quinta-feira, janeiro 26, 2012

Mais um sonho de Edgar Allan Poe, em duas versões

UM SONHO

Nas visões da noite escura
Eu sonhei do amor partido--
Mas um sonho de luz pura
Deixou meu peito perdido.

Não é o sonho complicado
A quem cujo olhar se molda
Nas coisas à sua volta
E em raio voltado ao passado?

Aquele sonho sagrado,
Enquanto o mundo zombava,
Me alegrou qual adorável
Alma-guia solitária.

Que importam luz, tempestade,
Noite trêmula à distância--
Haveria mais radiância
Que o dia-estrela da Verdade?

Edgar Allan Poe
versão brasileira:
Ivan Justen Santana

* * *

UM SONHO

Andando às cegas pelas ruas, eu vi
Visões do amor, tateando às escuras,
Mas um sonho de luz, sem amarguras,
Desviou meu coração e eu me perdi.

Que sonho eu não teria se em meus olhos,
Em vez de escuridão e passado,
Visse meu ser pulsando feito um raio
Ressuscitando meus próprios miolos?

Aquele sonho, como por encanto,
Alegrou-me e deixou-me vigilante,
Enquanto zombava toda a humanidade.

Que importa o relâmpago ofuscar tanto?
O que poderia ser mais brilhante
Se em plena luz luzia a Verdade?

Edgar Allan Poe
versão brasileira:
Antonio Thadeu Wojciechowski
Ivan Justen Santana


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