segunda-feira, agosto 30, 2004

PRA NÃO SEPARAR MUITO AS PARTES DELA

CAROLINE SAYS - 1

(LouReed)

Caroline says that I'm just a toy
She wants a man, not just a boy
Oh, Caroline says, oh, Caroline says

CAROLINA DIZ - I

(dublado nos estúdios da PQP)

Carolina diz que me faz de gato e sapato
E que quer um homem e não um rato
Carolina diz isso, Carolina diz aquilo

Caroline says she can't help but be mean
Or cruel or so it seems
Oh, Caroline says, oh, Caroline says

Carolina diz que só consegue ser malvada
Ou é cruel ou não dá a mínima pra nada
Carolina diz assim, Carolina diz assado

She says she doesn't want a man who leans
But to me she's still my germanic queen
Yeah, she's my queen

Ela me diz que desculpa de folgado não cola
Mas pra mim ainda assim é uma rainha espanhola
A minha rainha, ora bolas

The things she does, the things she says
People shouldn't treat others this way
But at first I thought I could take it all
Just like poison in a vial
Hey, she was often very vile
But, of course, I thought I could take it all

As coisas que ela faz, as coisas que ela diz
Não pode ver ninguém ser feliz
No início achei possível viver em paz
Mas como um frasco de veneno
Ela sempre teve um efeito mortalmente lento

Caroline says that I'm not a man
So she'll go get it and catch as catch can
Oh, Caroline says, oh, Caroline says


Carolina diz que ainda não sou um homem feito
E que um dia ela ainda pega algum de jeito
Carolina diz isso, Carolina diz aquilo

Caroline says moments in time
Can't continue to be only mine
Oh, Caroline says, oh, Caroline says

Carolina diz que antes que se arrependa
Não vai me deixar ocupar toda a sua agenda
Carolina diz assim, Carolina diz assado

She treats me like a fool
But to me she's still a german queen
Oh, she's my queen

Ela me manda pedir esmolas
Mas pra mim ainda é a rainha espanhola

A minha rainha, ora bolas

sábado, agosto 28, 2004

100 aviso

eu devia me contentar em morrer em paz
eu não poderia comemorar cem anos
então comemorei uma semana de infinita
solidão

enfim
esse é um blog narciso
eu só sei olhar pra mim

mas existe mais gente
e principalmente
existe o abismo
e quando você olha
para o abismo
o abismo olha
pra você

bem-vindos ao circo de horrores
que ressurge,
glorificando sua própria doença:

carolina diz: parte dois

em breve
a primeira parte...

muhuhahahahahahahahahahahahaha.......

dedicado a uma garota chamada

CAROLINE SAYS - 2

Lou Reed

Caroline says
As she gets up from the floor
"Why is it that you beat me?
It isn't any fun"

Caroline says
As she makes up her eyes
"You ought to learn more about yourself
Think more than just I"

But she's not afraid to die
All of her friends call her Alaska
When she takes speed
They laugh and ask her
What is in her mind

Caroline says
As she gets up from the floor
"You can hit me all you want
But I don't love you anymore"

Caroline says
While biting her lip
"Life is meant to be more than this
And this is a bum trip"

But she's not afraid to die
All of her friends call her Alaska
When she takes speed
They laugh and ask her
What is in her mind

She put her fist through the window pane
It was such a funny feeling
It's so cold in Alaska...

CAROLINA DIZ - II

Carolina diz isso se levantando do tapete
– Sempre que você me bate desmonta seu topete

Carolina diz aquilo colocando um cilho postiço
– Você não pensa no seu id nem sabe nada disso

A morte não a deixa amedrontada
Suas amigas cruéis a chamam de Alaska
Enquanto ela se droga elas dão risada
Perguntando pra que ela não esqueça
O que é que se passa com sua cabeça

Carolina diz assim quando se levanta do tapete
– Me bata quando quiser mas eu te odeio pra sempre

Carolina diz assado mordendo os lábios febris
– A vida não é só o que você leu nos gibis

E a morte não a deixa amedrontada
Suas amigas cruéis a chamam de Alaska
Enquanto ela se droga elas dão risada
Perguntando pra que ela não esqueça
O que é que se passa com sua cabeça

Os punhos dela atravessaram uma vidraça
Foi uma sensação estranha à beça
Faz muito frio no Alaska...

versão brasileira por Ivan Justen Santana

terça-feira, agosto 17, 2004

posfácio

40 postagens, 8 visitas por dia (contando comigo)...
daqui a uma semana leminski faz 60 anos:
provavelmente estarei internado antes disso:
isso não é poesia: é sério (como se poesia também não fosse)...

saldo final: segundo Luís Melodia, ninguém morreu:
quarenta é um número suficiente: forty quer dizer "trocentos",
john lennon nasceu em 40, foi morto em 80 com 40 anos;
uma partida de xadrez dura em média 40 lances;
40 semanas pra um(a) infeliz ser gerado(a) numa barriga humana;
40 dias de dilúvio para a arca de noé;
40 dias jejuava o artista da fome do kafka:
e no fim o que botaram na jaula dele depois que morreu?
uma pantera...

legítimo filhote da palavradepantera.blogspot.com,
parei mordido.

talvez eu volte... um dia eu volto... foi bom surtar com vocês...

adeus

segunda-feira, agosto 16, 2004

Só mente para seus olhos

______________


O MAIS CURTO POEMA COM O TÍTULO MAIS LONGO JAMAIS ESCRITO, NO QUAL IVAN JUSTEN SANTANA ABRE OS BRAÇOS, ENCOLHE OS OMBROS E CAPITULA DIANTE DO JOGO DA EXISTÊNCIA, AO SE FLAGRAR SEPARADO E PRIVADO DE DOIS ENTES QUERIDOS (DUAS “ENTAS”, EM VERDADE), EM ÚLTIMA INSTÂNCIA GRAÇAS A SEUS (DE IVAN) PRÓPRIOS MÉRITOS COMO INCAPAZ E INAPETENTE PARA O CONVÍVIO COM O MUNDO E CONSIGO MESMO (CONSIGO MESMO: SERÁ QUE OUVI BEM?)

abandono

domingo, agosto 15, 2004

Uma letra lindinha para um domingo feioso

TEMPO

O tempo abre as asas sobre nós
Falando asneiras com sua estranha voz
Eu e você estamos no script dos minutos
O tempo se contorce como um puto
Cai e se esparrama pela sala
Nós somos sua trapaça
O tempo está nas agulhas e goles
Exigindo David Bowies
E outros ídolos da juventude
Não se engane, o tempo ilude

Ele mira sua cabeça
Regurgita a sua sujeira
É incestuoso e frívolo
E possui muitos outros títulos
Eu vejo a hora: nove e vinte e cinco
Penso "meu deus, ainda estou vivo"
Todos os sonhos foram embora
Nós devíamos existir agora

Você não é uma vítima
Você só está chateado e grita
Mas o tempo você nunca evita
Diabos, você parece um carro usado
Vai congelar e pegar um resfriado
Não tratou bem da sua saúde
Não se engane, o tempo ilude

Subir na vida é duro
Mas é pior ficar no escuro
Tive muitos sonhos
Colapsos medonhos
Mas você foi minha fada madrinha
Que o amor deixou desolada e sozinha
Talvez você esteja sorrindo por trás da dor
Mas tudo que eu posso lhe dar
É a culpa de ser um sonhador
Todos os sonhos foram embora
Nós devíamos existir agora


Versão Brasileira: Ivan Justen Santana

sábado, agosto 14, 2004

Depois do gato, o caos

Les Chats
Os Gatos

Charles Baudelaire

Les amoureux fervents et les savants austères
Os amantes ferventes e os sábios austeros
Aiment également, dans leur mûre saison,

Amam igualmente, em sua madura estação,
Les chats puissants et doux, orgueil de la maison,

Os gatos possantes e doces, orgulho da mansão,
Qui comme eux sont frileux et comme eux sédentaires.

Que como eles são friorentos e como eles sedentários.

Amis de la science et de la volupté,
Amigos da ciência e da voluptuosidade,
Ils cherchent le silence et l'horreur des ténèbres;

Eles procuram o silêncio e o horror das trevas;
L'Érèbe les eût pris pour ses coursiers funèbres,

O Érebo os tomaria por seus corcéis fúnebres,
S'ils pouvaient au servage incliner leur fierté

Se eles pudessem à servidão inclinar sua arrogância.

Ils prennent en songeant les nobles attitudes
Eles adotam quando sonham as nobres atitudes
Des grands sphinx allongés au fond des solitudes,
Das grandes esfinges alongadas no fundo das solitudes,
Qui semblent s'endormir dans un rêve sans fin;
Que parecem adormecer num sonho sem fim;

Leurs reins féconds sont pleins d'étincelles magiques,
Seu lombo fecundo é cheio de fagulhas mágicas,
Et des parcelles d'or, ainsi qu'un sable fin,
E parcelas d´ouro, assim como uma areia fina,
Etoilent vaguement leurs prunelles mystiques.
Estrelam vagamente suas pupilas místicas.

Dicionário interlinear: Ivan Justen Santana


SEXTA-FEIRA, 13 DE AGOSTO 4EVER!

GATO PRETO

Rainer Maria Rilke


Um fantasma no mínimo é um lugar
Que bate na visão com o som dum toque;
Mas aqui nessa profundidade “noire”
Mesmo o mais forte olhar se dissolve.

Quando surtada, em total loucura,
A criatura se debate no escuro delírio
Súbito acha conforto na cela dura,
Pára, e, como a rima, se evapora.

As visões que jamais a tocaram,
Parece tê-las internalizado, ocultas,
Pra poder serena supervisioná-las
E dormir com as ditas cujas.

Mas presto desperta por instinto
E volta a face direto pra sua:
E você vê sua própria visão, inesperada,
No âmbar amarelo das duas
Pedras curvas dos olhos: guardada
Como um inseto extinto.

Versão Brasileira: Ivan Justen Santana

quinta-feira, agosto 12, 2004

um legítimo cachorro louco

o mês de agosto aí escancarado e ainda nem falei de leminski

quem dera minha poesia toda pudesse ser um mero ato falho

que lambesse os pés da poesia do polacolocopaca:

mas não: ela quer ser mais e menos que isso... agüentem.

contagem regressiva para o aniversário do bandido: faltam 12,

quase 11 dias. olha só a clonagem/ paródia/ plágio/ chupação:


um poema
que não se entende
é digno de nota

dignidade suprema
de um navio
perdendo a rota

p.leminski

____

um poema
que se entende
é como um cágado

mas um poeta embriagado
de poesia, virtude e vinho
é mais lua que solzinho

i.j.santana

terça-feira, agosto 10, 2004

Atendendo ao pedido

...

BARATA TONTA

A criança
está contente
esperando
pela janta
enquanto canta
no jardim.

Coleciona
sete patas
de baratas
semi-mortas
quando canta
no jardim.

Bem na hora
em que ela janta
vem contente
meio tonta
e mostra as patas
para mim.

segunda-feira, agosto 09, 2004

O que sobrou do pai que eu sou

(escrito há meses com grande saudade:
revisado agora com saudade ainda maior...)


LIRISMO PATERNAL

Um perfume dessas flores
que se colam no meu rosto,
feito pétalas de amores,
feito pôr-do-sol não posto;

passado ao ver o verão,
trinado de primavera;
tom de outono em floração,
fim do inverno à luz primeira;

poema que brusco busco,
verso que me escapa ao plectro;
reflexo no lusco-fusco,
cores que fogem do espectro;

paisagens ainda não vistas:
sons que se gravam no olhar;
passagens ainda imprevistas:
primeira impressão do mar;

penugens de passarinhos,
sensação que se mantinha,
maravilha em meus caminhos:
é a minha filha Rubinha.

sábado, agosto 07, 2004

Saturday morning: still stoned...

Saturday morning: still stoned
With several hours of live music,
I wrote an awkward piece of "witty" criticism
About the whole show: no, and…–
In fact, I wrote (again) about me: sick
Minded public relations of his m
ental illness.

dessa vez me senti o próprio cummings...

sexta-feira, agosto 06, 2004

Além do bem e do mal tem também o mal e o bem

...

O UNIVERSO SEGUNDO DANTE ALIGHIERI, EUCLIDES DA CUNHA E EU

Nesta Terra Inferno
Todo Homem Purgatório
Luta Paraíso

quinta-feira, agosto 05, 2004

Por Alighieris nunca Dantes lidos...

POR MIM SE VAI À CIDADE DOÍDA,
POR MIM SE VAI ATÉ A DOR INFINITA,
POR MIM SE VAI A UMA GENTE PERDIDA.

MEU CRIADOR ME FEZ PELA JUSTIÇA:
FUI FEITO POR DIVINO POTENTADO,
POR PRIMO AMOR E MOR SABEDORIA.

ANTES DE MIM NÃO FOI NADA CRIADO
QUE NÃO SEJA INFINITO, E SOU ETERNO.
LARGUE TODA A ESPERANÇA, CONVIDADO.

[assim é (pra mim) o portão do INFERNO]

terça-feira, agosto 03, 2004

PROSA PROSODICAMENTE PROSAPIESCA e FARSESCA

Ao meu amigo Tony Monti, que não lê este blog, então esqueçam que eu o mencionei.

Já que está patente que a poesia só é sempre boa e sempre pouca para as sempre poucas e sempre boas, investirei numa prosa bem factóide: aproveitem, hein, raramente eu deixo de mandar no texto assim e solto o discurso guardado em mim. Mas chega de poesia, rima e ritmo. Já estou Saramago disso. E não tentem fazer isso em casa:

– Hoje de manhã, eu, fulano de tal, estava vestindo minha jaqueta, pensando se estava assim tão frio, quando notei uma aranha subindo por trás da jaqueta, quase no meu pescoço: marrom (a aranha, não o pescoço): eu mesmo não ouvi o grunhido quando ato reflexo tirei a jaqueta e joguei-a no chão. Ergui a jaqueta, a aranha caiu no chão, vacilou e (soc!) matei-a. É verdade, eu juro: perguntem pra minha vizinha: ela é testemunha, já estava quase chamando ambulância a menina...

É, as coisas mais difíceis acontecem, e merecem atenção, assim como as aranhas tecem, assim como a poesia não larga do meu pé. Na realidade, ela fica pulando do direito pro esquerdo, e eu nunca consigo pegar.

segunda-feira, agosto 02, 2004

Mais um poema de segunda


TUDO QUE NÃO SEI DIZER AQUI FICA MAL DITO

(para a gata novamente, desastrado como sempre)

O sol violeta dos teus olhos
violentou meu pensamento:
quanto mais te quero e mostro
mais gasto o teu sentimento.

Se as batatinhas já se esparramaram
quando nasceu o teu primeiro não,
nem as duas caveiras que se amaram
corrigiriam versos pro meu coração.

Então na próxima quadrinha que termina
este exercício autoflagelatório,
vou resumir sozinho aquela "velha e triste sina"
do nosso caso tão perfunctório:

um confuso viu uma confusa,
surtou uma, surtou duas, surtou três:
aí que a porca se desparafusa:
suas duplas loucuras já ganharam a vez.