MEU AMOR:]

eu te amo muito
e te amo mais além

te amo como também
amo
a humanidade
_____________inteira

como eu amo esta cidade
como amo a vazante
e a maré cheia

com a paciência
e a velocidade
dum gato famélico
em meio a ratoeiras

e com muito
mas muito mais
intensidade
que a do ódio
dos que odeiam
as segundas-feiras


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terça-feira, agosto 14, 2012

TRÊS QUARKS

[James Augusta Joyce
Ivan Justen Santana]

--- Três quarks pro Mimostre Marcos!
Certo que os barcos dele já são meio parcos
E certo que todos que tem estão bem além de seus marcos.
Mas, Ó Ceus Corvopoderoso, seria assim tão para lá dos arcos
Vermos o velho babutre a crocitar por largas camisas de marca
E nuns escuros caçando as suas duas calças sujas nos Palmer-
__stown Parkos?

Hohohoho, moulti Marcos!
És o garnizé mais pigarrelante já esvoaçado da noelina arca

E achas que és o talo do galo tetrarca desta grata fuzarca.
Asas, alto! Tristinhoé é um espanto espartano e remarca
Que vai se casar e acasalar e a casa lar dela e escarlateá-la
Sem nunca picapiscar nenhuma pena de cauda nela ou de ala
E é assim que esse chapa fará sua grana e marca (em marcos)!

[FW : 383 : 1-14]

Clica e dá só uma olhada nessa versão do texto original...]

sábado, agosto 11, 2012

NUMA NUVEM DE FLORES ALADAS

Parecia simples a parceria assim animada:
um olhar uma piscadela, uma pupila em brasa em cada
menina dos olhos; -- alguns devaneios verdes de fada
e a vermelha paixão já bebia sua sangria, desatada.

Foram sortes a desafiar vãos entre paredes e escadas,
sinais de afeto e dons e sensações enamoradas,
as maiores dores e seus alívios chegando em manadas,
manás, nadas, damas, danadas, danças, sambas, saladas.

Cai chuva imóvel de cores sobre a paleta da amada adorada:
rigores e amores que emanam,
evolam-se e se irmanam
numa nuvem de flores aladas.


[to _ _ _ _ _ ]
...

sexta-feira, agosto 10, 2012

DEITE, DAMA, DEITE

canção original: Lay, Lady, Lay
Bob Dylan
versão brasileira:
Ivan Justen Santana

Deite, dama, deite
Deite em minha grande cama de latão
Deite, dama, deite
Deite em minha grande cama de latão
E todas as cores que você quiser imaginar
Te mostro brilhando no fundo do teu olhar

Deite, dama, deite
Deite em minha grande cama de latão
Fique, dama, fique
Fique com seu cara mais um bocado
Até que nasça o dia
Talvez você lhe diga algo engraçado
Suas roupas são sujas mas as mãos são limpas
E você é a melhor mulher que ele verá na vida

Fique, dama, fique
Fique com seu cara mais um bocado
Pra que esperar que o mundo enfim comece
Você tem o bolo nas mãos: pode comer
Pra que esperar mais pelo seu amor
Se ele está aqui diante de você

Deite, dama, deite
Deite em minha grande cama de latão
Fique, dama, fique
Fique enquanto a noite é nova canção
Quero te ver às luzes da manhã
De noite sem você até a lua é vã
Fique, dama, fique
Fique enquanto a noite é nova canção

* * *

quarta-feira, agosto 08, 2012

Já que uma vez me chamaram de "Em Vão" Justen...

LOVE IN VAIN
AMOR EM VÃO

Robert Johnson
versão brasileira curitibana:
Ivan Justen Santana

É, eu a segui até a estação carregando uma mala na mão
Sim, eu segui ela até a estação com uma mala na minha mão
É, é difícil dizer, é difícil prever, se todo seu amor é em vão

Quando o trem chegou na estação eu a olhei de frente
É, no que o trem chegou na estação eu olhei ela de frente
É, me senti tão triste, tão só, que acabei por chorar, finalmente

E o trem deixou a estação arrastando duas luzes em corrente
Sim, o trem deixou a estação e arrastava duas luzes em corrente
A luz azul era minha pequena e a vermelha era minha mente
Todo meu amor em vão
Todinho meu amor
Em vão

…………………………………………………..

segunda-feira, agosto 06, 2012

EU TEREI MINHA ALFORRIA

[de Bob Dylan -- canção original: I Shall Be Released
versão curitibana: Ivan Justen Santana]

Dizem que tudo é recomposto
Mas a distância é um longe em si
Assim relembro cada rosto
De quem me colocou aqui
Eu vejo minha luz vir brilhando
Da manhã até o fim do dia
Qualquer dia, qualquer dia agora
Eu terei minha alforria

Dizem todos precisam de proteção
Dizem que todos vão cair
Mas juro que vejo minha reflexão
Num ponto além do muro aqui
Eu vejo minha luz vir brilhando
Da manhã até o fim do dia
Qualquer dia, qualquer dia agora
Eu terei minha alforria

A meu lado neste grupo solitário
Um cara jura que é inocente
O dia todo ele grita bem alto:
"Caí num esquema inteligente"
Eu vejo minha luz vir brilhando
Da manhã até o fim do dia
Qualquer dia, qualquer dia agora
Eu terei minha alforria

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sábado, agosto 04, 2012

A CHEGADA

é rápida. A alegria também:
chega, acerta, abala, estupefaz,
suspende, surpreende e invade---

já não tem mais pra ninguém:
porque já me orientei, rapaz--
e agora é só felicidade:

depois da partida da amada

mais emocionante
porque menos distante
é sua chegada.

;]

sexta-feira, agosto 03, 2012

BREVÍSSIMA ANTOLOGIA DE VERSINHOS INVISÍVEIS (Clique selecionando a postagem para ler os versinhos)

ao ver que eu não me enxergava
minha anja de resguarda
me deu translúcidas asas


a teia de aranha
numa gruta do vácuo:
até o espaço apanha


eu te amo quando te vejo
mas meu desejo faz isso inclusive
de olhos bem fechados


ijs

;)

quinta-feira, agosto 02, 2012

SUPLICANDO, CONHECENDO, CONVERGINDO

Neste mundo de ilusões e desavenças
Bichos-gentes se iniciam suplicando
Ou aceitam situações até mais tensas

Ou então nonada. Eis senão quando o
Bicho pensa que imagina que conhece e
Conhecendo segue imaginando. Em bando

Muitas dessas ilusões se tornam prece
E assim surgem desavenças, convergindo.
Só nos resta aqui propor: "O que é, o que é: se

Nasce meio feio às vezes morre lindo?"
Tu respondes "Gente" pois também tu pensas
E até aceitas situações mais tensas

Suplicando, conhecendo, convergindo.

_____


GRILO

grilo cricrila

corrimão coração

na mão da axila

<=;>´

quarta-feira, agosto 01, 2012

CHEGA

Chega de paixões fugazes,
chega de incensar já ídolas,
chega de remédios e antrazes
e das cartas de amor rirridículas.

O que vai e vaivém agora--
quem me vem ao encontro e chega
[chega de verdade: e não gora]
quem me atrai-- eu chamo: "Nêga,

minha Neguinha, minha Lili-lalalá--
ó meus os quatros pontos cardeais---
minha aqui---minha ali---minha acolá
minha fáfá-fin-fizinha ultiminha e mais....

ijs
for
ffr

,]