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SUPEREGO EM REDONDILHA
Meu prezado e caro Ivan:
tua inspiração é vã;
larga mão de ser pedante,
pois ninguém abrigou Dante;
e não sejas cabotino:
ninguém lê Tomás de Aquino;
vê se não desce o sarrafo:
é: ninguém decifra Safo;
nenhum épico é um idílio:
ninguém quer rever Vergílio;
isto não saiu em vídeo:
ninguém assistiu Ovídio;
sim, é amargo o shake: inspira:
ninguém interpreta Shakespeare;
duplamente o caso é vil:
ninguém viu quem foi o Will;
sem Camões nem bem te espantes:
ninguém ri mais com Cervantes;
larga todos estes poetas:
ninguém curte tais estetas;
na poesia há quem se arrisque:
mas ninguém relê Leminski;
bem trovato não é vero:
quem (ninguém!) recorda Homero?
Pata de asno só dá coice:
afinal ninguém leu Joyce;
assim, enfim, tu também:
Ivan, teu nome é Ninguém.
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4 comentários:
haha!
Mooooointo boooooown!
Ninguém, hein?
Esse poema deve arregalar o Polifemo!
Quem tem um olho... errei!
:)
n.
Gostei!
[Bacana a imagem, não?]
ora, ora... me senti um pouco ofendida. Mas é meu ego, ah este meu super mega hiperego... enfim.
A carapuça não serviu em mim.
Leio Tomás de Aquino, amo os poemas da Safo, aprecio as éclogas de Virgílio, a Metamorfose de Ovídio, as obras magistrais de Shakespeare (incluindo os sonetos), treli Lemiski várias vezes, e te leio e releio e mantenho minha paixão pela poesia viva graças muito a você. Por isso, deixa disso caro Ivan, que tua inspiração é tudo, menos vã.
Um beijo chiliquento da Panda!
Gianna! Seu quadrinho ficou lindo enfeitando minha cozinha!!!!!!!!!
Ora ora digo eu, Panda!
Não permita que seu super-hiper-mega-ego assim se ofenda -
você deve saber que este poema é irônico, e contudo, não obstantemente, fique zen:
se isso lhe faz bem,
saiba que (também)
seu nome é Ninguém.
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