sexta-feira, novembro 12, 2004

III. CÂNTICO DE SÃO JOÃO

(imaginar a cabeça de São João servida numa bandeja, cantando)

O sol que um sobressalto
Apruma para o alto
Em breve redescende
Incandescente

Por um momento a treva
Das vértebras se eleva
Em uníssono passo
Por todo o espaço

Para que esta cabeça
Solitária apareça
No vôo singular
Da foice no ar

Em completa ruptura
Mais repele ou fratura
A desavença antiga
Que ao corpo a liga

Bêbada de jejum
Que persegue nalgum
Salto louco a vogar
Seu puro olhar

Lá no alto onde os cumes
Eternos têm ciúmes
De que possais vencê-los
Todos ó gelos

Mas levada ao abismo
Pelo mesmo batismo
Que elegeu minha sina
Grata se inclina.


(1913)

(quem souber o autor ponha o dedo aqui)

Tradução de Augusto de Campos (1987)

Um comentário:

Zoe de Camaris disse...

ei, traduz a primeira parte do mallarmé !!!
encara essa, ivan.

beso