segunda-feira, agosto 09, 2004

O que sobrou do pai que eu sou

(escrito há meses com grande saudade:
revisado agora com saudade ainda maior...)


LIRISMO PATERNAL

Um perfume dessas flores
que se colam no meu rosto,
feito pétalas de amores,
feito pôr-do-sol não posto;

passado ao ver o verão,
trinado de primavera;
tom de outono em floração,
fim do inverno à luz primeira;

poema que brusco busco,
verso que me escapa ao plectro;
reflexo no lusco-fusco,
cores que fogem do espectro;

paisagens ainda não vistas:
sons que se gravam no olhar;
passagens ainda imprevistas:
primeira impressão do mar;

penugens de passarinhos,
sensação que se mantinha,
maravilha em meus caminhos:
é a minha filha Rubinha.

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