estar na pior no dia de hoje
é ser goleiro que não sai nem na foto
a alegria até parece que foge
mas a tristeza tem um controle remoto
a memória castiga os tristes
com mãos de cacto e acidez na língua
tudo está intacto em seus limites
o amor infecciona mas dá íngua
tirem pulga e arruda detrás da orelha
desfaçam as figas dos dedos do pé
olhem o que a solidão não espelha
e vejam a vida como ela é
antonio thadeu wojciechowski
ivan justen santana
* *
sábado, dezembro 31, 2011
sexta-feira, dezembro 30, 2011
Prosa dedicada a quem quiser vestir a carapuça (mas eu vi primeiro e ninguém tasca)
É isso mesmo: chega de versinhos. Basta de poesia, metrificada ou não, difícil ou facinha, prosificadinha ainda em rimas ou o escambau a quatro. Agora é prosa mesmo, dialógica naquele... Ah, chega também de teorizações. Vamos falar com você.
Sim: você mesmo: não olhe pro lado: não repare os dois pontos: ouça bem: você mesmo, que não teve iniciativa nos momentos certos.
Você que faltou quando seria bom que estivesse presente, que não compareceu mesmo estando ali, na cara, na boca da botija. É. Na porra da boca da botija -- e digo mais: vou usar todo o vocabulário que aparecer: se você tem não-me-toques com palavrões, suma. Suma mesmo, porque o troço aqui vai virar trôço logo logo.
Você, sua anta atômica, seu nó na garganta apertada e apartada de qualquer tirocínio: você não soube agir e não soube explicar, não teve nem a manha de tentar se fazer entender. Ficou ali, até quem sabe achando que bastava deixar acontecer: e mesmo quando bastou, mesmo quando você se atreveu a pensar que era humildade: não era: era inércia, petulância, prepotência, falácia, complacência.
Eu vou te matar. Eu vou te matar dentro e fora de mim. Você perdeu e agora é tarde. Não passará desse final de ano. Não passará desta sexta-feira. Não passará da próxima hora. Não passará nem desse próximo minuto. Porque você já morreu. Ninguém avisou, mas agora estou fazendo essa preza: este é o seu fim. Engula. E bom proveito.
.
Sim: você mesmo: não olhe pro lado: não repare os dois pontos: ouça bem: você mesmo, que não teve iniciativa nos momentos certos.
Você que faltou quando seria bom que estivesse presente, que não compareceu mesmo estando ali, na cara, na boca da botija. É. Na porra da boca da botija -- e digo mais: vou usar todo o vocabulário que aparecer: se você tem não-me-toques com palavrões, suma. Suma mesmo, porque o troço aqui vai virar trôço logo logo.
Você, sua anta atômica, seu nó na garganta apertada e apartada de qualquer tirocínio: você não soube agir e não soube explicar, não teve nem a manha de tentar se fazer entender. Ficou ali, até quem sabe achando que bastava deixar acontecer: e mesmo quando bastou, mesmo quando você se atreveu a pensar que era humildade: não era: era inércia, petulância, prepotência, falácia, complacência.
Eu vou te matar. Eu vou te matar dentro e fora de mim. Você perdeu e agora é tarde. Não passará desse final de ano. Não passará desta sexta-feira. Não passará da próxima hora. Não passará nem desse próximo minuto. Porque você já morreu. Ninguém avisou, mas agora estou fazendo essa preza: este é o seu fim. Engula. E bom proveito.
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ETERNOS VERSOS DE CIRCUNSTÂNCIA E ÂNSIA
Vejam só: hoje já é dia trinta--
Quem sabe algum poema pinta
Pois é: e agora são dez horas--
Encostas tua cabecinha e choras
Sei não: estamos no mês de dezembro--
Pacóvio, pateta, mané, manembro
Aí sim: passe do tempo pro espaço--
Mesma lesma com passo escasso
Putz: o troço aqui não perdeu a graça?--
Sem problemas... dorme que passa
Mas então... sei: vai seguir rimando--
Sim: sem contexto o tempo é velho quando
Assim melhor deletar o poema:
o tema eu até já esqueci--
Tarde demais: não tema-- falta tema
mas todos já nos leram até aqui
___________________________________________
P.S.: E cadê a circunstância? Foi engano?
--Não. É simples. Amanhã é o fim do ano.
--Filho da mãe. Então termina assim?
--Sim. Sou óbvio. E as rimas também:
fim
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Quem sabe algum poema pinta
Pois é: e agora são dez horas--
Encostas tua cabecinha e choras
Sei não: estamos no mês de dezembro--
Pacóvio, pateta, mané, manembro
Aí sim: passe do tempo pro espaço--
Mesma lesma com passo escasso
Putz: o troço aqui não perdeu a graça?--
Sem problemas... dorme que passa
Mas então... sei: vai seguir rimando--
Sim: sem contexto o tempo é velho quando
Assim melhor deletar o poema:
o tema eu até já esqueci--
Tarde demais: não tema-- falta tema
mas todos já nos leram até aqui
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P.S.: E cadê a circunstância? Foi engano?
--Não. É simples. Amanhã é o fim do ano.
--Filho da mãe. Então termina assim?
--Sim. Sou óbvio. E as rimas também:
fim
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quinta-feira, dezembro 29, 2011
Droga, eu sei que você deve estar
Droga, eu sei que você deve estar
me odiando. Agora que não posso
evitar pensar em você, drogar
meu corpo no velho fundo do poço.
Droga! É impossível admitir isso,
impossível entregar o serviço,
mas vou admitir, vou entregar: sim,
droga, eu te amo. Como me amo, enfim,
como amo tudo e todos neste mundo.
Mas esqueço. Esquece. Esqueçam. Aqui
vai tudo que já vi, li e esqueci.
Agora o tempo não tem mais segundo.
Não tem mais. Acabou. Agora vai.
Você ficou, droga. Eu fui. Estou. Vou.
Sem alma. Nem corpo. Sem gol. Nem voo.
Só me resta eu me raspar sem um ai,
me depenar para eu não ser mais eu,
arrancar essa escova, -cerda a -cerda-
droga, eu sou um bosta, e você venceu.
Mas fui eu quem escreveu essa merda!
...
me odiando. Agora que não posso
evitar pensar em você, drogar
meu corpo no velho fundo do poço.
Droga! É impossível admitir isso,
impossível entregar o serviço,
mas vou admitir, vou entregar: sim,
droga, eu te amo. Como me amo, enfim,
como amo tudo e todos neste mundo.
Mas esqueço. Esquece. Esqueçam. Aqui
vai tudo que já vi, li e esqueci.
Agora o tempo não tem mais segundo.
Não tem mais. Acabou. Agora vai.
Você ficou, droga. Eu fui. Estou. Vou.
Sem alma. Nem corpo. Sem gol. Nem voo.
Só me resta eu me raspar sem um ai,
me depenar para eu não ser mais eu,
arrancar essa escova, -cerda a -cerda-
droga, eu sou um bosta, e você venceu.
Mas fui eu quem escreveu essa merda!
...
quarta-feira, dezembro 28, 2011
QUANDO UM MENINO FAZ UM ANO
Quando o menino fez seus seis dias,
lia e sacava Drummond e Pessoa,
sorria a sua mãe e a seu pai,
e dormia como um anjo à toa.
Quando o menino fez sete semanas,
passava as noites sonhando muito,
e pai e mãe igualmente sonhavam,
todos talvez tendo o mesmo intuito.
Quando o menino fez cinco meses,
acordando de meia em meia hora—
mãe e pai já não se entendendo—
o tempo confuso como quem chora.
Quando o menino fez onze meses,
teve a primeira desilusão —
pai em seu surto, mãe com pulsão,
e as rimas não foram revelação.
Quando o menino faz hoje um ano,
a vida segue suave e violenta,
o pai aloprado — a mãe xaropenta,
e a gente celebra, finge que esquece a poesia ou nem lembra da prosa, e tenta, e aguenta, e comenta, e se inventa e venta a menta bolorenta e larga a vírgula e não esquenta e perde a rima mas recupera a razão insana ou sutil ou bacana e diz para se ver vário afã de sol em si com elã que não frustrem em santa gana um feliz aniversário ao Ian Nadolny Roland Justen Santana.
*
lia e sacava Drummond e Pessoa,
sorria a sua mãe e a seu pai,
e dormia como um anjo à toa.
Quando o menino fez sete semanas,
passava as noites sonhando muito,
e pai e mãe igualmente sonhavam,
todos talvez tendo o mesmo intuito.
Quando o menino fez cinco meses,
acordando de meia em meia hora—
mãe e pai já não se entendendo—
o tempo confuso como quem chora.
Quando o menino fez onze meses,
teve a primeira desilusão —
pai em seu surto, mãe com pulsão,
e as rimas não foram revelação.
Quando o menino faz hoje um ano,
a vida segue suave e violenta,
o pai aloprado — a mãe xaropenta,
e a gente celebra, finge que esquece a poesia ou nem lembra da prosa, e tenta, e aguenta, e comenta, e se inventa e venta a menta bolorenta e larga a vírgula e não esquenta e perde a rima mas recupera a razão insana ou sutil ou bacana e diz para se ver vário afã de sol em si com elã que não frustrem em santa gana um feliz aniversário ao Ian Nadolny Roland Justen Santana.
*
segunda-feira, dezembro 26, 2011
UMA HISTÓRIA DE UM PAI, UMA MÃE E UM FILHO
(a dois dias de o filho completar um ano de idade)
Fiz tudo que podia fazer sozinho
naquele carnavalzinho
até conhecê-la
e conceber com ela
o nosso amado filhinho.
Agora ele morará com ela
mas comigo também,
nunca sozinho.
Agora haverá choro e ranger de dentes,
as coisas iguais e as diferentes,
as saudações a parentes,
os sorrisos aparentes,
e as tristezas sem traço.
Agora seremos três corpos no espaço,
ocupando muitos e vários lugares,
diversas salas de estares,
e os três nos mesmos lares
só nas rimas dos versos que faço.
Ivan
(primavera/verão de 2011/2012)
* * *
Fiz tudo que podia fazer sozinho
naquele carnavalzinho
até conhecê-la
e conceber com ela
o nosso amado filhinho.
Agora ele morará com ela
mas comigo também,
nunca sozinho.
Agora haverá choro e ranger de dentes,
as coisas iguais e as diferentes,
as saudações a parentes,
os sorrisos aparentes,
e as tristezas sem traço.
Agora seremos três corpos no espaço,
ocupando muitos e vários lugares,
diversas salas de estares,
e os três nos mesmos lares
só nas rimas dos versos que faço.
Ivan
(primavera/verão de 2011/2012)
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sábado, dezembro 24, 2011
SUTRA DO SURTADO
acorde sem acordo
campos sem augusto
joyce sem haroldo
leitora de procusto
de laço no pescoço
prato de tremoço
tremo não de susto
suspiro de arroto
todo bortolotto
tem seu texto justo
cada montenegro
em seu santo posto
pira que se acende
perra que dá gosto
flor que não sem custo
brota pelo esgoto
gruta na cidade
greta de algum garbo
pena de algum parvo
tinta pelo almaço
grito pelo almoço
testa este compasso
estuda aquele passo
pulsa no poço
trisca um traste escasso
fresta rumo ao fosso
volta na caverna
abrindo sua perna
chorando o esforço
chama o esfarrapado
chupando o roto
choca muito escroto
correndo o risco
riscando o disco
corroendo o osso
um velho anjo torto
xamã do louco
que racha a taxa
encaixa na faixa
chacoalha a caixa
xucra a macha
e ainda acha pouco
___________________
campos sem augusto
joyce sem haroldo
leitora de procusto
de laço no pescoço
prato de tremoço
tremo não de susto
suspiro de arroto
todo bortolotto
tem seu texto justo
cada montenegro
em seu santo posto
pira que se acende
perra que dá gosto
flor que não sem custo
brota pelo esgoto
gruta na cidade
greta de algum garbo
pena de algum parvo
tinta pelo almaço
grito pelo almoço
testa este compasso
estuda aquele passo
pulsa no poço
trisca um traste escasso
fresta rumo ao fosso
volta na caverna
abrindo sua perna
chorando o esforço
chama o esfarrapado
chupando o roto
choca muito escroto
correndo o risco
riscando o disco
corroendo o osso
um velho anjo torto
xamã do louco
que racha a taxa
encaixa na faixa
chacoalha a caixa
xucra a macha
e ainda acha pouco
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sexta-feira, dezembro 23, 2011
ORAÇÃO-PEDIDO DE PRÉ-NATAL
(sem blasfêmia, para macho e para fêmea)
Todos solicitamos a todos:
a luz de Jesus,
o coração de João,
o paredro sinedro de Pedro,
a poesia da alegria de Maria,
e até os deus-me-acudas de Judas,
até mesmo a fé-como-é-que-é de Tomé,
e uma amada melena de Madalena...
Mas que não nos venha um baita azar de Baltazar,
e sim o melhor de Melquior, sem raspar Gaspar.
E que nos abram as cadabras de Abraão,
e nos gargalhe a claque de Isaque,
com seus Josés, com Manassés e Moisés.
E que soem as palavras da parábola dos grãos,
para católicos e ortodoxos cristãos,
mas também aos de outra conversão
ou até mesmo de ateísta reversão.
Simplesmente nessa nossa comoção assim como sãos
e salvos ficaremos, festejemos,
estejamos numa muda de Buda,
para lá do lado de Alá,
naquela esquiva de Shiva
ou na rima inexistentíssima de Krishna --
em Pã, Tupã, Iansã, Oxum, Ogum, Oxalá e Ogã,
dos arcos-íris de Osíris até os coquetéis de Quetzalcóatl,
da Asgaard de Thor e Odin até os confins de Aldebarã.
Ivan, celebrando hoje o depois de amanhã.
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Todos solicitamos a todos:
a luz de Jesus,
o coração de João,
o paredro sinedro de Pedro,
a poesia da alegria de Maria,
e até os deus-me-acudas de Judas,
até mesmo a fé-como-é-que-é de Tomé,
e uma amada melena de Madalena...
Mas que não nos venha um baita azar de Baltazar,
e sim o melhor de Melquior, sem raspar Gaspar.
E que nos abram as cadabras de Abraão,
e nos gargalhe a claque de Isaque,
com seus Josés, com Manassés e Moisés.
E que soem as palavras da parábola dos grãos,
para católicos e ortodoxos cristãos,
mas também aos de outra conversão
ou até mesmo de ateísta reversão.
Simplesmente nessa nossa comoção assim como sãos
e salvos ficaremos, festejemos,
estejamos numa muda de Buda,
para lá do lado de Alá,
naquela esquiva de Shiva
ou na rima inexistentíssima de Krishna --
em Pã, Tupã, Iansã, Oxum, Ogum, Oxalá e Ogã,
dos arcos-íris de Osíris até os coquetéis de Quetzalcóatl,
da Asgaard de Thor e Odin até os confins de Aldebarã.
Ivan, celebrando hoje o depois de amanhã.
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PARA TI TANIA
Uma frase espontânea,
uma alegria subcutânea,
uma resposta instantânea.
Uma estranha manha,
um lance de perde ganha,
uma uva itália em plena Alemanha.
Um carinho sem nenhuma inânia.
Um dicionário que nos livre da insânia.
Uma guarânia urânia,
titânia da Lusitânia,
cantada e recitada pela Maria Betânia.
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uma alegria subcutânea,
uma resposta instantânea.
Uma estranha manha,
um lance de perde ganha,
uma uva itália em plena Alemanha.
Um carinho sem nenhuma inânia.
Um dicionário que nos livre da insânia.
Uma guarânia urânia,
titânia da Lusitânia,
cantada e recitada pela Maria Betânia.
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UM TOQUE DE RETOQUE
Para Kaley Michelle
Não adianta
reclamar
do mundo:
basta olhar
dentro de si.
Pode ser até
sem dó e de ré:
mas o amor
sempre toca
lá no fundo.
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Não adianta
reclamar
do mundo:
basta olhar
dentro de si.
Pode ser até
sem dó e de ré:
mas o amor
sempre toca
lá no fundo.
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terça-feira, dezembro 20, 2011
A VIDA ÍMPAR
Às Lemos – e aos mais que lemos
– Penso que no fundo elas se querem.
Bem, quem sou eu pra me intrometer,
antes que tudo que elas puderem
façam? – Será abuso de poder?
– E até parece que até posso tanto...
– Enquanto isso, e a sua vida aqui?
– Minha, sua, nossa – Nossa! – Espanto,
parto, pranto, pau, daqui, dali,
pá de cá pá de lá... – Pás de cal?
– Paz decalque? – Ué... É seu recalque?
– Você não acha tudo normal?
– Não é você o poeta, o mestre, o tal que...?
Então. Resolva-se antes, mané!
Primeiro julgue o que você conhece:
entenda-se em si, bote-se fé,
ou registre seu próprio S.O.S.
A vida é ímpar. Se cabe o surto,
cabe também tudo e todo mundo.
Mesmo que só reste um verso curto,
fica um mas... – Mas o amor vai mais fundo.
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– Penso que no fundo elas se querem.
Bem, quem sou eu pra me intrometer,
antes que tudo que elas puderem
façam? – Será abuso de poder?
– E até parece que até posso tanto...
– Enquanto isso, e a sua vida aqui?
– Minha, sua, nossa – Nossa! – Espanto,
parto, pranto, pau, daqui, dali,
pá de cá pá de lá... – Pás de cal?
– Paz decalque? – Ué... É seu recalque?
– Você não acha tudo normal?
– Não é você o poeta, o mestre, o tal que...?
Então. Resolva-se antes, mané!
Primeiro julgue o que você conhece:
entenda-se em si, bote-se fé,
ou registre seu próprio S.O.S.
A vida é ímpar. Se cabe o surto,
cabe também tudo e todo mundo.
Mesmo que só reste um verso curto,
fica um mas... – Mas o amor vai mais fundo.
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sábado, dezembro 17, 2011
ÊXTASE: TU ESTÁS & ESTOU TAL
Nosso amor talhou
depois de dois ois
e uns nuncas num caos.
Mas bastou teu vou,
nós nus nos lençóis:
voltou tudo e talz...
Começou quem sou.
Se és qual lua em sóis
subo os teus degraus.
Porque estás, estou:
mesmo sem alcoóis
êxtase em mil graus...
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depois de dois ois
e uns nuncas num caos.
Mas bastou teu vou,
nós nus nos lençóis:
voltou tudo e talz...
Começou quem sou.
Se és qual lua em sóis
subo os teus degraus.
Porque estás, estou:
mesmo sem alcoóis
êxtase em mil graus...
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sexta-feira, dezembro 16, 2011
AMOROSAMENTE DEDICADO AOS MEUS LEITORES E LEITORAS, MAS MAIS AINDA AOS QUE AINDA ESTÃO APRENDENDO A SER GENTE, REPETENTES DE ANO NA ESCOLA DA VIDA, E QUE MESMO SE LEREM NUNCA HÃO DE ENTENDER ISTO
:::::::::::::::
estes estralos
vão pelos ralos
estas estrelas
trolam novelas
hostes dos grilos
cricrilam trilos
enquanto aos tolos
basta dispô-los
morrerão fulos
seus atos nulos
:::::::::::::::::::...
estes estralos
vão pelos ralos
estas estrelas
trolam novelas
hostes dos grilos
cricrilam trilos
enquanto aos tolos
basta dispô-los
morrerão fulos
seus atos nulos
:::::::::::::::::::...
quinta-feira, dezembro 15, 2011
Um sexto dedo de prosa e duas ou três carradas de poesia
Hoje é aniversário da Alexandra Lemos Zagonel.
Também é aniversário do finado poeta curitibano Marcos Prado (50 anos hoje).
Depois de praticamente um poema por dia há quinze dias, hoje eu vou postar (em homenagem à Xanda), um poema que fiz imaginando o que teria acontecido a Marcos Prado após sua morte. Aviso aos incautos: é imaginação -- poesia é principalmente imaginação -- realidade exclusivamente realidade é pra quem faz economia e contabilidade, valeu? O poema também se refere ao que o Drummond fez quando morreu o Mário de Andrade. Eu fiz o meu em partes, ficou pronto já há algum tempo, e saiu na revista Coyote, no ano passado.
Enfim, acho que o meu surto poético ainda não acabou, mas talvez não seja muito saudável continuar jorrando versos novos todo dia, quando a vida é bem mais (e me exige bem mais) que poesia. A vida é imaginação mais realidade mais filosofia mais prática mais tudo que ninguém dá conta.
Enfim de novo: tem gente muito inspiradora nessa vida. Aos olhos do observador certo, toda pessoa é uma inspiração mágica. Mas, a olhos tortos, zarolhos e errados (no caso, os meus), tem gente que nos broxa o tesão de produzir, porque conseguem confundir poesia e realidade da maneira menos criativa possível. Mas é pra todas as pessoas, indiscriminadamente, que existem a poesia, a beleza, o amor, as limpezas, as sujeiras, a vaidade, e a verdade. Quer vivam mortas, quer morram vivas, quer consigam ou não entender isso.
E um brinde à Xanda, às criaturas inspiradoras, e à banda Criaturas.
* * *
MARCOS PRADO DESCE AOS INFERNOS
Sem dar pelota às descrições de Dante,
as quais, aliás, ele já traduzira em trio,
Marcos Prado baixou no inferno delirante,
cego de álcool num infinito vazio.
Um diabrete chato pra cacete
gritou sem voz um lembrete:
“Tua alma veio vendendo a saúde
que outras querem negociar por mal...”
“Isso”, fala Marcos, “é o que ilude
quem pensa que fazer o bem é normal.”
Mal pôde abrir a fedorenta boca
um outro diabinho que corrói,
Marcos, à queima-roupa:
“Carinho dói.”
O cáustico olhar de criança
azucrinava os demos, de infante a marmanjo:
“Vamos”, ulularam, “nessa contradança
levá-lo abaixo ao nosso maior anjo!”
“Quem é que te protege, poeta biônico?”
grasnou uma voz, em meio à bulha.
E Marcos, no velho estilo bolha, irônico:
“Santo Antônio da Patrulha!”
Aí Lúcifer, gentil, mostrou a cadeia da liberdade
que impedia Marcos de cruzar o portão,
e concedeu licença ao poeta pra voltar à sua cidade:
“Mas só porque lá já o pregaram num paredão”.
* * *
Também é aniversário do finado poeta curitibano Marcos Prado (50 anos hoje).
Depois de praticamente um poema por dia há quinze dias, hoje eu vou postar (em homenagem à Xanda), um poema que fiz imaginando o que teria acontecido a Marcos Prado após sua morte. Aviso aos incautos: é imaginação -- poesia é principalmente imaginação -- realidade exclusivamente realidade é pra quem faz economia e contabilidade, valeu? O poema também se refere ao que o Drummond fez quando morreu o Mário de Andrade. Eu fiz o meu em partes, ficou pronto já há algum tempo, e saiu na revista Coyote, no ano passado.
Enfim, acho que o meu surto poético ainda não acabou, mas talvez não seja muito saudável continuar jorrando versos novos todo dia, quando a vida é bem mais (e me exige bem mais) que poesia. A vida é imaginação mais realidade mais filosofia mais prática mais tudo que ninguém dá conta.
Enfim de novo: tem gente muito inspiradora nessa vida. Aos olhos do observador certo, toda pessoa é uma inspiração mágica. Mas, a olhos tortos, zarolhos e errados (no caso, os meus), tem gente que nos broxa o tesão de produzir, porque conseguem confundir poesia e realidade da maneira menos criativa possível. Mas é pra todas as pessoas, indiscriminadamente, que existem a poesia, a beleza, o amor, as limpezas, as sujeiras, a vaidade, e a verdade. Quer vivam mortas, quer morram vivas, quer consigam ou não entender isso.
E um brinde à Xanda, às criaturas inspiradoras, e à banda Criaturas.
* * *
MARCOS PRADO DESCE AOS INFERNOS
Sem dar pelota às descrições de Dante,
as quais, aliás, ele já traduzira em trio,
Marcos Prado baixou no inferno delirante,
cego de álcool num infinito vazio.
Um diabrete chato pra cacete
gritou sem voz um lembrete:
“Tua alma veio vendendo a saúde
que outras querem negociar por mal...”
“Isso”, fala Marcos, “é o que ilude
quem pensa que fazer o bem é normal.”
Mal pôde abrir a fedorenta boca
um outro diabinho que corrói,
Marcos, à queima-roupa:
“Carinho dói.”
O cáustico olhar de criança
azucrinava os demos, de infante a marmanjo:
“Vamos”, ulularam, “nessa contradança
levá-lo abaixo ao nosso maior anjo!”
“Quem é que te protege, poeta biônico?”
grasnou uma voz, em meio à bulha.
E Marcos, no velho estilo bolha, irônico:
“Santo Antônio da Patrulha!”
Aí Lúcifer, gentil, mostrou a cadeia da liberdade
que impedia Marcos de cruzar o portão,
e concedeu licença ao poeta pra voltar à sua cidade:
“Mas só porque lá já o pregaram num paredão”.
* * *
quarta-feira, dezembro 14, 2011
UM SIM EM NÓS
Meus versinhos são pistolas.
O teu silêncio – uma faca.
Toda cidade te assaca.
Eu gosto quando me amolas.
Te dizem sou louco triste.
Me falam és gata fraca.
Mas pra ver se quica em placa
Nosso amor resiste insiste.
Ontem saiu teu canudo.
Hoje acordei contudo:
Além do mal e do bem.
Eu ando meio incontido
Contando tudo que ouvi do
Sim que em nós teu dom com tem.
*
O teu silêncio – uma faca.
Toda cidade te assaca.
Eu gosto quando me amolas.
Te dizem sou louco triste.
Me falam és gata fraca.
Mas pra ver se quica em placa
Nosso amor resiste insiste.
Ontem saiu teu canudo.
Hoje acordei contudo:
Além do mal e do bem.
Eu ando meio incontido
Contando tudo que ouvi do
Sim que em nós teu dom com tem.
*
terça-feira, dezembro 13, 2011
DE CHARLES PARA CHANDALL
Ó Chandall, bela Von Kalckmann,
Ó cantora, eu canto a ti;
Vídeo-games têm seus pácmans,
Sete anões têm seu Atchim;
Tu serás a personagem
Personificada aqui...
Chocolates são mais doces,
Sóis vermelhos têm mais luz;
Mas mais doce tu não fosses
Só na fossa ouvindo um blues;
Mesmo assim és como os totens
De selvagens seminus...
Ó Chandall, a ti declaro
Minha idololização;
Quando ouvi teu timbre raro
De uma queda fui ao chão;
Pois sentiu meu triste faro
Que és maçã, não és melão...
Não me acudam três amazonas,
Não sacudam-me pelos pés;
Pois sei que entre três brincalhonas
Irmãzinhas grande tu és;
E portanto, trocando o ritmo,
Este teu tímido não íntimo
Aqui assina que és mesmo a tal...
Charles Von Ivan de Chandall
_________________________________
Ó cantora, eu canto a ti;
Vídeo-games têm seus pácmans,
Sete anões têm seu Atchim;
Tu serás a personagem
Personificada aqui...
Chocolates são mais doces,
Sóis vermelhos têm mais luz;
Mas mais doce tu não fosses
Só na fossa ouvindo um blues;
Mesmo assim és como os totens
De selvagens seminus...
Ó Chandall, a ti declaro
Minha idololização;
Quando ouvi teu timbre raro
De uma queda fui ao chão;
Pois sentiu meu triste faro
Que és maçã, não és melão...
Não me acudam três amazonas,
Não sacudam-me pelos pés;
Pois sei que entre três brincalhonas
Irmãzinhas grande tu és;
E portanto, trocando o ritmo,
Este teu tímido não íntimo
Aqui assina que és mesmo a tal...
Charles Von Ivan de Chandall
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segunda-feira, dezembro 12, 2011
O CÉU AINDA FICA AZUL CAFONA
Para Rose Costa
O céu ainda fica azul cafona.
Filósofos replicam com quem andas.
Os bêbados sabem macia a lona.
O amor ainda dança essas cirandas.
Mulheres lindas numa e noutra Irlanda
Confirmam tais verdades bonitonas:
Um urso é mais bonzinho quando panda –
Paixões alastram-se – asinhas e asonas.
O fim do mundo não começa nunca.
A ponta do nariz é sempre adunca.
Aos Andes haverá de haver as Andas.
Quem dera o com tivesse a sua cona.
O céu ainda fica azul cafona
E o amor ainda dança essas cirandas.
_________________________________________
O céu ainda fica azul cafona.
Filósofos replicam com quem andas.
Os bêbados sabem macia a lona.
O amor ainda dança essas cirandas.
Mulheres lindas numa e noutra Irlanda
Confirmam tais verdades bonitonas:
Um urso é mais bonzinho quando panda –
Paixões alastram-se – asinhas e asonas.
O fim do mundo não começa nunca.
A ponta do nariz é sempre adunca.
Aos Andes haverá de haver as Andas.
Quem dera o com tivesse a sua cona.
O céu ainda fica azul cafona
E o amor ainda dança essas cirandas.
_________________________________________
domingo, dezembro 11, 2011
O RETORNO DE UMA FIGURA CARIMBADA DO HUMOR-HORROR NO CANCIONEIRO CURITIBANO
um chute
no saco
do trouxa
um choque
lá na área
da tosca
um grude
de araque
na tasca
um tasco
de traque
na ah losca
um chiste
nos lábios
do homem-mosca
____________
a quem quiser conhecer mais sobre o Homem-Mosca, personagem da genial canção de Xanda Lemos, Tati Lemos e Juliana Indjaian, clique aqui -- (e depois baixem o álbum O Sexto Dedo, das Criaturas -- ou arrependam-se de não conhecer o melhor disco curitibano de 2009) --
no saco
do trouxa
um choque
lá na área
da tosca
um grude
de araque
na tasca
um tasco
de traque
na ah losca
um chiste
nos lábios
do homem-mosca
____________
a quem quiser conhecer mais sobre o Homem-Mosca, personagem da genial canção de Xanda Lemos, Tati Lemos e Juliana Indjaian, clique aqui -- (e depois baixem o álbum O Sexto Dedo, das Criaturas -- ou arrependam-se de não conhecer o melhor disco curitibano de 2009) --
sábado, dezembro 10, 2011
O AMOR EM SEUS COMEÇOS
O amor em seus começos
transforma os endereços,
revira e vira avessos,
desamolece os gessos,
reinicia o mês, os
dias deslembro-esqueços.
O amor revive o inédito
chavão valor sem crédito
vulgar latim impédito
da rima aqui sem fé dito-
samente ao seu descrédito
num truque desinédito.
O amor só cola assim
repetitivo ah sim
usando de outrossim
com mais sim-sala-bim
rim-tim-tim por tim-tim
para sempre afim.
E até que o mundo entenda
da grana ou da merenda,
viva ou morta esta lenda,
aceitos estes preços,
em vinte e cinco versos
deixei semi-inexpressos
o amor em seus começos.
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transforma os endereços,
revira e vira avessos,
desamolece os gessos,
reinicia o mês, os
dias deslembro-esqueços.
O amor revive o inédito
chavão valor sem crédito
vulgar latim impédito
da rima aqui sem fé dito-
samente ao seu descrédito
num truque desinédito.
O amor só cola assim
repetitivo ah sim
usando de outrossim
com mais sim-sala-bim
rim-tim-tim por tim-tim
para sempre afim.
E até que o mundo entenda
da grana ou da merenda,
viva ou morta esta lenda,
aceitos estes preços,
em vinte e cinco versos
deixei semi-inexpressos
o amor em seus começos.
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sexta-feira, dezembro 09, 2011
O PAPEL INGÊNUO DA VIDA
quem nunca fez uma cagada
que atire a primeira mãozada de bosta
a gente faz porque a gente gosta
cada um por si, todos por cada
Edilson Del Grossi, Edson de Vulcanis, Ars Magoo
...
Cada cagada que se faz no hoje
talvez amanhã se mostre um tesouro
e o gás que a algum nariz talvez enoje
será p’r’outra narina um peido de ouro.
Ivan, inspirando-se em seus irmãos camaradas
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que atire a primeira mãozada de bosta
a gente faz porque a gente gosta
cada um por si, todos por cada
Edilson Del Grossi, Edson de Vulcanis, Ars Magoo
...
Cada cagada que se faz no hoje
talvez amanhã se mostre um tesouro
e o gás que a algum nariz talvez enoje
será p’r’outra narina um peido de ouro.
Ivan, inspirando-se em seus irmãos camaradas
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quinta-feira, dezembro 08, 2011
APELO SILENCIOSO DE UM SOLITÁRIO POR UMA MASSAGEM
bebo um chá
pisco
choro e esfrego as costas
num muro de chapisco --
...
pisco
choro e esfrego as costas
num muro de chapisco --
...
quarta-feira, dezembro 07, 2011
MULTIDÃO
(letra e música: Sérgio Justen)
Tem gente que chora uma desunião
Tem gente que ri pela mesma razão
Tem gente que fala, tem gente que escuta
Tem gente que cala, tem gente que luta
Tem gente voltando pela contramão
Tem gente descendo pelo corrimão
Tem gente saindo, tem gente chegando
Tem gente brigando, tem gente se amando
Tem gente esperando pelo carnaval
Tem gente cansada já sem esperança
Tem gente perdida em meio ao temporal
Tem gente sonhando e que nunca se cansa
Tem gente que dança, dança...
Tem gente que gosta de banho de sol
Tem gente que odeia jogar futebol
Tem gente que agride, tem gente que agrada
Tem gente valente, tem gente de nada
Tem gente parada em frente ao edifício
Tem gente correndo atrás do prejuízo
Tem gente pra cima, tem gente pra baixo
Tem gente prum lado, tem gente pro outro
Tem gente esperando pelo carnaval
Tem gente cansada já sem esperança
Tem gente perdida em meio ao temporal
Tem gente sonhando e que nunca se cansa
Tem gente que dança...
[Vejam e ouçam Anna Toledo cantando uma composição de Sérgio Justen, Novos Ares -- é só clicar aqui]
Tem gente que chora uma desunião
Tem gente que ri pela mesma razão
Tem gente que fala, tem gente que escuta
Tem gente que cala, tem gente que luta
Tem gente voltando pela contramão
Tem gente descendo pelo corrimão
Tem gente saindo, tem gente chegando
Tem gente brigando, tem gente se amando
Tem gente esperando pelo carnaval
Tem gente cansada já sem esperança
Tem gente perdida em meio ao temporal
Tem gente sonhando e que nunca se cansa
Tem gente que dança, dança...
Tem gente que gosta de banho de sol
Tem gente que odeia jogar futebol
Tem gente que agride, tem gente que agrada
Tem gente valente, tem gente de nada
Tem gente parada em frente ao edifício
Tem gente correndo atrás do prejuízo
Tem gente pra cima, tem gente pra baixo
Tem gente prum lado, tem gente pro outro
Tem gente esperando pelo carnaval
Tem gente cansada já sem esperança
Tem gente perdida em meio ao temporal
Tem gente sonhando e que nunca se cansa
Tem gente que dança...
[Vejam e ouçam Anna Toledo cantando uma composição de Sérgio Justen, Novos Ares -- é só clicar aqui]
segunda-feira, dezembro 05, 2011
DOZE MUSAS MUSICISTAS
Uma musa mais que rara
– sorte a qual nunca se aposta:
Nyara Costa.
Musa de pantera pele –
voz que além ninguém compara:
Michele Mara.
Mais versátil que cigana
– faz, desfaz o enredo ledo:
Anna Toledo.
Mais que o sucesso de cara –
mais que indiscutivelmente:
Uyara Torrente.
Criatividade bárbara
– mesmo se óbvio escrevo kirchner:
Barbara Kirchner.
Nota alegre ou nota séria –
mais ligada que mil voltz:
Rogéria Holtz.
Ensinando não se engana
– se até o cardo é mais – é nardo:
Ana Cascardo.
Pairam noites de Cabíria –
caprichosa feita maga:
Iria Braga.
Linda a língua que se edite
– cristalina assina ao largo:
Edith Camargo.
Compõe, canta, toca, emana –
Em latim revelo-a in nuce:
Ana Larousse.
Se a sereia vai menina
– volta máxi ou até míni:
Janaína Fellini.
Brilho que não cega ao vê-la –
dom com tom tão mais feliz
– mesmo quando a um triste trisque:
Estrela Ruiz Leminski.
* * * * * * * * * * * *
Adendo prosaico: hoje é aniversário da Ana Clara Fischer -- mais uma musa musicista que poderia perfeitamente constar nesse poema -- e com a Ana Clara eu poderia/deveria ter adicionado: Thayana Barbosa, Lívia Lakomy, Melina Mulazani, Laís Mann, Selma Batista, Etél Frota, Kátia Drumond, Helena Bel, Xanda Lemos, Cris Lemos, Tatiana Lemos, Chiris Gomes, Zelda-Gi, Márcia Pricilla, Andrea Hellena, Helena Sofia, Grace Torres, Anne Torres, Sílvia Contursi, Alexandra Scotti -- enfim, agora aqui são mais vinte e uma musas musicistas -- entre cantoras, compositoras, instrumentistas -- todas portadoras do instrumento musical natural da voz, portanto: musicistas -- e também musas inspiradoras, disso não tenho a menor dúvida -- mas por minha insuficiência calhei de escolher as doze que me surgiram antes à memória, e às quais as rimas vieram quase que imediatamente -- pois a memória, além de mítica mãe das musas, também é um pouco traiçoeira: me perdoem todas -- as acima versadas, as lembradas nesta prosa, e as muitas (inúmeras) não citadas -- nestes versos de reverso da minha melancolia, foram doze as luzes de que me vali, mais as vinte e uma que a seguir assinalei, das quais não é menor o mérito por isso -- quero deixar afinal aqui um meu genuíno desejo de que as rimas que ainda não achei encaixem-se em todos os nomes de todas, todas as que assim (e também) nas notas musicais brilham...
...
– sorte a qual nunca se aposta:
Nyara Costa.
Musa de pantera pele –
voz que além ninguém compara:
Michele Mara.
Mais versátil que cigana
– faz, desfaz o enredo ledo:
Anna Toledo.
Mais que o sucesso de cara –
mais que indiscutivelmente:
Uyara Torrente.
Criatividade bárbara
– mesmo se óbvio escrevo kirchner:
Barbara Kirchner.
Nota alegre ou nota séria –
mais ligada que mil voltz:
Rogéria Holtz.
Ensinando não se engana
– se até o cardo é mais – é nardo:
Ana Cascardo.
Pairam noites de Cabíria –
caprichosa feita maga:
Iria Braga.
Linda a língua que se edite
– cristalina assina ao largo:
Edith Camargo.
Compõe, canta, toca, emana –
Em latim revelo-a in nuce:
Ana Larousse.
Se a sereia vai menina
– volta máxi ou até míni:
Janaína Fellini.
Brilho que não cega ao vê-la –
dom com tom tão mais feliz
– mesmo quando a um triste trisque:
Estrela Ruiz Leminski.
* * * * * * * * * * * *
Adendo prosaico: hoje é aniversário da Ana Clara Fischer -- mais uma musa musicista que poderia perfeitamente constar nesse poema -- e com a Ana Clara eu poderia/deveria ter adicionado: Thayana Barbosa, Lívia Lakomy, Melina Mulazani, Laís Mann, Selma Batista, Etél Frota, Kátia Drumond, Helena Bel, Xanda Lemos, Cris Lemos, Tatiana Lemos, Chiris Gomes, Zelda-Gi, Márcia Pricilla, Andrea Hellena, Helena Sofia, Grace Torres, Anne Torres, Sílvia Contursi, Alexandra Scotti -- enfim, agora aqui são mais vinte e uma musas musicistas -- entre cantoras, compositoras, instrumentistas -- todas portadoras do instrumento musical natural da voz, portanto: musicistas -- e também musas inspiradoras, disso não tenho a menor dúvida -- mas por minha insuficiência calhei de escolher as doze que me surgiram antes à memória, e às quais as rimas vieram quase que imediatamente -- pois a memória, além de mítica mãe das musas, também é um pouco traiçoeira: me perdoem todas -- as acima versadas, as lembradas nesta prosa, e as muitas (inúmeras) não citadas -- nestes versos de reverso da minha melancolia, foram doze as luzes de que me vali, mais as vinte e uma que a seguir assinalei, das quais não é menor o mérito por isso -- quero deixar afinal aqui um meu genuíno desejo de que as rimas que ainda não achei encaixem-se em todos os nomes de todas, todas as que assim (e também) nas notas musicais brilham...
...
domingo, dezembro 04, 2011
PREDOMÍNIO DE BÍLIS NEGRA
Novamente prego.
Novamente pia.
Nasce-me o sol negro
Da melancolia.
Outra vez dezembro.
Outra vez sem via.
Outra vez sou membro
Dessa confraria.
Vou aos cemitérios.
Vou às catacumbas.
Voo nos mistérios.
Desço em meio às tumbas.
Artes têm segredos.
Artes têm magias.
Ao perder pros medos
Perdem-se alegrias.
Sem as minhas manhas,
Sem você, perdida,
Sangram as tamanhas
Espirais da vida.
Ou é só um remédio,
Ou só o precipício.
Ouço em tom de tédio:
Vício? Vai pro hospício.
Mas se você disse:
'Meu, eu sou feliz --'
Minha cretinice
Não pediu nem bis.
Outra vez um prego.
Outra vez na pia.
Nasce-me o sol negro
Da melancolia.
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Novamente pia.
Nasce-me o sol negro
Da melancolia.
Outra vez dezembro.
Outra vez sem via.
Outra vez sou membro
Dessa confraria.
Vou aos cemitérios.
Vou às catacumbas.
Voo nos mistérios.
Desço em meio às tumbas.
Artes têm segredos.
Artes têm magias.
Ao perder pros medos
Perdem-se alegrias.
Sem as minhas manhas,
Sem você, perdida,
Sangram as tamanhas
Espirais da vida.
Ou é só um remédio,
Ou só o precipício.
Ouço em tom de tédio:
Vício? Vai pro hospício.
Mas se você disse:
'Meu, eu sou feliz --'
Minha cretinice
Não pediu nem bis.
Outra vez um prego.
Outra vez na pia.
Nasce-me o sol negro
Da melancolia.
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sábado, dezembro 03, 2011
O MAIS BONITO SUICÍDIO
(a Cristina Gebran)
O mais bonito suicídio
é o suicídio simulado:
finge-se
uma esfinge. Se
você já se suicidou
assim
sabe que ou-
trossim
é esse
o mais bonito suicídio que acontece.
________________________________
sexta-feira, dezembro 02, 2011
Deblaterações autoctônicas em abstruso estilo poéticoprosaico
Meu prezado e caro eu mesmo dentrodemim cúpido, cuspido, estúpido e enterredado Ivan:
o que será que será que você nem não está despercebendo nesta semitonante existência inultilitimemente matem-a-temática? Ou (sejamos claros -- e docemente pornográficos, como queria Drummond com seu duromundo) melhor expressando, com afã e elã sem manhatantã:
qual é a sua?
Aonde você pensa que vai assim?
Pra que toda essa panca de nem nada quase coisa nenhuma e simplesmente tudo na necas de Curitipitibiriba?
Enfim:
foi alguma moça nua
que te deixou estatelado e apatetado desse jeito com cara-de-velhinho-do-Passeio-Público jogando biriba?
Ou terá sido alguma rima que novamente te atravessou a prosaica coloquialidade do ramerrão diário e te botou virando cambalhotas mentais no atravessar em diagonal as marechais em pleno trânsito de intranseuntes motoristas neurastênicos metendo os pés pelas mãos aos volantes?
Ou antes:
(e agora vem a dura realidade, prepare-se:)
-- terá sido esse seu autoproclamado surto poético, de variadas e multíplices produções-sublimações-da-loucura-mais-absoluta, e essa Virada Cultural, e esses teus recitais no Café Parangolé, e enfim todas essas festas de ontens-hojes-amanhãs -- terá sido só e simplesmente tudo isso que acabou por te deixar com a cuca fora da casinha -- o suficiente pra que você se desprendesse assim de mulher e filho e passasse agora à beira do completo desatino do destino, achando bonito correr o risco máximo, conforme apregoou o grande (e suicida, não esqueça disso) poeta Torquato Neto, o qual você manjou no youtube, na maviosa interpretação do superator Paulo José (cliquem e ouçam-vejam-leiam-saibam) ao som da música de grandes bambambans capitaneados por Jards Macalé?)
-- Foi ou é isso que é, meu Zé, meu pé, meu Pelé, meu capilé, meu Tomé Barnabé qual-é como-é-que-é, meu cara-de-quem-faz-o-que-quer-da-vida-e-assim-mesmo-de-si-mesmo-toma-olé?
Não sei. Sei lá. Em tom de ré:
acho que foi. Sigo não obstantemente cumprindo as obrigações mais imediatas. Agradeço a superegoica chamada na chincha. Mas vou continuar desse jeito questionável por enquanto. Sem mais comentários, entretanto. Até.
...
(to be continued -- ou: tupi continha, ué...)
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o que será que será que você nem não está despercebendo nesta semitonante existência inultilitimemente matem-a-temática? Ou (sejamos claros -- e docemente pornográficos, como queria Drummond com seu duromundo) melhor expressando, com afã e elã sem manhatantã:
qual é a sua?
Aonde você pensa que vai assim?
Pra que toda essa panca de nem nada quase coisa nenhuma e simplesmente tudo na necas de Curitipitibiriba?
Enfim:
foi alguma moça nua
que te deixou estatelado e apatetado desse jeito com cara-de-velhinho-do-Passeio-Público jogando biriba?
Ou terá sido alguma rima que novamente te atravessou a prosaica coloquialidade do ramerrão diário e te botou virando cambalhotas mentais no atravessar em diagonal as marechais em pleno trânsito de intranseuntes motoristas neurastênicos metendo os pés pelas mãos aos volantes?
Ou antes:
(e agora vem a dura realidade, prepare-se:)
-- terá sido esse seu autoproclamado surto poético, de variadas e multíplices produções-sublimações-da-loucura-mais-absoluta, e essa Virada Cultural, e esses teus recitais no Café Parangolé, e enfim todas essas festas de ontens-hojes-amanhãs -- terá sido só e simplesmente tudo isso que acabou por te deixar com a cuca fora da casinha -- o suficiente pra que você se desprendesse assim de mulher e filho e passasse agora à beira do completo desatino do destino, achando bonito correr o risco máximo, conforme apregoou o grande (e suicida, não esqueça disso) poeta Torquato Neto, o qual você manjou no youtube, na maviosa interpretação do superator Paulo José (cliquem e ouçam-vejam-leiam-saibam) ao som da música de grandes bambambans capitaneados por Jards Macalé?)
-- Foi ou é isso que é, meu Zé, meu pé, meu Pelé, meu capilé, meu Tomé Barnabé qual-é como-é-que-é, meu cara-de-quem-faz-o-que-quer-da-vida-e-assim-mesmo-de-si-mesmo-toma-olé?
Não sei. Sei lá. Em tom de ré:
acho que foi. Sigo não obstantemente cumprindo as obrigações mais imediatas. Agradeço a superegoica chamada na chincha. Mas vou continuar desse jeito questionável por enquanto. Sem mais comentários, entretanto. Até.
...
(to be continued -- ou: tupi continha, ué...)
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quinta-feira, dezembro 01, 2011
DEDICADO A A.L.
fui dormir
pra sentir
quem me lê
quando li
logo ali
qu'est-ce que c'est?
(que és que se?)
esquecer
não tem como
nem me domo
vejo o cromo
deixo a pista
quem conquista
solo em mi
sonho um si
ponho aqui
isto a ti
desenhista
____________
pra sentir
quem me lê
quando li
logo ali
qu'est-ce que c'est?
(que és que se?)
esquecer
não tem como
nem me domo
vejo o cromo
deixo a pista
quem conquista
solo em mi
sonho um si
ponho aqui
isto a ti
desenhista
____________
terça-feira, novembro 29, 2011
UMA QUADRA NA TERÇA
O amor é mais duro do que a pedra
e mais mole que a bexiga duma gata:
cresce onde a erva daninha não medra
e aparece lá onde a paixão não mata.
[feito falando a Tania Chaiben, em 28-11-2011]
e mais mole que a bexiga duma gata:
cresce onde a erva daninha não medra
e aparece lá onde a paixão não mata.
[feito falando a Tania Chaiben, em 28-11-2011]
domingo, novembro 27, 2011
FELICIDADE AMARGA
[prévia do que vou estrear nesta terça-feira, 29/11, à noite,
no Café Parangolé, a convite do Evandro 'Manchinha' Cardoso,
do Manchinha Trio --
o poema inspira-se na composição Tango Negro]
sol negro
violeta negra
todas as negras
festas de amanhãs
nublados
os sinais e os sinaleiros
amarelos verdes azuis
vermelhos negros
fechados
vontade liberdade de partir
içar a panda lança vela
sorrir seguindo
seguir sentindo
a chuva bela
o frio tão lindo
perceber a dor e o prazer
sem perverter o puro olhar
reconhecer tom dom cor
capacidade ainda ao amor
poder de suportar a carga
da felicidade amarga
a qual você já conhecia
porque aprendeu a ler
o que a melancolia
____________________________________
no Café Parangolé, a convite do Evandro 'Manchinha' Cardoso,
do Manchinha Trio --
o poema inspira-se na composição Tango Negro]
sol negro
violeta negra
todas as negras
festas de amanhãs
nublados
os sinais e os sinaleiros
amarelos verdes azuis
vermelhos negros
fechados
vontade liberdade de partir
içar a panda lança vela
sorrir seguindo
seguir sentindo
a chuva bela
o frio tão lindo
perceber a dor e o prazer
sem perverter o puro olhar
reconhecer tom dom cor
capacidade ainda ao amor
poder de suportar a carga
da felicidade amarga
a qual você já conhecia
porque aprendeu a ler
o que a melancolia
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sexta-feira, novembro 25, 2011
TODAS AS FESTAS DE AMANHÃ
(ALL TOMORROW'S PARTIES --
canção original de Lou Reed e John Cale
em versão brasileira de Ivan Justen Santana)
E qual traje a pobre garota vestirá
Pra todas as festas de amanhã?
Um vestido usado de sabe se lá
Pra todas as festas de amanhã?
E aonde ela irá, e o que ela fará
Quando a meia-noite chegar?
Ela vai apelar outra vez
Pro palhaço de domingo
E chorar atrás da porta, baixinho
E qual traje a pobre garota vestirá
Pra todas as festas de amanhã?
Por que seda, linho e tafetá
Das vestes de ontens
Pra todas as festas de amanhã?
E o que ela fará
Dos trapos da quinta-feira
Quando a segunda chegar?
Ela vai apelar outra vez
Pro palhaço de domingo
E chorar atrás da porta, baixinho
E qual traje a pobre garota usará
Pra todas as festas de amanhã?
Pois a criança de quinta-feira
É o palhaço de domingo
Por quem ninguém veste luto
Uma mortalha enegrecida
Roupas usadas de sedas e trapos
Traje perfeito pra sentar e chorar
Por todas as festas de amanhã
___________________________________
canção original de Lou Reed e John Cale
em versão brasileira de Ivan Justen Santana)
E qual traje a pobre garota vestirá
Pra todas as festas de amanhã?
Um vestido usado de sabe se lá
Pra todas as festas de amanhã?
E aonde ela irá, e o que ela fará
Quando a meia-noite chegar?
Ela vai apelar outra vez
Pro palhaço de domingo
E chorar atrás da porta, baixinho
E qual traje a pobre garota vestirá
Pra todas as festas de amanhã?
Por que seda, linho e tafetá
Das vestes de ontens
Pra todas as festas de amanhã?
E o que ela fará
Dos trapos da quinta-feira
Quando a segunda chegar?
Ela vai apelar outra vez
Pro palhaço de domingo
E chorar atrás da porta, baixinho
E qual traje a pobre garota usará
Pra todas as festas de amanhã?
Pois a criança de quinta-feira
É o palhaço de domingo
Por quem ninguém veste luto
Uma mortalha enegrecida
Roupas usadas de sedas e trapos
Traje perfeito pra sentar e chorar
Por todas as festas de amanhã
___________________________________
quarta-feira, novembro 23, 2011
Ao lançamento das Essências Transfiguradas
velocissimamente
velo assim o que sente
esse um sim em si e a
transfigurada essência
do um por si de cada ente
*
velo assim o que sente
esse um sim em si e a
transfigurada essência
do um por si de cada ente
*
segunda-feira, novembro 21, 2011
FÊNIX
dentro
de cada
um de nós
tem uma
fênix
dentro dela
fogo cromo ródio
lilases rododendros
dentes asas membros
de amor e de ódio
sobre tons de
ônix
dentro de
cada tom
violetas vivas
roxos de morte
anéis cristais pós
e algo ainda
e cada vez
mais forte
dentro de cada
um de seus
nós
*******************************
de cada
um de nós
tem uma
fênix
dentro dela
fogo cromo ródio
lilases rododendros
dentes asas membros
de amor e de ódio
sobre tons de
ônix
dentro de
cada tom
violetas vivas
roxos de morte
anéis cristais pós
e algo ainda
e cada vez
mais forte
dentro de cada
um de seus
nós
*******************************
sexta-feira, novembro 18, 2011
ACÚSTICA DAS ÁGUAS E DOS CÉUS
De mãos e pés atados, cabelos arrepiados,
entre tortos e queridos e amalbendiçoados,
ainda assim sigo subindo esse riocorrente,
e da jangada quebrada iço e atiço as velas,
soprando incontinente e avassaladoramente
só pra ir ouvindo cantos de sereias e estrelas...
(shows de Jana Fellini -- hoje ali no SESC Paço,
e de Estrela Leminski -- amanhã lá no Paiol:
noites em que haverá sol...)
* * *
entre tortos e queridos e amalbendiçoados,
ainda assim sigo subindo esse riocorrente,
e da jangada quebrada iço e atiço as velas,
soprando incontinente e avassaladoramente
só pra ir ouvindo cantos de sereias e estrelas...
(shows de Jana Fellini -- hoje ali no SESC Paço,
e de Estrela Leminski -- amanhã lá no Paiol:
noites em que haverá sol...)
* * *
quinta-feira, novembro 17, 2011
O ex-surtado, ainda um pouco egomaníaco mas prometendo melhorar, parabeniza sua filha
*
Quando eu enlouqueci, no meu primeiro surto,
Ela foi a razão da minha volta ao controle;
E hoje é também por ela que nunca me furto
A manter com rigor meu coração mole.
Seriam de esperar no mínimo onze versos
Para celebrar este aniversário dela:
Onze anos pulsam hoje como onze universos
E eu sei que ela já sabe o quanto a vida é bela.
Assim perfaço aqui doze dodecassílabos
Nesta homenagem, senão certa, mais que justa
E lanço mão de um truque: a fácil rima em ílabos
Facilitando os parabéns a Rúbia Augusta.
* * * * * * * * * * *
(onze estrelinhas de presente pra você, filha)
________________________________________
Quando eu enlouqueci, no meu primeiro surto,
Ela foi a razão da minha volta ao controle;
E hoje é também por ela que nunca me furto
A manter com rigor meu coração mole.
Seriam de esperar no mínimo onze versos
Para celebrar este aniversário dela:
Onze anos pulsam hoje como onze universos
E eu sei que ela já sabe o quanto a vida é bela.
Assim perfaço aqui doze dodecassílabos
Nesta homenagem, senão certa, mais que justa
E lanço mão de um truque: a fácil rima em ílabos
Facilitando os parabéns a Rúbia Augusta.
* * * * * * * * * * *
(onze estrelinhas de presente pra você, filha)
________________________________________
terça-feira, novembro 15, 2011
ALÉM DO ZEN E DO TAO
*
folha de papel em branco
implorando por uma metáfora
pra pegar no tranco
falha do poeta bronco
procurando apenas um nome
pra riscar no tronco
ilha do livro onde brinco
siga só pra destroncar
a tranca sem trinco
_______________________
folha de papel em branco
implorando por uma metáfora
pra pegar no tranco
falha do poeta bronco
procurando apenas um nome
pra riscar no tronco
ilha do livro onde brinco
siga só pra destroncar
a tranca sem trinco
_______________________
sábado, novembro 12, 2011
FIM DA NOITE
(no Wonka Bar)
Um cão fila de pagamento
sem clima de putaria ali dentro.
O poeta, semitonto de absinto,
muito à vontade -- aliás, minto:
pouco morto de vontade de, de,
de contatar a amada via DDD
porém sem saber quem é ela, quem
sou eu, quem nós, vós, tu, você.
_____________________________
Um cão fila de pagamento
sem clima de putaria ali dentro.
O poeta, semitonto de absinto,
muito à vontade -- aliás, minto:
pouco morto de vontade de, de,
de contatar a amada via DDD
porém sem saber quem é ela, quem
sou eu, quem nós, vós, tu, você.
_____________________________
sexta-feira, novembro 11, 2011
A AMARGÚCIA & O ODISSÍNIKO
(ou UM COMEÇO SEM DESMEIO NEM FIM)
A Amargúcia e o Odissíniko,
quais dois rábidos fatentes,
ampulhetavam desperdentes
histercórias de engonzínico.
Ternangantas gatiplantas
flaufam íteos falinúvios,
condilecem cios esgrúvios,
pulcram legres rodimantas.
Certo dia, crômio de ludeza...
...
... >< ... !!!
...
A Amargúcia e o Odissíniko,
quais dois rábidos fatentes,
ampulhetavam desperdentes
histercórias de engonzínico.
Ternangantas gatiplantas
flaufam íteos falinúvios,
condilecem cios esgrúvios,
pulcram legres rodimantas.
Certo dia, crômio de ludeza...
...
... >< ... !!!
...
Uma saudação especial (e espacial)
ao fundamental
Ricardo Chacal:
da poesia marginal
ao CEP Vinte Mil,
ao que ele já produziu
e por prosseguir assim a mil --
Chacal me disse que a Virada Cultural
pra ele era como um Rock in Rio --
e isso não foi um exagero sensacional
nem resultou de nossa empolgação febril:
pra mim foi como se a poesia nacional
centralizasse Curitiba no Brasil.
* * *
Ricardo Chacal:
da poesia marginal
ao CEP Vinte Mil,
ao que ele já produziu
e por prosseguir assim a mil --
Chacal me disse que a Virada Cultural
pra ele era como um Rock in Rio --
e isso não foi um exagero sensacional
nem resultou de nossa empolgação febril:
pra mim foi como se a poesia nacional
centralizasse Curitiba no Brasil.
* * *
quinta-feira, novembro 10, 2011
HOJE!
(o "título de trabalho" do meu recital hoje é Inédito & Blogado --
basicamente é um recital de poesia,
mas a quem gosta de surpresas: participação especial
da cantora e acordeonista Helena Sofia...
basicamente é um recital de poesia,
mas a quem gosta de surpresas: participação especial
da cantora e acordeonista Helena Sofia...
(clique na imagem para ampliar)
terça-feira, novembro 08, 2011
domingo, novembro 06, 2011
Relato Pessoal da Virada Cultural em Curitiba 2011
Recordo em primeiro lugar que o prolongamento da Virada, a Corrente Cultural, segue até o próximo sábado, e estarei no Cabaret Parangolé, no café de mesmo nome, nas noites de 10/11 (quinta-feira) e 12/11 (sábado), estreando meu recital poético Inédito & Blogado.
A Virada Cultural foi estapafúrdia: no sentido de "acachapante, irrefragável, colossal e supimpa".
Um mundo de eventos.
De início, participei diretamente (como poeta convidado) no Panelaço, em sua segunda edição. A primeira foi em homenagem a Ivo Rodrigues. Esta celebrou o poeta curitibano Marcos Prado (1961-1996), tendo as participações poéticas de Roberto Prado, Batista de Pilar, Thadeu Wojciechowski, Monica Berger, Edilson Del Grossi, e este seu criado blogueiro. Fiz também a "amestragem de cerimônias", apresentando além dos poetas as bandas (Os Elementos, Bardot em Coma, Crocodilla, Os Chuvas, A Sexta Geração da Família Palim, bem como Diego Medina).
Fiquei das 12h às 18h no teatro do SESC da Esquina. Os poetas tiveram por volta de 15 minutos para suas récitas. As bandas, 35 minutos. Eu poderia escrever um conto (ou até uma novela) sobre essa tarde. Foram apresentações de altíssima qualidade. Sendo eu suspeito para julgar, quero que se foda quem achar que estou sendo arrogante: na verdade, o único senão foi a presença de público, numericamente falando - mas qualitativamente a minoria que esteve por lá foi uma minoria esmagadora.
Depois, fui ao palco das Ruínas de São Francisco. A Banda Mais Bonita da Cidade estava lavando a alma dos compositores curitibanos. Munido de credencial, assisti a boa parte do show literalmente no backstage: a parte de trás do palco. Ali estavam Alexandre França, Luiz Felipe Leprevost e Troy Rossilho. Consagração deles, destacados pela adorável Uyara Torrente. Indescritível a emoção: aproximadamente dez mil pessoas vendo uma nova geração de artistas concentrados aqui em Curitiba sendo entronizados no panteão da cultura pop do momento.
A seguir, na companhia do grande poeta carioca Chacal, e daquele que eu qualifico "o Imperador da poesia curitibana": Adriano Smaniotto, subimos ao segundo andar da galeria de arte Um Lugar ao Sol, e participamos do RádioCaos ao vivo no palco das Ruínas, com as canções de Giovanni Caruso & o Escambau. Recitamos poemas a um grande público, mesmo tendo se dispersado a multidão que viu a Banda Mais Bonita.
Depois do show do Copacabana Club, novamente aconteceu o RádioCaos ao vivo, para um público ainda maior e mais participativo. O programa é produzido e apresentado pelo vocalista e aglutinador cultural Rodrigo Barros Homem Del Rey, junto com Samuel "Big Lips", que insere bases sonoras com grande sensibilidade para seu encaixe nos poemas. A segunda entrada do RádioCaos teve o impagável e genial compositor, músico e cantor curitibano Carlos Careqa, que dominou e pasmou o público. Nós três poetas (Chacal, Imperador Smaniotto e eu) acho que também não fizemos feio -- na verdade, ficou tudo registrado: quem viu, viu, quem não viu poderá conferir futuramente, se tiver sorte, os vídeos que a esposa e o filho de Samuel fizeram: momentos que agora estão na galeria de tesouros da minha memória. Sem abusar desse lugar comum. Assim foi, é e será.
Depois, a festa no Parangolé. Foi só a abertura do Cabaret, com o Klezmorim levando a audiência a êxtases de dança, palmas e gritos.
Hoje, show do grupo vocal Brasileirão, e Sá e Guarabyra. E o encerramento da Virada no Bicicletário. Um fim de semana real e mágico, absurdo e verdadeiro, simples e sublime.
* * *
Adiciono aqui três nomes de pessoas-chave para mim nesse fim de semana:
Getúlio Guerra
Rogéria Holtz
Edson de Vulcanis (torcemos pela sua recuperação, Aranha!)
e agradeço ao público, em especial a quem tem sorrido e se alegrado com os meus êxitos.
Saúdes!
* * *
A Virada Cultural foi estapafúrdia: no sentido de "acachapante, irrefragável, colossal e supimpa".
Um mundo de eventos.
De início, participei diretamente (como poeta convidado) no Panelaço, em sua segunda edição. A primeira foi em homenagem a Ivo Rodrigues. Esta celebrou o poeta curitibano Marcos Prado (1961-1996), tendo as participações poéticas de Roberto Prado, Batista de Pilar, Thadeu Wojciechowski, Monica Berger, Edilson Del Grossi, e este seu criado blogueiro. Fiz também a "amestragem de cerimônias", apresentando além dos poetas as bandas (Os Elementos, Bardot em Coma, Crocodilla, Os Chuvas, A Sexta Geração da Família Palim, bem como Diego Medina).
Fiquei das 12h às 18h no teatro do SESC da Esquina. Os poetas tiveram por volta de 15 minutos para suas récitas. As bandas, 35 minutos. Eu poderia escrever um conto (ou até uma novela) sobre essa tarde. Foram apresentações de altíssima qualidade. Sendo eu suspeito para julgar, quero que se foda quem achar que estou sendo arrogante: na verdade, o único senão foi a presença de público, numericamente falando - mas qualitativamente a minoria que esteve por lá foi uma minoria esmagadora.
Depois, fui ao palco das Ruínas de São Francisco. A Banda Mais Bonita da Cidade estava lavando a alma dos compositores curitibanos. Munido de credencial, assisti a boa parte do show literalmente no backstage: a parte de trás do palco. Ali estavam Alexandre França, Luiz Felipe Leprevost e Troy Rossilho. Consagração deles, destacados pela adorável Uyara Torrente. Indescritível a emoção: aproximadamente dez mil pessoas vendo uma nova geração de artistas concentrados aqui em Curitiba sendo entronizados no panteão da cultura pop do momento.
A seguir, na companhia do grande poeta carioca Chacal, e daquele que eu qualifico "o Imperador da poesia curitibana": Adriano Smaniotto, subimos ao segundo andar da galeria de arte Um Lugar ao Sol, e participamos do RádioCaos ao vivo no palco das Ruínas, com as canções de Giovanni Caruso & o Escambau. Recitamos poemas a um grande público, mesmo tendo se dispersado a multidão que viu a Banda Mais Bonita.
Depois do show do Copacabana Club, novamente aconteceu o RádioCaos ao vivo, para um público ainda maior e mais participativo. O programa é produzido e apresentado pelo vocalista e aglutinador cultural Rodrigo Barros Homem Del Rey, junto com Samuel "Big Lips", que insere bases sonoras com grande sensibilidade para seu encaixe nos poemas. A segunda entrada do RádioCaos teve o impagável e genial compositor, músico e cantor curitibano Carlos Careqa, que dominou e pasmou o público. Nós três poetas (Chacal, Imperador Smaniotto e eu) acho que também não fizemos feio -- na verdade, ficou tudo registrado: quem viu, viu, quem não viu poderá conferir futuramente, se tiver sorte, os vídeos que a esposa e o filho de Samuel fizeram: momentos que agora estão na galeria de tesouros da minha memória. Sem abusar desse lugar comum. Assim foi, é e será.
Depois, a festa no Parangolé. Foi só a abertura do Cabaret, com o Klezmorim levando a audiência a êxtases de dança, palmas e gritos.
Hoje, show do grupo vocal Brasileirão, e Sá e Guarabyra. E o encerramento da Virada no Bicicletário. Um fim de semana real e mágico, absurdo e verdadeiro, simples e sublime.
* * *
Adiciono aqui três nomes de pessoas-chave para mim nesse fim de semana:
Getúlio Guerra
Rogéria Holtz
Edson de Vulcanis (torcemos pela sua recuperação, Aranha!)
e agradeço ao público, em especial a quem tem sorrido e se alegrado com os meus êxitos.
Saúdes!
* * *
quinta-feira, novembro 03, 2011
INSPIRADO EM PALADAS DE ALEXANDRIA
(E DEDICADO À GRANDE ALEXANDRA LEMOS ZAGONEL)
Eu falo da vida e também falo da morte.
Tenho dó da menina mas deixo chorar.
Ainda rimo porque a rima é um belo esporte.
Ainda escrevo assim sem hora nem lugar.
Se me aparece a morte e diz que vai pro norte,
Será que vai porque não há mais que matar
E elas, eles, vós, nós, ele, ela, você, eu
Estamos vivos mas a vida já morreu?
_____________________________________________
Eu falo da vida e também falo da morte.
Tenho dó da menina mas deixo chorar.
Ainda rimo porque a rima é um belo esporte.
Ainda escrevo assim sem hora nem lugar.
Se me aparece a morte e diz que vai pro norte,
Será que vai porque não há mais que matar
E elas, eles, vós, nós, ele, ela, você, eu
Estamos vivos mas a vida já morreu?
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terça-feira, novembro 01, 2011
Em luto
pelo falecimento de Ivar Luiz Nunes Piazetta
padrasto de minha filha Rúbia Augusta,
e pai da irmã dela, Nyna Tereza.
Presto tributo também a
Amílcar Gioppo do Nascimento
meu padrasto, de 1979 a 1993,
falecido há um mês, no dia 29/09/2011.
*
padrasto de minha filha Rúbia Augusta,
e pai da irmã dela, Nyna Tereza.
Presto tributo também a
Amílcar Gioppo do Nascimento
meu padrasto, de 1979 a 1993,
falecido há um mês, no dia 29/09/2011.
*
segunda-feira, outubro 31, 2011
CINCO HAICAIS OCASIONAIS À VIGÍLIA DE TODOS OS SANTOS
(para Ricardo Pozzo, Marilda Confortin, Alvaro Posselt, Tania Mara Chaiben, e Luiz Felipe Leprevost)
* * *
noite das bruxas:
de quem os cachos
que puxas?
* * *
afinados e desafinados
ensaiam pra ser celebrados
talvez só nalgum dia de finados
* * *
halloween diferente:
Curupira, de Michael Jackson,
dança o moonwalk pra frente
* * *
uma razão pra Walpurga:
o que a igreja suja
o diabo purga
* * *
infâncias felizes
curvas obscuras
travessuras ou gostosuras?
* * *
* * *
noite das bruxas:
de quem os cachos
que puxas?
* * *
afinados e desafinados
ensaiam pra ser celebrados
talvez só nalgum dia de finados
* * *
halloween diferente:
Curupira, de Michael Jackson,
dança o moonwalk pra frente
* * *
uma razão pra Walpurga:
o que a igreja suja
o diabo purga
* * *
infâncias felizes
curvas obscuras
travessuras ou gostosuras?
* * *
domingo, outubro 30, 2011
ORDEM E CAOS
“No início não era no início,
Abismo, buraco, precipício,
Hospital, penhasco, resquício,
Hospício, silício, vício, estropício”,
Disse o Caos e calou a boca.
Fechou o tempo. Voltou pra toca.
Conforme macho e fêmea concordem,
Bocas que se beijem mordem.
E antes que apocalipses acordem
Cosmos e átomo explodem em Ordem.
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Abismo, buraco, precipício,
Hospital, penhasco, resquício,
Hospício, silício, vício, estropício”,
Disse o Caos e calou a boca.
Fechou o tempo. Voltou pra toca.
Conforme macho e fêmea concordem,
Bocas que se beijem mordem.
E antes que apocalipses acordem
Cosmos e átomo explodem em Ordem.
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sábado, outubro 29, 2011
7.000.000.000
Dia das bruxas, dia de você,
ou dia até de Curupira e Pererê,
compartilho o que descubro:
neste 31 de outubro,
neste mundo e nesta humanidade,
em meio ao sonho e à maldade,
entre religiões e fés, imo-
lações e amolações, nãos, sins,
abracadabras e sinsalabins,
nasce o nosso sétimo bilionésimo.
Ivan Justen Santana
(após interceptar a seguinte mensagem do enxadrista Henrique Marinho: "Cálculos preveem que no primeiro segundo do dia 31 de outubro de 2011 nascerá o ser humano (bebê) de n.º 7.000.000.000 ... seja bem vindo!)
ou dia até de Curupira e Pererê,
compartilho o que descubro:
neste 31 de outubro,
neste mundo e nesta humanidade,
em meio ao sonho e à maldade,
entre religiões e fés, imo-
lações e amolações, nãos, sins,
abracadabras e sinsalabins,
nasce o nosso sétimo bilionésimo.
Ivan Justen Santana
(após interceptar a seguinte mensagem do enxadrista Henrique Marinho: "Cálculos preveem que no primeiro segundo do dia 31 de outubro de 2011 nascerá o ser humano (bebê) de n.º 7.000.000.000 ... seja bem vindo!)
quinta-feira, outubro 27, 2011
Em pleno surto poético...
PROCURA-SE DESESPERADAMENTE:
Pessoas boas que consigam festejar.
Que falem o que sentem bem como o que querem.
Que saibam ser gentis. Respeitem lar e bar.
Mantenham bom humor. E as que vierem e derem.
Que venham sim. Sutis. E demonstrem prazer.
Tanto em cumprimentar quanto em reconhecer.
Gente que leia mais. Frequente lançamentos
No veneno de ler. De avaliar as artes.
De verdadeiramente ampliar conhecimentos
E divulgar o que acha bom por quaisquer partes.
Um público que assista aos genuínos artistas.
Que aplauda sem ligar se assim vai dar nas vistas.
Alguém que não precise do choque de agora.
Que leia isto e tolere este tapa na cara.
Que entenda o que é linguagem. Som. Tom. Dor. Cor. Fora
Tudo mais que não cabe em rima pobre ou rara.
Quem ofereça a face. A fuça. A carapuça.
Fure-se a carapaça. Engula. Cuspa. Tussa.
Ivan Justen Santana
(27-10-2011)
Pessoas boas que consigam festejar.
Que falem o que sentem bem como o que querem.
Que saibam ser gentis. Respeitem lar e bar.
Mantenham bom humor. E as que vierem e derem.
Que venham sim. Sutis. E demonstrem prazer.
Tanto em cumprimentar quanto em reconhecer.
Gente que leia mais. Frequente lançamentos
No veneno de ler. De avaliar as artes.
De verdadeiramente ampliar conhecimentos
E divulgar o que acha bom por quaisquer partes.
Um público que assista aos genuínos artistas.
Que aplauda sem ligar se assim vai dar nas vistas.
Alguém que não precise do choque de agora.
Que leia isto e tolere este tapa na cara.
Que entenda o que é linguagem. Som. Tom. Dor. Cor. Fora
Tudo mais que não cabe em rima pobre ou rara.
Quem ofereça a face. A fuça. A carapuça.
Fure-se a carapaça. Engula. Cuspa. Tussa.
Ivan Justen Santana
(27-10-2011)
quarta-feira, outubro 26, 2011
QUEM TEM MEDO DE DALTON TREVISAN?
(ou: PROSINHA MAIS QUE ORDINÁRIA)
Releio Em busca de Curitiba perdida:
a chance não merece o autor de Desgracida?
Conto umas seis menções expressas a Emiliano.
Desconto o humor: nenhum, na Negrinha acenando.
Contudo até que não se salva a Pensão Nápoles?
Não soa bem o tom deste último dos crápulas?
Não limpa a barra a graça deste aflito drácula?
À nossa sujeira é mais pura dele a mácula?
Se até não colho alexandrino sem cesura
(“um que se salve aos pulos da perninha dura”)
no agressivo Curitiba revisitada?
E essa A faca no coração? Melhor que nada.
Concedo: tem estilo o nosferatu. Lírico,
dramático, e até épico, além de satírico.
Será que desistiu então da própria morte
pra reescrever Canção do exílio que o conforte?
Tá bem. Eu sei. Vazou aqui o alexandrino.
E diante de Dalton eu menos que um menino.
Mas mijo na Cartinha a um velho prosador
e não perco o final: pau em seja quem for!
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Releio Em busca de Curitiba perdida:
a chance não merece o autor de Desgracida?
Conto umas seis menções expressas a Emiliano.
Desconto o humor: nenhum, na Negrinha acenando.
Contudo até que não se salva a Pensão Nápoles?
Não soa bem o tom deste último dos crápulas?
Não limpa a barra a graça deste aflito drácula?
À nossa sujeira é mais pura dele a mácula?
Se até não colho alexandrino sem cesura
(“um que se salve aos pulos da perninha dura”)
no agressivo Curitiba revisitada?
E essa A faca no coração? Melhor que nada.
Concedo: tem estilo o nosferatu. Lírico,
dramático, e até épico, além de satírico.
Será que desistiu então da própria morte
pra reescrever Canção do exílio que o conforte?
Tá bem. Eu sei. Vazou aqui o alexandrino.
E diante de Dalton eu menos que um menino.
Mas mijo na Cartinha a um velho prosador
e não perco o final: pau em seja quem for!
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domingo, outubro 23, 2011
EXTRA! EXTRA! DALTON TREVISAN TOMA UM CACETE E NEM FICA SABENDO
Vou tentar explicar, então tome fôlego quem quiser saber qual é.
Neste sábado, estava eu na casa do polaco da barreirinha quando com todos os fios de seu bigode ele repetiu e sublinhou que foram três os caras que lhe ensinaram a escrever boa prosa: Machado de Assis, Nelson Rodrigues e Dalton Trevisan (não por coincidência, o polaco usou muito o pseudônimo de Dalton Machado Rodrigues).
No domingo, o polaco postou no facebook uma foto do Dalton e um poema de homenagem, convidando os amigos a prestarem as suas respectivas celebrações da trevisânica figura.
Não resistindo ao convite, perpetrei a seguinte, que aqui intitulo
DAI A DALTON O QUE É DE JÉRSON,
E A TREVISAN, O QUE VEIO DE IVAN
Que vampiro? Gênio aonde?
Vai seguindo sempre em busca
dum estilo que se esconde
numa angústia tão patusca
que nem chega a ser de velho:
um fraquinho autoevangelho.
Sabe apenas pôr o dedo
na ferida se é a alheia:
possivelmente isso é medo
de pulsar a própria veia,
que mete nesse inseguro
um pavor de claro e escuro.
Mas não rimarei com dalton
rima nenhuma biônica.
Faço rimas só pros nêutrons
da prosa dele chatônica:
nem mil anos na salmoura
nem biotônico fontoura
não elevarão o status
deste literato cactus,
porque a lei de Jérson é
diminuir o cacife
pra ver se ainda para em pé
o seu conto de patife.
Assim prestei homenagem
a este Jérson Trevisan,
dos Daltons tem bandidagem,
muita prosa e pouco elã.
E o polaco que me aguente
pois ponho um pingo num i:
ninguém xinga impunemente
Emiliano e Kolody.
Ivan Justen Santana
Neste sábado, estava eu na casa do polaco da barreirinha quando com todos os fios de seu bigode ele repetiu e sublinhou que foram três os caras que lhe ensinaram a escrever boa prosa: Machado de Assis, Nelson Rodrigues e Dalton Trevisan (não por coincidência, o polaco usou muito o pseudônimo de Dalton Machado Rodrigues).
No domingo, o polaco postou no facebook uma foto do Dalton e um poema de homenagem, convidando os amigos a prestarem as suas respectivas celebrações da trevisânica figura.
Não resistindo ao convite, perpetrei a seguinte, que aqui intitulo
DAI A DALTON O QUE É DE JÉRSON,
E A TREVISAN, O QUE VEIO DE IVAN
Que vampiro? Gênio aonde?
Vai seguindo sempre em busca
dum estilo que se esconde
numa angústia tão patusca
que nem chega a ser de velho:
um fraquinho autoevangelho.
Sabe apenas pôr o dedo
na ferida se é a alheia:
possivelmente isso é medo
de pulsar a própria veia,
que mete nesse inseguro
um pavor de claro e escuro.
Mas não rimarei com dalton
rima nenhuma biônica.
Faço rimas só pros nêutrons
da prosa dele chatônica:
nem mil anos na salmoura
nem biotônico fontoura
não elevarão o status
deste literato cactus,
porque a lei de Jérson é
diminuir o cacife
pra ver se ainda para em pé
o seu conto de patife.
Assim prestei homenagem
a este Jérson Trevisan,
dos Daltons tem bandidagem,
muita prosa e pouco elã.
E o polaco que me aguente
pois ponho um pingo num i:
ninguém xinga impunemente
Emiliano e Kolody.
Ivan Justen Santana
sábado, outubro 22, 2011
RAPACIÊNCIA
Eu só ouço e obedeço.
Esse mundo é da obediência.
O valor é mais que o preço
E a medida é a paciência.
Mas se eu fosse um bom rapaz,
Obediente a toda classe,
Eu rimava como faz
A batata quando nasce.
Só que sou insuficiente.
Não obstante, digo quando
Certa voz me alerta a mente:
Sim, senhora, ao seu comando!
E a quem doma a vida e vence-a
Lego assim a rapaciência.
Esse mundo é da obediência.
O valor é mais que o preço
E a medida é a paciência.
Mas se eu fosse um bom rapaz,
Obediente a toda classe,
Eu rimava como faz
A batata quando nasce.
Só que sou insuficiente.
Não obstante, digo quando
Certa voz me alerta a mente:
Sim, senhora, ao seu comando!
E a quem doma a vida e vence-a
Lego assim a rapaciência.
quarta-feira, outubro 19, 2011
EPÍLOGO DOS PEQUENOS POEMAS EM PROSA
De coração contente eu subo ao precipício
Dali de onde se enxerga toda esta cidade,
Prisão, bordel, inferno, purgatório, hospício,
Dos quais qual uma flor floresce a enormidade.
Tu sabes bem, Satã, meu guia na desgraça,
Que aqui no abismo o choro inútil não me invade;
Que feito o velho amante da velha devassa
Eu vim me embebedar dessa enorme vadia
Cujo charme infernal remoça quando passa.
E mesmo que ainda durmas nos lençóis do dia,
Surda, obscura, gripada, ou que ainda em afãs
Nos véus da tarde tu te exibas, joia fria,
Eu te amo, ó capital infame! As cortesãs
E os bandidos, às vezes são tais os prazeres
Incompreendidos pelas leigas massas vãs.
Charles Baudelaire
versão curitibana: Ivan Justen Santana
Dali de onde se enxerga toda esta cidade,
Prisão, bordel, inferno, purgatório, hospício,
Dos quais qual uma flor floresce a enormidade.
Tu sabes bem, Satã, meu guia na desgraça,
Que aqui no abismo o choro inútil não me invade;
Que feito o velho amante da velha devassa
Eu vim me embebedar dessa enorme vadia
Cujo charme infernal remoça quando passa.
E mesmo que ainda durmas nos lençóis do dia,
Surda, obscura, gripada, ou que ainda em afãs
Nos véus da tarde tu te exibas, joia fria,
Eu te amo, ó capital infame! As cortesãs
E os bandidos, às vezes são tais os prazeres
Incompreendidos pelas leigas massas vãs.
Charles Baudelaire
versão curitibana: Ivan Justen Santana
sábado, outubro 15, 2011
sexta-feira, outubro 14, 2011
O TEMPLO TODO
Impronunciavelmente,
numa pequena barreira
polaca e bem brasileira,
muito igual e diferente,
existe um templo da gente
do Oriente e até mineira.
Mais que só gente festeira,
gente muito inteligente.
Neste templo, o tempo todo
tem batuque e tem fanfarra,
tem godo, ostro e visigodo,
tem poesia que te agarra
numa algazarra tão zen
que o quintal tem Tao também.
(esta foi, obviamente, uma homenagem gratuita e merecida
ao Polaco da Barreirinha, sua casa, sua poesia e sua vida)
Ivan Justen Santana
numa pequena barreira
polaca e bem brasileira,
muito igual e diferente,
existe um templo da gente
do Oriente e até mineira.
Mais que só gente festeira,
gente muito inteligente.
Neste templo, o tempo todo
tem batuque e tem fanfarra,
tem godo, ostro e visigodo,
tem poesia que te agarra
numa algazarra tão zen
que o quintal tem Tao também.
(esta foi, obviamente, uma homenagem gratuita e merecida
ao Polaco da Barreirinha, sua casa, sua poesia e sua vida)
Ivan Justen Santana
quarta-feira, outubro 12, 2011
QUATRO RAPFASES DE VIVERPOOL
Nasci Lennon:
me mataram cedo.
Cresci McCartney:
parei de comer carne.
Envelheci Harrison:
uma faca no coração.
Morri Ringo:
super Starr.
* * *
Lincoln Fabricio [líder do Splipple Man]
Ivan Justen Santana [líder dos Dublês de Dublin]
me mataram cedo.
Cresci McCartney:
parei de comer carne.
Envelheci Harrison:
uma faca no coração.
Morri Ringo:
super Starr.
* * *
Lincoln Fabricio [líder do Splipple Man]
Ivan Justen Santana [líder dos Dublês de Dublin]
domingo, outubro 09, 2011
A ESTRELA, A SEREIA E O BOBO
A Estrela Leminski, Jana Fellini e Monica Berger
Brilhava a Estrela um brilho raro:
Quarto crescente de manhã;
Qual um luar que sem forçar o
Raiar atinge Aldebarã.
“A luz e a cor posso escutar
Se vêm até profundos poços
Que em meu cantar têm seu lugar
Pra tornar ricos pobres moços...”
Assim falava o canto alado
De uma Sereia à Estrela então;
E um Bobo, bobisco, abobado,
Babava bolhas de sabão.
* * *
Brilhava a Estrela um brilho raro:
Quarto crescente de manhã;
Qual um luar que sem forçar o
Raiar atinge Aldebarã.
“A luz e a cor posso escutar
Se vêm até profundos poços
Que em meu cantar têm seu lugar
Pra tornar ricos pobres moços...”
Assim falava o canto alado
De uma Sereia à Estrela então;
E um Bobo, bobisco, abobado,
Babava bolhas de sabão.
* * *
O SONHO DA SEREIA
Para Jana Fellini
“Serei a última?
Serei Lorelei ou só uma seara de cara da Iara?
Ou só uma única Uyara Torrente?
Seria o caso de simplesmente mergulhar na torrente?”
Enquanto sua consciência suava e lutava,
o inconsciente da Sereia deslizava
qual metal desfeito em lava:
“Sim: sinto as origens no fundo de um épico,
como uma Ilíada em mares sempre dantes navegados;
sei que tudo pode virar só mais um texto dramático,
como um romance realista de personagens-gados
(ou mesmo drogados e estragados), mas ainda assim é lírico
o final infeliz de um clichê banal inédito, extático,
talvez em cirílico.”
E o sonho da sereia buscava,
não um brusco Pã, nem um buscopan,
mas sim um brusco fim:
feito um regime político democrático e tirânico,
como se acha a atual liberdade que ri do pânico,
qual se ela disputasse algum combate titânico
e, ainda com as próprias escamas, acordasse
e lhe aparecesse esse poeta sem classe
que lhe dissesse:
Bom dia! Bem vinda a nove do dez do onze:
ouça agora os nossos sinos de bronze
numa rima de raros sons e
sinta o calor. Nada com nada se parece,
mas não se iluda: é tudo mecânico.
Beba uma tônica. A vida é crônica.
E hoje é outro dia ivânico.
____________________________________________________
domingo, outubro 02, 2011
O FAUNO, AS NINFAS E O MOVIMENTO PUNK CURITIBANO
Chifres, dois, primeiro,
Emergia um fauno
Do raso ribeiro
No qual o vagau, no
Final do verão,
Enfim se banhava,
Qual se de um vulcão
Fosse a água que o lava;
Quando fedia tanto até pra si
Mesmo aquele egipã (filho de Pã
E duma putativa mãe que ri
A quem vem de tarde, noite e manhã),
Tão satiricamente então topava
Atirar o dúbio corpo no rio,
A título de banho: depois dava
Pra correr molhado sem passar frio;
Emergia assim o fauno,
Molhado e mais malicioso
Que um poeta botando sal no
Caldo ralo e malcheiroso
Dado a um hóspede orgulhoso;
Muito mais feliz que um Bozo,
E muito mais angustiado, o
Fauno molhado, dengoso,
Olhava pra todo lado
Com brilho no olhar afiado:
Eis lhe surgem visões mais que belas
Na sagrada e profana quantia
De três, sim, três visões, como estrelas
Numa cinta que ao fauno cingia,
E a linguagem a fim de escrevê-las
Curva turva treva e claro dia:
Que esporro não faria o fauno pelo mato
Se em vez de fauno fosse um malaco em mocó!
A primeira visão fê-lo de estupefato
Ao ‘fêla’ duma putrefata rata só! –
Era uma ninfa
Tirando chinfra
De mina punk –
Botando banca
Que a bota espanca
Quem quer que a espanque –
Cabelos verdes,
Nas meias redes
Que arrastam trouxas –
O fauno treme:
Figura o creme
Daquelas coxas.
Só que aquela era uma oréade das montanhas
Que falava um grego de inflexões estranhas:
“Qualé a tua, pé-de-bode, assim, limpinho?
Tá me achando aqui com panca duma puta?
Não sou raspa pra esse teu caminhãozinho.
Tchau, que eu já vou lá cuidar da minha gruta.”
E o nosso herói notou que dói
Não ser bem seu o dom de Orfeu.
Eis que surgiu por sua vez outra visão
Que torceria até do cego Homero a nuca;
Vamos falar o que é, sem mais enrolação:
Mais uma ninfa ao fauno a vista já cutuca...
Aquela tinha a trança tão vermelha
Que ferro, fogo e forja já ajoelha
E a curva da cintura tão macia
Súbita sinuosa desafia
Sob a chispa da pupila de esguelha:
Mais, de-
Mais da
Saia de
Náiade
Feita, a-
Jeita as-
Sim (com o per-
Dão da
Língua) en-
Tão dis-
Sílaba e dis-
Cípula que
Tinha a te-
Tinha...
Não disse coisa alguma
E sumiu como espuma.
Protestaria o fauno, mas
Não achou as visões tão más;
Pois depois de prima e segunda
Da terceira viu logo: a bunda!
E a seguir notou que era uma loira dríade
Que ele amaria como a uma hamadríade,
Mas que tão logo surgiu ia de
De si pra si falando
E a rima atando
Sem mando.
E então pulsou: fogo, fênix,
Facho em flama, fulgor de ônix,
Embebendo ambos num cálix –
Tudo em tantra
Dum só mantra;
Salamandra
Mais malandra
Em chamas metamorfoseando-se
Até que como uma escola de escândalos
O fauno e a ninfa foram transformando-se
Numa situação simples lá num bar.
Pois é; não tem mais o que se estranhar:
Estamos em pleno movimento punk curitibano
Nos idos de sei lá eu nem muito bem qual ano.
Três garotas sentadas numa mesa redonda ali no –
Sim, agora estamos percebendo: é o Bar do Lino.
E tudo termina quando, olhando do balcão,
Um poeta vagabundo comenta a um seu não-irmão:
“Você até parece um Pã, fauno poeta punk fedendo a alho,
Mas cá pra nós não passa dum tremendo pau no cu do caralho!”
Imagem incidental: Halcyone, de Herbert James Draper
(visualizar melhor clicando aqui)
Emergia um fauno
Do raso ribeiro
No qual o vagau, no
Final do verão,
Enfim se banhava,
Qual se de um vulcão
Fosse a água que o lava;
Quando fedia tanto até pra si
Mesmo aquele egipã (filho de Pã
E duma putativa mãe que ri
A quem vem de tarde, noite e manhã),
Tão satiricamente então topava
Atirar o dúbio corpo no rio,
A título de banho: depois dava
Pra correr molhado sem passar frio;
Emergia assim o fauno,
Molhado e mais malicioso
Que um poeta botando sal no
Caldo ralo e malcheiroso
Dado a um hóspede orgulhoso;
Muito mais feliz que um Bozo,
E muito mais angustiado, o
Fauno molhado, dengoso,
Olhava pra todo lado
Com brilho no olhar afiado:
Eis lhe surgem visões mais que belas
Na sagrada e profana quantia
De três, sim, três visões, como estrelas
Numa cinta que ao fauno cingia,
E a linguagem a fim de escrevê-las
Curva turva treva e claro dia:
Que esporro não faria o fauno pelo mato
Se em vez de fauno fosse um malaco em mocó!
A primeira visão fê-lo de estupefato
Ao ‘fêla’ duma putrefata rata só! –
Era uma ninfa
Tirando chinfra
De mina punk –
Botando banca
Que a bota espanca
Quem quer que a espanque –
Cabelos verdes,
Nas meias redes
Que arrastam trouxas –
O fauno treme:
Figura o creme
Daquelas coxas.
Só que aquela era uma oréade das montanhas
Que falava um grego de inflexões estranhas:
“Qualé a tua, pé-de-bode, assim, limpinho?
Tá me achando aqui com panca duma puta?
Não sou raspa pra esse teu caminhãozinho.
Tchau, que eu já vou lá cuidar da minha gruta.”
E o nosso herói notou que dói
Não ser bem seu o dom de Orfeu.
Eis que surgiu por sua vez outra visão
Que torceria até do cego Homero a nuca;
Vamos falar o que é, sem mais enrolação:
Mais uma ninfa ao fauno a vista já cutuca...
Aquela tinha a trança tão vermelha
Que ferro, fogo e forja já ajoelha
E a curva da cintura tão macia
Súbita sinuosa desafia
Sob a chispa da pupila de esguelha:
Mais, de-
Mais da
Saia de
Náiade
Feita, a-
Jeita as-
Sim (com o per-
Dão da
Língua) en-
Tão dis-
Sílaba e dis-
Cípula que
Tinha a te-
Tinha...
Não disse coisa alguma
E sumiu como espuma.
Protestaria o fauno, mas
Não achou as visões tão más;
Pois depois de prima e segunda
Da terceira viu logo: a bunda!
E a seguir notou que era uma loira dríade
Que ele amaria como a uma hamadríade,
Mas que tão logo surgiu ia de
De si pra si falando
E a rima atando
Sem mando.
E então pulsou: fogo, fênix,
Facho em flama, fulgor de ônix,
Embebendo ambos num cálix –
Tudo em tantra
Dum só mantra;
Salamandra
Mais malandra
Em chamas metamorfoseando-se
Até que como uma escola de escândalos
O fauno e a ninfa foram transformando-se
Numa situação simples lá num bar.
Pois é; não tem mais o que se estranhar:
Estamos em pleno movimento punk curitibano
Nos idos de sei lá eu nem muito bem qual ano.
Três garotas sentadas numa mesa redonda ali no –
Sim, agora estamos percebendo: é o Bar do Lino.
E tudo termina quando, olhando do balcão,
Um poeta vagabundo comenta a um seu não-irmão:
“Você até parece um Pã, fauno poeta punk fedendo a alho,
Mas cá pra nós não passa dum tremendo pau no cu do caralho!”
Imagem incidental: Halcyone, de Herbert James Draper
(visualizar melhor clicando aqui)
sexta-feira, setembro 23, 2011
A PANTERA
No Jardin des Plantes, Paris
O olhar, de tanto passar pelas grades
gastou-se: não está preso a mais nada.
A ela, só existem mil grades, e atrás de
mil grades o seu mundo todo acaba.
O ritmo macio do seu movimento
forte, em círculos cada vez menores,
é uma dança de energia até um centro
onde jazem suas vontades enormes.
Raramente ela descerra em silêncio
o véu da pupila – e a imagem vivaz
adentra a mansidão do corpo tenso,
cai no coração e se desfaz.
Rainer Maria Rilke
Versão felina brasileira
(reescovando os pelos da pantera
numa singela homenagem a Monica Berger:)
Ivan Justen Santana
O olhar, de tanto passar pelas grades
gastou-se: não está preso a mais nada.
A ela, só existem mil grades, e atrás de
mil grades o seu mundo todo acaba.
O ritmo macio do seu movimento
forte, em círculos cada vez menores,
é uma dança de energia até um centro
onde jazem suas vontades enormes.
Raramente ela descerra em silêncio
o véu da pupila – e a imagem vivaz
adentra a mansidão do corpo tenso,
cai no coração e se desfaz.
Rainer Maria Rilke
Versão felina brasileira
(reescovando os pelos da pantera
numa singela homenagem a Monica Berger:)
Ivan Justen Santana
quarta-feira, setembro 21, 2011
Diálogo automático consigo mesmo
"Olá, Ivan, como foi a apresentação musical dos Dublês de Dublin?"
"O show foi muito bom, Ivan. Foi quase excelente mesmo. Obrigado por se interessar em saber."
"E como vai o doutorado, Ivan? Passou bem nas matérias do primeiro semestre?"
"Ainda não sei das notas, Ivan, mas acho que não fiz feio."
"E a família, Ivan? Como vai?"
"Faça um favor a nós dois, Ivan: vá dormir, e só volte aqui quando tiver algo de bom pra postar, valeu?"
"Valeu, Ivan, boa noite."
"Boa noite."
...
"O show foi muito bom, Ivan. Foi quase excelente mesmo. Obrigado por se interessar em saber."
"E como vai o doutorado, Ivan? Passou bem nas matérias do primeiro semestre?"
"Ainda não sei das notas, Ivan, mas acho que não fiz feio."
"E a família, Ivan? Como vai?"
"Faça um favor a nós dois, Ivan: vá dormir, e só volte aqui quando tiver algo de bom pra postar, valeu?"
"Valeu, Ivan, boa noite."
"Boa noite."
...
quarta-feira, setembro 14, 2011
sábado, setembro 10, 2011
DECLARADO O DIA IVÂNICO DESCARADO DESCARACTERIZADO
Hoje não era pra ser um Dia Ivânico
(pra quem não sabe o que é isso: clique aqui)
mas como no ano passado o Dia Ivânico
(8/9/10) passou em branco, eis que aqui
está declarado o Dia Ivânico Descarado Descaracterizado:
Dez do Nove do Onze:
como um gonzo que gonze,
como um guizo à guisa de gaze,
ou só esses versos passando de fase,
feito em casa um caso do casal de coisa que nem me case:
RASTROS DOS ASTROS DE SISTROS SINISTROS DAQUELES DESASTRES JAMAIS VISTOS DESDE OS SETEMBROS PRETÉRITOS PASSADOS (Ou: POEMA QUE NÃO DEVIA TER TÍTULO)
Minha pedra tem artistas.
Tem enxames de turistas.
Não permitam que alguém chame
nossa classe assim de Lóki,
mesmo que ela se coloque
a serviços de reclame.
Minha pedra não é a perda
de quem fume a pedra-merda,
de quem caia a mesma queda,
ou quem ri da lesma surda
das que zombam ui que meda:
mesmo que ela se coloque
a serviços de reclame,
nossa classe tem estoque
além do bem velho róque,
posta a chama ou seu vexame:
a quem cale ou a quem ame.
________________________________
(pra quem não sabe o que é isso: clique aqui)
mas como no ano passado o Dia Ivânico
(8/9/10) passou em branco, eis que aqui
está declarado o Dia Ivânico Descarado Descaracterizado:
Dez do Nove do Onze:
como um gonzo que gonze,
como um guizo à guisa de gaze,
ou só esses versos passando de fase,
feito em casa um caso do casal de coisa que nem me case:
RASTROS DOS ASTROS DE SISTROS SINISTROS DAQUELES DESASTRES JAMAIS VISTOS DESDE OS SETEMBROS PRETÉRITOS PASSADOS (Ou: POEMA QUE NÃO DEVIA TER TÍTULO)
Minha pedra tem artistas.
Tem enxames de turistas.
Não permitam que alguém chame
nossa classe assim de Lóki,
mesmo que ela se coloque
a serviços de reclame.
Minha pedra não é a perda
de quem fume a pedra-merda,
de quem caia a mesma queda,
ou quem ri da lesma surda
das que zombam ui que meda:
mesmo que ela se coloque
a serviços de reclame,
nossa classe tem estoque
além do bem velho róque,
posta a chama ou seu vexame:
a quem cale ou a quem ame.
________________________________
segunda-feira, setembro 05, 2011
AO IAN NADOLNY ROLAND JUSTEN SANTANA, NO MOMENTO EM QUE FAZ 8 MESES E 8 DIAS
O maior dilema
não é fazer ou não fazer
para você ou para a sua mãe
um primeiro ou mais um poema.
O maior dilema
é mais que só ser ou sequer
nem ser quem perca ou ganhe
ou grite ou chore ou sofra ou gema.
Dilemas totais
mais fundamentais
que mamães e papais:
isso existe?
Talvez as razões
de ao tentar ser bons
tocarmos tantos sons
num tom triste.
não é fazer ou não fazer
para você ou para a sua mãe
um primeiro ou mais um poema.
O maior dilema
é mais que só ser ou sequer
nem ser quem perca ou ganhe
ou grite ou chore ou sofra ou gema.
Dilemas totais
mais fundamentais
que mamães e papais:
isso existe?
Talvez as razões
de ao tentar ser bons
tocarmos tantos sons
num tom triste.
(Foto: Gianna Roland)
quinta-feira, setembro 01, 2011
O CORUJÃO & A GATINHA
________I
O Corujão e a Gatinha foram pro mar,__Num belo dum barquinho bem verdinho,
Levaram muito mel, e dinheiro a granel,
__Empacotado em cédulas de cinco.
O Corujão via as estrelas com ardor,
__E cantava com seu violãozinho,
“Ó minha adorável Gatinha! Ó meu amor,
__Ó Gatinha do meu coraçãozinho,
____Zinho,
____Zinho!
Ó Gatinha do meu coraçãozinho!”
________II
E a Gatinha ao Corujão: “Você é cortesão! __Que doce essa canção que você fez!
Ó vamos já casar! Em boa hora e lugar:
__Porém o que fazer quanto aos anéis?”
Navegaram em calmaria, um ano e um dia,
__Às terras onde a planta Bonga tem raiz
E lá numa vereda um Porco tinha venda
__Com anéis no final do seu nariz,
____Nariz,
____Nariz,
Com anéis no final do seu nariz.
________III
“Caro porco janota, aceita alguma nota __Por tais anéis?” Disse o Porco: “Eu aceito.”
E então os compraram e a seguir se casaram
__Declarados pelo Peru, o Prefeito.
Jantaram araruta, e fatias de fruta,
__Que comeram com uma colher nua;
De mãos dadas, em par, pela beira do mar,
__Cantaram e dançaram à luz da lua,
____Da lua,
____Da lua,
Cantaram e dançaram à luz da lua.
corujice original: Edward Lear (1812-1888)
[clique aqui pra ver o texto fonte]
gatimanha tradutória: Ivan Justen Santana
Imagem surrupiada do site storynory.com,
(na verdade é uma colorização da ilustração
do próprio Edward Lear, mas não contem pra ninguém).
quarta-feira, agosto 31, 2011
AOS ANIVERSARIANTES
Béco Prado e Catarina:
Não é dupla nordestina –
São dois aniversariantes
Deste trinta-e-um de agosto,
A gosto de não ser antes
Ou ser bem mais que só rosto:
Aos dois aniversariantes
Eu estrofo assim, sem regra,
Que regra pode ser negra
Ou ser branca ou bailarina:
Mas nunca será qual dantes
Aos dois aniversariantes
Béco Prado e Catarina.
E as rimas pra mim dão gosto
Posto rimar seja sina
Que se aprende meio imposto
Como fosse nervo exposto
Que meio que contamina
Mas quero por outras rimas
Dizer aos baixos e aos cimas
Nessas pobres estruturas
Imitadas das esquinas
Que aqui fica essa homenagem
Com sons que junto a mim agem
Em rimas pobres e duras
Mas intenções cristalinas:
Desejo então um Feliz
Aniversário ao Roberto
Prado e à cara Velasco,
Catarina, a quem eu tasco
Este bom fim meu incerto,
Quase médio por um triz!
(aos aniversariantes: perdoem o poema improvisado e quase ruinzinho, e saibam que, com ou sem poesia, ou até com alguma prosa, vocês são pessoas muito brilhantes e especiais pra mim:)
Ivan, assim.
Não é dupla nordestina –
São dois aniversariantes
Deste trinta-e-um de agosto,
A gosto de não ser antes
Ou ser bem mais que só rosto:
Aos dois aniversariantes
Eu estrofo assim, sem regra,
Que regra pode ser negra
Ou ser branca ou bailarina:
Mas nunca será qual dantes
Aos dois aniversariantes
Béco Prado e Catarina.
E as rimas pra mim dão gosto
Posto rimar seja sina
Que se aprende meio imposto
Como fosse nervo exposto
Que meio que contamina
Mas quero por outras rimas
Dizer aos baixos e aos cimas
Nessas pobres estruturas
Imitadas das esquinas
Que aqui fica essa homenagem
Com sons que junto a mim agem
Em rimas pobres e duras
Mas intenções cristalinas:
Desejo então um Feliz
Aniversário ao Roberto
Prado e à cara Velasco,
Catarina, a quem eu tasco
Este bom fim meu incerto,
Quase médio por um triz!
(aos aniversariantes: perdoem o poema improvisado e quase ruinzinho, e saibam que, com ou sem poesia, ou até com alguma prosa, vocês são pessoas muito brilhantes e especiais pra mim:)
Ivan, assim.
terça-feira, agosto 30, 2011
AVIADOR IRLANDÊS ANTEVENDO A PRÓPRIA MORTE
Eu sei que sigo a um fim funesto
Nalgum lugar do céu sonoro;
Os que eu combato eu não detesto,
Os que eu defendo eu não adoro;
Kiltartan Cross é a minha terra,
E os pobres dela são meu povo,
Triunfo ou perda nesta guerra
Não trazem nada aos meus de novo.
Nem lei, nem honra põem-me aqui,
Nem homens públicos, nem fãs,
Mas só um prazer que eu só senti
Na fúria destas nuvens vãs;
Pesei tudo isto em minha mente:
Adiante, nada que me importe,
Atrás, passado indiferente:
Leve esta vida, e esta morte.
Antevisão original:
William Butler Yeats
Retrospectivo estresse pós-tradutomático:
Ivan Justen Santana
[saibam mais a respeito clicando aqui]
Nalgum lugar do céu sonoro;
Os que eu combato eu não detesto,
Os que eu defendo eu não adoro;
Kiltartan Cross é a minha terra,
E os pobres dela são meu povo,
Triunfo ou perda nesta guerra
Não trazem nada aos meus de novo.
Nem lei, nem honra põem-me aqui,
Nem homens públicos, nem fãs,
Mas só um prazer que eu só senti
Na fúria destas nuvens vãs;
Pesei tudo isto em minha mente:
Adiante, nada que me importe,
Atrás, passado indiferente:
Leve esta vida, e esta morte.
Antevisão original:
William Butler Yeats
Retrospectivo estresse pós-tradutomático:
Ivan Justen Santana
[saibam mais a respeito clicando aqui]
segunda-feira, agosto 29, 2011
O MUNDO & EU & O MEU UMBIGO
(a Tatiana Lemos e a Edson de Vulcanis)
Enquanto Irene atravessa
a Carolina do Norte
nenhuma Carol tem pressa
de me amar num Sul sem sorte.
Enquanto um tufão destrói
tantas coisas em Taiwan,
nenhuma fã deste herói
me diz: eu te amo, Ivan.
De quê te queixas, meu eu?
Só segues teu cego umbigo?
Teu amigo perde um rim
e ri qual nada perdeu.
Tu, cheio de amor e amigo,
rima um bem sim com bom fim.
*
Enquanto Irene atravessa
a Carolina do Norte
nenhuma Carol tem pressa
de me amar num Sul sem sorte.
Enquanto um tufão destrói
tantas coisas em Taiwan,
nenhuma fã deste herói
me diz: eu te amo, Ivan.
De quê te queixas, meu eu?
Só segues teu cego umbigo?
Teu amigo perde um rim
e ri qual nada perdeu.
Tu, cheio de amor e amigo,
rima um bem sim com bom fim.
*
quinta-feira, agosto 25, 2011
CANÇÃOZINHA DA MANADA POÉTICA PARANAENSE
(a todos os poetas vivos que fazem poesia nesse estado)
Um Emiliano passa a Perneta em muita gente:
Dois Leminskis levam no bigode muitos mais.
Três Kolodys helenizam muita gente:
Quatro Vellozos pitagoram muito mais.
Cinco Silveiras traçam Tasso em muita gente:
Seis Wernecks adolficam muito mais.
Sete Júlias guardam da Costa muita gente:
Oito Adas com Macággicas encantam muito mais.
Nove Cadilhes e-agora-José-questionam muita gente:
Dez Wojciechowskis vivos incomodam incomodam incomodam incomodam incomodam incomodam incomodam incomodam incomodam incomodam
e incomodarão muitos por muitos e muitos anos muito mais.
*
Nesta foto, da Vila Perneta, a casa onde Emiliano teria nascido e morado.
(Mais informações clicando aqui)
Um Emiliano passa a Perneta em muita gente:
Dois Leminskis levam no bigode muitos mais.
Três Kolodys helenizam muita gente:
Quatro Vellozos pitagoram muito mais.
Cinco Silveiras traçam Tasso em muita gente:
Seis Wernecks adolficam muito mais.
Sete Júlias guardam da Costa muita gente:
Oito Adas com Macággicas encantam muito mais.
Nove Cadilhes e-agora-José-questionam muita gente:
Dez Wojciechowskis vivos incomodam incomodam incomodam incomodam incomodam incomodam incomodam incomodam incomodam incomodam
e incomodarão muitos por muitos e muitos anos muito mais.
*
Nesta foto, da Vila Perneta, a casa onde Emiliano teria nascido e morado.
(Mais informações clicando aqui)
sábado, agosto 20, 2011
O Centenário de ILUSÃO, de Emiliano Perneta...
Hoje foi celebrado, na Ilha da Ilusão, no Passeio Público, o centenário de Ilusão, principal livro de poemas de Emiliano Perneta.
O evento foi organizado por sete entidades culturais curitibanas:
Instituto Neo-Pitagórico, Centro de Letras do Paraná, Academia Paranaense de Letras, Centro Paranaense Feminino de Cultura, Academia Feminina de Letras do Paraná, Academia Paranaense da Poesia, e Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.
Participei como mestre de cerimônias. Entre tantas personalidades importantes do cenário atual da cultura curitibana, poetas (registro, por exemplo, a presença do Polaco da Barreirinha, Thadeu Wojciechowski), músicos e autoridades das instituições citadas, também abrilhantou o evento a Bárbara Kirchner (mantenedora o blog Curitiba é um copo vazio cheio de frio), a qual apresentou de impromptu um número musical composto por Octávio Camargo e Paulo Bearzoti, versando sobre Emiliano.
Quem me lê aqui já notou minha simpatia pelo Perneta, não é? Pois é: a obra dele é meu tema de tese de doutorado, atualmente em curso na UFPR. Para saber mais, tem esta entrevista minha ao site Curitiba Cultura (clique aqui).
E, finalmente, já está no ar a Re-Edição Virtual de Ilusão, que pode ser baixada e lida, em dois formatos (ortografia original, e texto atualizado), neste link no site da APL (clicando aqui).
Para terminar a postagem, eis um recorte da folha de rosto da re-edição, conforme o original de 1911:
O evento foi organizado por sete entidades culturais curitibanas:
Instituto Neo-Pitagórico, Centro de Letras do Paraná, Academia Paranaense de Letras, Centro Paranaense Feminino de Cultura, Academia Feminina de Letras do Paraná, Academia Paranaense da Poesia, e Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.
Participei como mestre de cerimônias. Entre tantas personalidades importantes do cenário atual da cultura curitibana, poetas (registro, por exemplo, a presença do Polaco da Barreirinha, Thadeu Wojciechowski), músicos e autoridades das instituições citadas, também abrilhantou o evento a Bárbara Kirchner (mantenedora o blog Curitiba é um copo vazio cheio de frio), a qual apresentou de impromptu um número musical composto por Octávio Camargo e Paulo Bearzoti, versando sobre Emiliano.
Quem me lê aqui já notou minha simpatia pelo Perneta, não é? Pois é: a obra dele é meu tema de tese de doutorado, atualmente em curso na UFPR. Para saber mais, tem esta entrevista minha ao site Curitiba Cultura (clique aqui).
E, finalmente, já está no ar a Re-Edição Virtual de Ilusão, que pode ser baixada e lida, em dois formatos (ortografia original, e texto atualizado), neste link no site da APL (clicando aqui).
Para terminar a postagem, eis um recorte da folha de rosto da re-edição, conforme o original de 1911:
domingo, agosto 14, 2011
sexta-feira, agosto 12, 2011
E agora viro parceiro de um poeta de 145 anos de idade, assim:
TERCETOS PARA COMPLETAR A FLORA DE EMILIANO
As raparigas numa gaze leve,
O som do sopro quase mais que breve,
Hoje eu as vejo e o ouço: som, nudez,
Loucamente ao redor da primavera,
Da flor vermelha que será, e é, e era,
Numa ilusão de quem sabe talvez...
Ivan Justen Santana (Um sim em si, 2011)
[recorte o poema desta postagem e cole debaixo do poema
FLORA, de Emiliano Perneta, que está mais abaixo,
na postagem do dia 8 de agosto;
ou então clique nos comentários daqui mesmo,
e veja como ficou esta parceria inédita:]
As raparigas numa gaze leve,
O som do sopro quase mais que breve,
Hoje eu as vejo e o ouço: som, nudez,
Loucamente ao redor da primavera,
Da flor vermelha que será, e é, e era,
Numa ilusão de quem sabe talvez...
Ivan Justen Santana (Um sim em si, 2011)
[recorte o poema desta postagem e cole debaixo do poema
FLORA, de Emiliano Perneta, que está mais abaixo,
na postagem do dia 8 de agosto;
ou então clique nos comentários daqui mesmo,
e veja como ficou esta parceria inédita:]
terça-feira, agosto 09, 2011
Como fazia tempo que eu não fazia um soneto... Eis:
SIMBOLISMOVOOCONGRESSOCARNALESPIRITUAL
De novo: sim, o simbolismo é erótico,
Mas mais no senso do Eros deus-desejo,
Princípio da atração, fervor hipnótico
Da amada que me vê como eu a vejo,
Ou sequer me vê: sente em som sinótico
O efeito transcendente deste beijo,
Estímulo mais fundo que o nervo ótico,
Ataque no atacado e no varejo,
No corpo e na alma, na essência e substância,
Feito ânsia mais análoga do que ânsia
Que os Anjos não cantam. Lá em letra theta,
Em códigos de línguas, corpos nus
Que em vez das posições dos cangurus
Adotam voos de Emiliano Perneta.
Ivan Justen Santana
Curitiba, 8 -> 9 de agosto de 2011
De novo: sim, o simbolismo é erótico,
Mas mais no senso do Eros deus-desejo,
Princípio da atração, fervor hipnótico
Da amada que me vê como eu a vejo,
Ou sequer me vê: sente em som sinótico
O efeito transcendente deste beijo,
Estímulo mais fundo que o nervo ótico,
Ataque no atacado e no varejo,
No corpo e na alma, na essência e substância,
Feito ânsia mais análoga do que ânsia
Que os Anjos não cantam. Lá em letra theta,
Em códigos de línguas, corpos nus
Que em vez das posições dos cangurus
Adotam voos de Emiliano Perneta.
Ivan Justen Santana
Curitiba, 8 -> 9 de agosto de 2011
segunda-feira, agosto 08, 2011
Mais um do Emiliano
FLORA
Ontem eu me encontrei contigo, ó primavera,
Os lábios a sorrir, como uma flor vermelha,
Tu trazias na mão a clássica corbelha,
E na fronte ideal uma coroa de hera.
Em derredor de ti, loucamente, passava
Um turbilhão febril de raparigas, quase
Nuas, veladas só por um sendal de gaze,
Mais leve do que o som que Zéfiro soprava...
Emiliano Perneta (Ilusão, 1911)
Ontem eu me encontrei contigo, ó primavera,
Os lábios a sorrir, como uma flor vermelha,
Tu trazias na mão a clássica corbelha,
E na fronte ideal uma coroa de hera.
Em derredor de ti, loucamente, passava
Um turbilhão febril de raparigas, quase
Nuas, veladas só por um sendal de gaze,
Mais leve do que o som que Zéfiro soprava...
Emiliano Perneta (Ilusão, 1911)
sexta-feira, agosto 05, 2011
Palestra no Instituto Neo-Pitagórico, neste domingo...
Emiliano e Ilusão
por Ivan Justen Santana
doutorando em estudos literários pela UFPR,
pesquisador da obra de Emiliano Perneta.
Neste mês de agosto, comemora-se o centenário de
Ilusão, principal livro de poemas de Emiliano,
publicado em Curitiba, em agosto de 1911.
A palestra será neste domingo (dia 07/08), às 15h.
Entrada franca.
O Instituto Neo-Pitagórico localiza-se na
Rua Prof. Dario Vellozo, 460
no bairro Vila Izabel, em Curitiba.
(telefone: 3242-1840)
Esta foto da fachada do Templo das Musas, que fica no Instituto,
é do arquivo do INP, creditada a AC.
por Ivan Justen Santana
doutorando em estudos literários pela UFPR,
pesquisador da obra de Emiliano Perneta.
Neste mês de agosto, comemora-se o centenário de
Ilusão, principal livro de poemas de Emiliano,
publicado em Curitiba, em agosto de 1911.
A palestra será neste domingo (dia 07/08), às 15h.
Entrada franca.
O Instituto Neo-Pitagórico localiza-se na
Rua Prof. Dario Vellozo, 460
no bairro Vila Izabel, em Curitiba.
(telefone: 3242-1840)
Esta foto da fachada do Templo das Musas, que fica no Instituto,
é do arquivo do INP, creditada a AC.
terça-feira, agosto 02, 2011
ZONAS EROGINECOLÓGICAS
Sim, eu sei que bem mais importantes serão os recheios,
Mas vamos começar com os interessantes bicos dos seios.
A seguir, e ainda mal começando as vistas preliminares,
Vamos refletir sobre abstratas e concretas trocas de olhares.
Começando a nos aquecer e a ficar cada vez mais quentes,
Atentem-se em todas as zonas aos detalhes diferentes.
Pode ser que bem ali mesmo, no encontro de costas e axilas
Haja curvas e certas fendas para tateá-las e descobri-las.
Pois sim, aprofundando-nos, nunca devemos subestimar
Da curva do cocuruto, pela nuca, até a curva do calcanhar.
É lógico e ecológico que uma investigação mais profunda,
É ginecológico e eroginecológico: ronda duplamente a bunda.
E enfim, não sós, mas juntos com mãos, pés, braços, pernas,
Largam-se modas modernas de volta aos templos das cavernas...
Mas vamos começar com os interessantes bicos dos seios.
A seguir, e ainda mal começando as vistas preliminares,
Vamos refletir sobre abstratas e concretas trocas de olhares.
Começando a nos aquecer e a ficar cada vez mais quentes,
Atentem-se em todas as zonas aos detalhes diferentes.
Pode ser que bem ali mesmo, no encontro de costas e axilas
Haja curvas e certas fendas para tateá-las e descobri-las.
Pois sim, aprofundando-nos, nunca devemos subestimar
Da curva do cocuruto, pela nuca, até a curva do calcanhar.
É lógico e ecológico que uma investigação mais profunda,
É ginecológico e eroginecológico: ronda duplamente a bunda.
E enfim, não sós, mas juntos com mãos, pés, braços, pernas,
Largam-se modas modernas de volta aos templos das cavernas...
quinta-feira, julho 28, 2011
Dois gentis poemas em parceria com o Polaco da Barreirinha
APOCALIPSENÃO
serei breve:
calor de neve
sob sol ferve
vem pra porrada
se acha que nada
me deve
eu apelo aos maus elementos
da tabela de mendeleiéve
não discuta como escrevo
pelo que lembro nada lhe devo
posso não saber porra nenhuma
pronome pra gramático que suma
sei que te conheço pela alcunha:
sem dente nem unha
jamais serás minha testemunha
* * *
APOCALIPSE NÃO II
teu olho gordo
emagrece a olhos vistos
pode vir com todos
os teus jesus cristos
nenhum deus aliviará
teus erros crassos mortais
todos os homens são sinistros
imortais somente os sonhos
as catedrais batem os sinais
e os trens apitam os sinos
se for pra ser como você
daqui pra frente
tudo pode
tudo pode e vai acontecer
Antonio Thadeu Wojciechowski
Ivan Justen Santana
serei breve:
calor de neve
sob sol ferve
vem pra porrada
se acha que nada
me deve
eu apelo aos maus elementos
da tabela de mendeleiéve
não discuta como escrevo
pelo que lembro nada lhe devo
posso não saber porra nenhuma
pronome pra gramático que suma
sei que te conheço pela alcunha:
sem dente nem unha
jamais serás minha testemunha
* * *
APOCALIPSE NÃO II
teu olho gordo
emagrece a olhos vistos
pode vir com todos
os teus jesus cristos
nenhum deus aliviará
teus erros crassos mortais
todos os homens são sinistros
imortais somente os sonhos
as catedrais batem os sinais
e os trens apitam os sinos
se for pra ser como você
daqui pra frente
tudo pode
tudo pode e vai acontecer
Antonio Thadeu Wojciechowski
Ivan Justen Santana
segunda-feira, julho 25, 2011
Um tributo inevitável à vítima da vez...
I HEARD IT THROUGH THE GRAPEVINE
(Norman Whitfield / Barrett Strong)
UM PASSARINHO ME CONTOU
(Versão Brasileira: Ivan Justen Santana)
I bet you wonderin' how I knew
'Bout your plans to make me blue
With some other guy you knew before
Between two of us guys you know I love you more
It took me by surprise, I must say
When I found you yesterday
Aposto que você imagina como eu sabia
Dos seus planos de me fazer essa judiaria
Com esse outro cara, um velho chapa seu
Mas de nós dois quem te ama mais sou eu
Me pegou de surpresa, é melhor que eu conte
Que eu te vi de longe ontem à noite
Don't you know that
I heard it through the grapevine
Not much longer would you be mine
I heard it through the grapevine
Oh I'm just about to lose my mind
Honey, honey, oh, baby
Não sabia você, mas
Um passarinho me contou
Que não seria longo o nosso amor
Um passarinho me contou
E estou prestes a perder o tom
Minha honey baby
I know a man ain't supposed to cry
But these tears I can't hold inside
Losin' you would end my life you see
Cause you mean that much to me
You could have told me yourself
That you loved someone else
Sei que um homem não se vê chorar
Mas esse choro eu não sei segurar
Perder você pra mim vai ser o fim
Percebeu como valia tanto assim?
Você podia ter me dito uma palavra
Sobre como amava esse outro cara
Instead
I heard it through the grapevine
Not much longer would you be mine
Ohh I heard it through the grapevine
And I'm just about to lose my mind
Honey, honey
Em vez disso
Um passarinho me contou
Que não duraria muito o nosso amor
Ohh, um passarinho me contou
E estou prestes a perder o tom
Minha honey baby
People say believe half of what you see
Oh, and none of what your hear
But I can't help but be confused
If it's true please tell me dear
Do you plan to let me go
For the other guy you loved before?
Dizem não acredite em tudo que é visto
Só não duvide do que chega ao ouvido
Mas não consigo não ficar confuso
Se é verdade então me conte tudo
Você planeja me largar na estrada
E ir ficar com aquele outro cara?
I heard it through the grapevine
Not much longer would you be mine
Ohh I heard it through the grapevine
And I'm just about to lose my mind
Honey, honey
Um passarinho me contou
Que não duraria muito o nosso amor
Ohh, um passarinho me contou
E estou prestes a perder o tom
Minha honey baby
domingo, julho 17, 2011
SARAIVADAS A ILHA E RIO
(Para Alberto Centurião e Sandra Adriana Fasolo)
Nenhuma ilha é um ser humano
se não souber quais livros levar a si.
Desertos são grandes mesmo habitados
e as veredas não molham o mesmo engano
duas vezes num espelho de lagoa que sorri
a um rio cercado de ilhas por todos os lados.
*
Nenhuma ilha é um ser humano
se não souber quais livros levar a si.
Desertos são grandes mesmo habitados
e as veredas não molham o mesmo engano
duas vezes num espelho de lagoa que sorri
a um rio cercado de ilhas por todos os lados.
*
quinta-feira, julho 14, 2011
Versos de Emiliano Perneta, em prenúncio deste mês de agosto...
VERSOS DE OUTRORA
Fui bom. Mas a bondade é coisa trivial:
A infância, a infância fez-me uma guerra infernal.
Fui alegre e sincero. O mundo, a rir, em troco,
Abominavelmente achou que eu era um louco.
Ema, a teus pés caí, beijei-te as mãos, Ester!
Fiz tolices de quem não sabe o que é a mulher...
Com que olhar de altivez, com que fundo desprezo,
Chamastes-me coitado – olhar noutro olhar preso.
Numa ideia de forma esquisita, uma vez,
Aspirei com ardor a esplêndida nudez;
Gente que não entende um fino gozo d’arte,
Que eu era um imoral, disse-o por toda parte.
Indiferentemente eu agora caminho
Sobre rosas em flor ou sobre linho ou espinho;
Automático vou, sem pesar nem prazer;
Ora pois! vamos ver o que é que vão dizer...
[Num País de Bárbaros.]
Emiliano Perneta (1866-1921)
Fonte:
PERNETA, Emiliano
Ilusão e outros poemas.
Rio de Janeiro : GRD, 1966 [pp.51-52]
Fui bom. Mas a bondade é coisa trivial:
A infância, a infância fez-me uma guerra infernal.
Fui alegre e sincero. O mundo, a rir, em troco,
Abominavelmente achou que eu era um louco.
Ema, a teus pés caí, beijei-te as mãos, Ester!
Fiz tolices de quem não sabe o que é a mulher...
Com que olhar de altivez, com que fundo desprezo,
Chamastes-me coitado – olhar noutro olhar preso.
Numa ideia de forma esquisita, uma vez,
Aspirei com ardor a esplêndida nudez;
Gente que não entende um fino gozo d’arte,
Que eu era um imoral, disse-o por toda parte.
Indiferentemente eu agora caminho
Sobre rosas em flor ou sobre linho ou espinho;
Automático vou, sem pesar nem prazer;
Ora pois! vamos ver o que é que vão dizer...
[Num País de Bárbaros.]
Emiliano Perneta (1866-1921)
Fonte:
PERNETA, Emiliano
Ilusão e outros poemas.
Rio de Janeiro : GRD, 1966 [pp.51-52]
quinta-feira, julho 07, 2011
TEORIA LITERÁRIA & PRÁTICA POÉTICA
Nesta trilha estreita de poeta
fujo às vezes da quadrilha.
Mas se aqui não largo
nem alargo a redondilha,
levo pouco perigo à meta.
Mesmo em métrica correta,
me escapa na onda a quilha
e a bola que vai redonda
volta quadrada da forquilha.
Então chega de embromação:
meu verso tem que ser mais
que minha conflagração,
e hoje tive uma sacação
além das rosas do Guimarães
e de seus pães e opiniães,
pra lá do seu bezerro erroso
e do meu estudo de Dario Vellozo.
Acompanhe a maravilha:
se a consciência é a mãe,
a realização será a neta
se a imaginação for filha.
Conclusão com arrepio:
a terceira margem do rio
está ali na beira da ilha.
*
fujo às vezes da quadrilha.
Mas se aqui não largo
nem alargo a redondilha,
levo pouco perigo à meta.
Mesmo em métrica correta,
me escapa na onda a quilha
e a bola que vai redonda
volta quadrada da forquilha.
Então chega de embromação:
meu verso tem que ser mais
que minha conflagração,
e hoje tive uma sacação
além das rosas do Guimarães
e de seus pães e opiniães,
pra lá do seu bezerro erroso
e do meu estudo de Dario Vellozo.
Acompanhe a maravilha:
se a consciência é a mãe,
a realização será a neta
se a imaginação for filha.
Conclusão com arrepio:
a terceira margem do rio
está ali na beira da ilha.
*
domingo, julho 03, 2011
A MIL BEIJOS DE PROFUNDIDADE
(A Thousand Kisses Deep, Leonard Cohen)
The ponies run, the girls are young
The odds are there to beat
You win a while and then its done
Your little winning streak
And summoned now to deal
With your invincible defeat
You live your life as if it's real
A Thousand Kisses Deep
Os pôneis correm, as minas são jovens
A sorte está por ser lançada
Você ganha aqui e ali já morre
Sua sortezinha de chegada
E agora intimam que você encare
Perder sua invencibilidade
E você vive vendo a verdade
A mil beijos de profundidade
I'm turning tricks, I’m getting fixed
I'm back on Boogie Street
You lose your grip and then you slip
Into the Masterpiece
And maybe I had miles to drive
And promises to keep
You ditch it all to stay alive
A Thousand Kisses Deep
Estou no ataque, tomando baque
De volta aos antros da cidade
Você perde a pose e aí desliza
Numa obra-prima de vaidade
Terei eu chão a percorrer
Promessas a manter pra eternidade?
Você larga tudo pra sobreviver
A mil beijos de profundidade
And sometimes when the night is slow
The wretched and the meek
We gather up our hearts and go
A Thousand Kisses Deep
E enquanto a noite vai se arrastando
Os miseráveis e os fracos de vontade
Juntamos nossos corações e vamos
A mil beijos de profundidade
Confined to sex, we pressed against
The limits of the sea
I saw there were no oceans left
For scavengers like me
I made it to the forward deck
I blessed our remnant fleet
And then consented to be wrecked
A Thousand Kisses Deep
Restritos a sexo, estendemos até
Os limites da navegabilidade
Vi que não tinha mais maré
Pra um pirata da minha linhagem
Pude chegar até o convés
Abençoei o resto da marinhagem
Depois aceitei o naufrágio em pé
A mil beijos de profundidade
I’m turning tricks, I’m getting fixed
I’m back on Boogie Street
I guess they wont exchange the gifts
That you were meant to keep
And quiet is the thought of you
The file on you complete
Except what we forgot to do
A Thousand Kisses Deep
Estou no ataque, tomando baque
De volta aos antros da cidade
Acho que não trocam presentes
Que têm que ser guardados
E está tranquilo pensar em você
O seu arquivo, pronto e revisado
Exceto o que esquecemos de fazer
A mil beijos de profundidade
And sometimes when the night is slow
The wretched and the meek
We gather up our hearts and go
A Thousand Kisses Deep
E enquanto a noite vai se arrastando
Os miseráveis e os fracos de vontade
Juntamos nossos corações e vamos
A mil beijos de profundidade
versão brasileira:
Ivan Justen Santana
The ponies run, the girls are young
The odds are there to beat
You win a while and then its done
Your little winning streak
And summoned now to deal
With your invincible defeat
You live your life as if it's real
A Thousand Kisses Deep
Os pôneis correm, as minas são jovens
A sorte está por ser lançada
Você ganha aqui e ali já morre
Sua sortezinha de chegada
E agora intimam que você encare
Perder sua invencibilidade
E você vive vendo a verdade
A mil beijos de profundidade
I'm turning tricks, I’m getting fixed
I'm back on Boogie Street
You lose your grip and then you slip
Into the Masterpiece
And maybe I had miles to drive
And promises to keep
You ditch it all to stay alive
A Thousand Kisses Deep
Estou no ataque, tomando baque
De volta aos antros da cidade
Você perde a pose e aí desliza
Numa obra-prima de vaidade
Terei eu chão a percorrer
Promessas a manter pra eternidade?
Você larga tudo pra sobreviver
A mil beijos de profundidade
And sometimes when the night is slow
The wretched and the meek
We gather up our hearts and go
A Thousand Kisses Deep
E enquanto a noite vai se arrastando
Os miseráveis e os fracos de vontade
Juntamos nossos corações e vamos
A mil beijos de profundidade
Confined to sex, we pressed against
The limits of the sea
I saw there were no oceans left
For scavengers like me
I made it to the forward deck
I blessed our remnant fleet
And then consented to be wrecked
A Thousand Kisses Deep
Restritos a sexo, estendemos até
Os limites da navegabilidade
Vi que não tinha mais maré
Pra um pirata da minha linhagem
Pude chegar até o convés
Abençoei o resto da marinhagem
Depois aceitei o naufrágio em pé
A mil beijos de profundidade
I’m turning tricks, I’m getting fixed
I’m back on Boogie Street
I guess they wont exchange the gifts
That you were meant to keep
And quiet is the thought of you
The file on you complete
Except what we forgot to do
A Thousand Kisses Deep
Estou no ataque, tomando baque
De volta aos antros da cidade
Acho que não trocam presentes
Que têm que ser guardados
E está tranquilo pensar em você
O seu arquivo, pronto e revisado
Exceto o que esquecemos de fazer
A mil beijos de profundidade
And sometimes when the night is slow
The wretched and the meek
We gather up our hearts and go
A Thousand Kisses Deep
E enquanto a noite vai se arrastando
Os miseráveis e os fracos de vontade
Juntamos nossos corações e vamos
A mil beijos de profundidade
versão brasileira:
Ivan Justen Santana
terça-feira, junho 28, 2011
NADA – OU QUASE ATÉ UMA ARTE POÉTICA
mal
lar
me
li
vre
lar
me
li
vre
não vejo mais aquela que num bar me caça
na nossa carne triste uma frágil barcaça
assiste a um fim de missa ao capitão fracassa
e não sobrou poção nesta cabaça escassa
procuro um leito de procusto que revele
até onde se lê neste verso vela ou pele
se foi nela uma tela a bela cela dele
um paralelo entre bacante de biquíni
e tosca execução da tosca a toscanini
num filme de fellini refilmado em rimini
um símbolo de sim tropeçando num toco
bolando um bolo simbolista com ovo oco
coadjuvando um zebu e um gnu e um urubu
para picar o pé de um mestre do kung fu
surge a convocação ao nu de uma surucucu
coloco um lírio em fundo verde e reverdece
só quero ver se sóbria a barca sobe ou desce
nesta maré crescente um livro sobrenada
nele acrescento só o que livro sobre nada
*
segunda-feira, junho 27, 2011
ORBITAIS
(composto sob inspirações dialógicas de Sandra Adriana, Roberto Prado e Alberto Centurião)
uma lua azul no zênite
desliza
uma lua negra no nadir
desluza
enquanto isso
nebulosamente
outro satélite colapsa
numa elipse de eclipse
*
uma lua azul no zênite
desliza
uma lua negra no nadir
desluza
enquanto isso
nebulosamente
outro satélite colapsa
numa elipse de eclipse
*
domingo, junho 26, 2011
NÓS, AS CRIANÇAS DESTE MILÊNIO
(para Monica Berger, Sérgio Viralobos e Sandra Adriana Fasolo)
Nós, as crianças deste milênio
temos dez, vinte, trinta, quarenta,
cinquenta e até cento e poucos anos.
Estamos nesta terra a passeio?
Tem vezes que é isso que aparenta.
Tem vezes que assim nos enganamos.
Aqui neste país meio cheio,
a língua que falamos ostenta
estranhezas em seus muitos planos.
Mas isso não é só aqui. É um veio
que toda língua pensa que inventa
nas babélicas fusões de humanos.
Tal fala falamos, pois também o
falar nos refere a gente, imensa
variação dos tratos cotidianos.
Portanto, a gente, as crianças deste
milênio (notem que os calendários,
quais línguas, tampouco servem todos)
ainda estamos em tempos de peste,
em tempos de desajustes vários.
Notamos quanto nos faltam modos,
quanto falta um respeito que preste
a todos. Sujamos o lugar, e os
saberes que temos são só dos
poucos que pensam que sabem. Neste
cenário, entre impossíveis cenários,
desengatando-nos dos engodos,
se é possível salvar o que reste,
talvez só esta percepção aclare os
fatos, raspe os restos, passe os rodos:
a humanidade ainda engatinha.
Debatemo-nos, bichos dispersos,
filhotes disputando algum prêmio.
Nossa arte? Até que ela é bonitinha.
No meio dos pesadelos: gestos.
No meio da massa rude: gênios.
Religiões, ciências vêm como vinha
comovente a inocência. Imersos,
valores suplicam oxigênio
na atmosfera humana que definha.
Mas sejam ensaios estes restos.
Seja tudo isto parte do treino.
Seja aqui só o início da linha
por mais horizontes e universos
além destes quarenta e seis versos
a nós, crianças deste milênio.
* * *
Nós, as crianças deste milênio
temos dez, vinte, trinta, quarenta,
cinquenta e até cento e poucos anos.
Estamos nesta terra a passeio?
Tem vezes que é isso que aparenta.
Tem vezes que assim nos enganamos.
Aqui neste país meio cheio,
a língua que falamos ostenta
estranhezas em seus muitos planos.
Mas isso não é só aqui. É um veio
que toda língua pensa que inventa
nas babélicas fusões de humanos.
Tal fala falamos, pois também o
falar nos refere a gente, imensa
variação dos tratos cotidianos.
Portanto, a gente, as crianças deste
milênio (notem que os calendários,
quais línguas, tampouco servem todos)
ainda estamos em tempos de peste,
em tempos de desajustes vários.
Notamos quanto nos faltam modos,
quanto falta um respeito que preste
a todos. Sujamos o lugar, e os
saberes que temos são só dos
poucos que pensam que sabem. Neste
cenário, entre impossíveis cenários,
desengatando-nos dos engodos,
se é possível salvar o que reste,
talvez só esta percepção aclare os
fatos, raspe os restos, passe os rodos:
a humanidade ainda engatinha.
Debatemo-nos, bichos dispersos,
filhotes disputando algum prêmio.
Nossa arte? Até que ela é bonitinha.
No meio dos pesadelos: gestos.
No meio da massa rude: gênios.
Religiões, ciências vêm como vinha
comovente a inocência. Imersos,
valores suplicam oxigênio
na atmosfera humana que definha.
Mas sejam ensaios estes restos.
Seja tudo isto parte do treino.
Seja aqui só o início da linha
por mais horizontes e universos
além destes quarenta e seis versos
a nós, crianças deste milênio.
* * *
sábado, junho 25, 2011
sexta-feira, junho 24, 2011
quarta-feira, junho 22, 2011
SE LITERATURA FOSSE CRIME (E NÃO É?)
(inspirado por uma observação de Ricardo Pozzo e um questionamento de Lívia Lakomy)
Todo literato é um tipo manso (ou Manson?) de sociopata.
Portanto:
se James Joyce é um Jesse James,
William Faulkner é um Billy The Kid,
e Jack Kerouac, o Estripador.
Guimarães Rosa é um Lampião.
Dalton Trevisan, um Bandido da Luz Vermelha.
Paulo Leminski, um Monge da Lapa.
E você, Ivan?
Você foi um projeto de Maníaco do Parque
(enquanto amestrava-se no campus da USP)
mas agora você virou um tipo de Dexter
(o do seriado, não o do desenho)
apavorando a cultura curitibana
com o sobrenome artístico de Justen Santana.
*
Todo literato é um tipo manso (ou Manson?) de sociopata.
Portanto:
se James Joyce é um Jesse James,
William Faulkner é um Billy The Kid,
e Jack Kerouac, o Estripador.
Guimarães Rosa é um Lampião.
Dalton Trevisan, um Bandido da Luz Vermelha.
Paulo Leminski, um Monge da Lapa.
E você, Ivan?
Você foi um projeto de Maníaco do Parque
(enquanto amestrava-se no campus da USP)
mas agora você virou um tipo de Dexter
(o do seriado, não o do desenho)
apavorando a cultura curitibana
com o sobrenome artístico de Justen Santana.
*
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