quinta-feira, fevereiro 16, 2012

JORGE IVAN LUIS JUSTEN BORGES SANTANA

ao Rodolfo Jaruga

[veja antes a explicação entre colchetes ao final da postagem, ou tente solucionar este problema-poema sem usar qualquer colher de chá]

I
II

Num ringue muito grave, jogadores
Frágil Rei, vesgo Bispo, encarniçada
Regem as lentas peças: tabuleiro
Dama, reta Torre, Peão espertinho
E dois detentos, sério picadeiro
Sobre o preto e branco de seu caminho
Onde se odeiam--dançam duas cores.
Buscam e travam a batalha armada.
Dentro brilham os mágicos rigores
Não sabem que uma mão assinalada
Das formas: Torre homérica, ligeiro
De um jogador governa seu destino,
Cavalo, Dama armada, Rei matreiro,
Não sabem que um rigor adamantino
Oblíquo Bispo e Peões violentadores.
Sujeita seus desejos na jornada.
Quando o par de adversários for partido,
O jogador também é um prisioneiro
Quando já o tempo os tenha consumido,
(Frase de Omar) mas noutro tabuleiro
Por certo não terá cessado o rito.
De negras noites e de brancos dias.
No Oriente pegou fogo esta guerra
Deus move o jogador, que move a peça.
Cujo anfiteatro é hoje toda a Terra,
Que Deus por trás de Deus o ardor começa
Como o outro, este jogo é infinito.
De poeira e tempo e sonhos e agonias?

[intercalados aqui acima estão os dois sonetos de Jorge Luis Borges sobre o jogo de xadrez, ambos em versão brasileira de Ivan Justen Santana]

* * *

3 comentários:

SLCT disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Uia, justo hoje joguei minha primeira partida de xadrez.

SLCT disse...

Mais uma belezura que se expressa pela tradução, mas somente o sente quem joga assim como você ... com perfeição.TQ