ao Rodolfo Jaruga
[veja antes a explicação entre colchetes ao final da postagem, ou tente solucionar este problema-poema sem usar qualquer colher de chá]
I
II
Num ringue muito grave, jogadores
Frágil Rei, vesgo Bispo, encarniçada
Regem as lentas peças: tabuleiro
Dama, reta Torre, Peão espertinho
E dois detentos, sério picadeiro
Sobre o preto e branco de seu caminho
Onde se odeiam--dançam duas cores.
Buscam e travam a batalha armada.
Dentro brilham os mágicos rigores
Não sabem que uma mão assinalada
Das formas: Torre homérica, ligeiro
De um jogador governa seu destino,
Cavalo, Dama armada, Rei matreiro,
Não sabem que um rigor adamantino
Oblíquo Bispo e Peões violentadores.
Sujeita seus desejos na jornada.
Quando o par de adversários for partido,
O jogador também é um prisioneiro
Quando já o tempo os tenha consumido,
(Frase de Omar) mas noutro tabuleiro
Por certo não terá cessado o rito.
De negras noites e de brancos dias.
No Oriente pegou fogo esta guerra
Deus move o jogador, que move a peça.
Cujo anfiteatro é hoje toda a Terra,
Que Deus por trás de Deus o ardor começa
Como o outro, este jogo é infinito.
De poeira e tempo e sonhos e agonias?
[intercalados aqui acima estão os dois sonetos de Jorge Luis Borges sobre o jogo de xadrez, ambos em versão brasileira de Ivan Justen Santana]
* * *
3 comentários:
Uia, justo hoje joguei minha primeira partida de xadrez.
Mais uma belezura que se expressa pela tradução, mas somente o sente quem joga assim como você ... com perfeição.TQ
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