terça-feira, julho 25, 2006

Abri o Arcano 17, de André Breton, e li essa mensagem pra você:

Já que a vida te quis contra tua própria vontade, não és aquela que pode se dar a ela apenas pela metade. A dor e até mesmo o sonho de sucumbir a isso terão sido para ti nada mais do que portas, abertas para a necessidade sempre renovada de comover, de sensibilizar, de embelezar esta vida cruel. Tu sabes como eu a vejo através de ti, plumas de rouxinol na sua cabeleira de pagem. Sua agitação te mantém, eu não conheço nada mais perturbador do que a idéia de que ela te invadiu inteira novamente. A ofensa era tão grande que apenas um semelhante poder de perdão podia estar à altura dela. Mais bela, a solução do mais terrível de todos os enigmas estava em ser mais bela do que sempre havias sido. Mais bela por ter colocado do teu lado as Dominações. Mais bela por saber consentir ao dia hora por hora, à relva talo por talo. Mais bela por ter tido que retomar o filtro e por ser suficientemente bem-nascida para tê-lo levado a teus lábios sem reservas, passando por cima de tudo o que ele podia conter de terrivelmente amargo. Não foi necessário nada além da assistência de todas as forças que se manifestam nos contos para que das cinzas surgisse a flor-que-perfuma, saltasse o animal branco cujo olho longo desvenda os mistérios dos bosques.

Tradução: Maria Teresa de Freitas & Rosa Maria Boaventura

3 comentários:

Anônimo disse...

Você tem o texto original?
Pode mandar pra mim?
Vanessa

Anônimo disse...

Meu e-mail: vanessa.limatavares@gmail.com ou nessata@uol.com.br
Obrigada,
Vanessa.

Priscila Manhães disse...

Triguinho, eu vejo através de ti os sonhos mais lindos.

Obrigada ;)
Te amo.