GATO PRETO
Rainer Maria Rilke
Um fantasma no mínimo é um lugar
Que bate na visão com o som dum toque;
Mas aqui nessa profundidade “noire”
Mesmo o mais forte olhar se dissolve.
Quando surtada, em total loucura,
A criatura se debate no escuro delírio
Súbito acha conforto na cela dura,
Pára, e, como a rima, se evapora.
As visões que jamais a tocaram,
Parece tê-las internalizado, ocultas,
Pra poder serena supervisioná-las
E dormir com as ditas cujas.
Mas presto desperta por instinto
E volta a face direto pra sua:
E você vê sua própria visão, inesperada,
No âmbar amarelo das duas
Pedras curvas dos olhos: guardada
Como um inseto extinto.
Versão Brasileira: Ivan Justen Santana
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