terça-feira, julho 20, 2004

Mais um soneto fingindo que não é soneto

Muito bem,
como o poema sobre o Marcos teve repercussão,
postarei alguns frutos
dessa velha parceria (12 anos)
até os dias de hoje pouco conhecida:

Instruções para morrer bem no elevador

Quando abrir a porta tenha certeza
de que o elevador está ali mesmo.
Será precipitado um passo a esmo
e morrer bem requer mais sutileza.
 
Entre sabendo o plano de cabeça.
Chame qualquer andar além do décimo.
O cabo de aço deve estar em péssimo
estado, rangendo bem. Não esqueça
 
que você é feito de água, em carne e osso.
Em queda livre, ainda que sua massa erre o
peso máximo, cai igual a um trôço.
 
Não tenha medo de que o impacto ferre-o:
não há nenhum andar além do poço:
com a mola você volta alegre ao térreo.

 
Ivan Justen Santana
 
(com o auxílio, a aprovação, a parceria
e o vá-te-catar de Marcos Prado de Oliveira)

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