*revisado domingo, 10 de julho*
Não sei quase nada.
Não sei se muita gente está me lendo,
parece que não: ninguém comenta.
Vou instalar um gueri-guéri chamado counter
(mede quem me visita, não necessariamente quem lê),
mas ainda não sei direito como,
ou melhor, até sei, mas agora estou com preguiça.
*bocejo*
Esta vai ser uma postagem longa:
vou começar do início:
no início eu queria só visitar o blog da
minha linda amiga:
aí quis comentar e acabei fazendo este troço.
Mas, em homenagem a ela,
nesta oitava postagem
(celebrando nosso aniversário de uma semana e um dia)
aqui vai um poema de Sylvia Plath,
revertido ao português por mim mesmo:
espero que os leitores e leitoras fantasmas se divirtam.
Ela eu sei que vai gostar.
Essa é a versão final pra mim:
não quero cutucar muito essa pantera.
PERSEGUIÇÃO
Há uma pantera me esperando de tocaia:
Algum dia vou morrer graças a ela;
Sua gana ateou fogo nas florestas,
Ela espreita, envolvente como a lua.
Muito macio e suave desliza seu passo,
Avançando sempre pelas minhas costas;
Da cicuta soturna, gralhas gritam desastre:
A caçada começa, o cerco está armado.
Esfolado por espinhos eu percorro pedras,
Ressecado pelo calor branco do meio-dia.
Ao longo da rede vermelha de suas veias
Que fogos correm, que desejos despertam?
Insaciável, ela explora e pilha o território
Condenado pela falha de nossos ancestrais,
Gritando: sangue, que o sangue jorre mais;
Carne tem que encher na sua boca o rasgo novo.
Afiados os dentes dilacerantes e doce
A chamuscada fúria de sua pelugem;
Seus beijos deixam crestas, as patas, fuligem,
Só um juízo final consumirá sua fome.
No rastro da grande felina encarniçada,
Acesos como tochas para sua diversão,
Homens tostados e devorados no chão
Viram iscas de sua fúria esfomeada.
Morros já tramam perigo, a sombra se incuba;
A meia-noite encobre o bosque opressor;
A saqueadora negra, atrelada pelo amor
Nos quadris fluentes, me força à fuga.
Por trás do matagal confuso dos meus olhos
Fléxil ela espera; na emboscada dos sonhos,
Brilhantes as garras que estraçalham corpos
E famintas, famintas, suas tensas coxas.
Seu ardor me enlaça, incendeia as árvores,
E eu fujo com minha pele já flamejante;
Qual acalanto, qual alívio será frio bastante
Quando esse olhar de topázio queima e marca?
Lanço-lhe meu coração para frear seu ritmo,
Desperdiço sangue para saciar sua sede;
Ela come, mas não alivia sua ansiedade,
Que requer compulsiva um total sacrifício.
Sua voz me alicia, me enfeitiça em transe,
A floresta estripada desmorona em cinzas;
Apavorado por desejo secreto, fujo ainda
De um ataque tão violento e rutilante.
Entrando na torre dos medos mais sentidos,
Fecho as portas da minha culpa sinistra,
Eu tranco a porta, tranco toda e cada porta.
O sangue acelera, retumba nos ouvidos:
Os passos da pantera vêm pelas escadas,
Subindo mais, subindo mais pelas escadas.
Sylvia Plath
Versão brasileira: Ivan Justen Santana
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2 comentários:
ei !! troque "em brasa" por "amarelo". Verso número 36.
Zoe
Troquei mais outras coisas,
inclusive o amarelo por um topázio,
pra enfeitar a tradução (ficou um luxo)...
Mas obrigado de novo, Zoezinha querida.
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