quinta-feira, setembro 06, 2012

O CORO DOS POETAS MORTÍFEROS

Poetas, somos temidos:
se chatos, gênios ou toscos –
se modernos, carcomidos,
enxeridos, decompostos;
nos detestam uns maridos,
nos valem mais desvalidos,
nos abominam, se lidos,
nos leem mesmo em desgostos;
se concretos, visuais,
quer sem letras, vozes, rostos,
somos monstros naturais
artificialmente expostos;
somos mais que um time em campo:
gamos, bisões, sem manada;
uns sem outros solidários
pros leitores ou por nada.
Morreremos abraçados,
distraídos, algemados,
mas na mesma algema extrema
de quem não temeu seu tema.

IJS

2 comentários:

Wagner Schadeck disse...

Belo poema, Ivan. Abraço

Astrid Richter disse...

Belo poema 2, Ivan.